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Mensagem: O filho do tropeiroManoel Hygino (jornal ´Hoje em Dia´)Sobre o escritor já comentei aqui. Também o cidadão, que - com 91 anos - não se julga realizado, entregando-se a metódico trabalho, todos os dias. É um homem simples do interior mineiro e se sente feliz em sê-lo.O pai deixou a profissão de tropeiro em 1914, para estabelecer-se num povoado chamando Várzea da Palma, que contava, pelo menos, com um grande benefício: a comunicação, que ali chegara mediante construção da histórica Estrada de Ferro Central do Brasil. Tempos heróicos aqueles, quando se instalavam os dormentes e sobre eles se assentavam os trilhos que preconizavam o progresso. Era também uma grande esperança que deixava de ser um sonho.Gerações aguardaram que o carvão das locomotivas substituísse a ração das bestas de carga, que vinham ou iam dos centros do poder: fosse Ouro Preto, depois Belo Horizonte, e Rio de Janeiro ou São Paulo. Muares se esfalfavam como os tropeiros para suprir o que faltava de um lado ou de outro do itinerário.O tropeiro foi um personagem importante no processo de desenvolvimento mineiro. Ele conduzia alimentos às capitais e às cidades mineradoras, carentes de produtos para a população. Faltava comida na terra prodigiosamente rica em ouro. Para ajudar D. Pedro I, após a Independência, Dona Joaquina do Pompéu enviou grandes cargas de gêneros e carne desde o centro de Minas à capital federal.O personagem de que falo está publicando seu terceiro livro, desta vez em jornal eletrônico: o montesclaros.com. O autor é Luiz de Paula Ferreira, compositor, poeta e empresário da indústria têxtil, com ramificações em outros países.O título do novo livro é ´Por cima dos telhados, por baixo dos arvoredos”. Uma edição artesanal, de dez volumes, dedicada aos filhos e descendentes. Na apresentação, abre-se com sinceridade, o autor, que deixou o lar aos 18 anos para tentar conquistar seu lugar na vida. ´Com muitas bênçãos...e pouco (nenhum) dinheiro”.Humildes tempos, mas bonançosos naquele princípio de existência em Várzea da Palma. O escritor conta que a casa era limpa e o piso da cozinha, de chão batido. O telhado, de telhas caipiras, e não havia forro; os caibros de madeira roliça com ripas de tabocas.O fogão se nutria de lenha e a água se buscava na cisterna; a luz, a querosene ou azeite de mamona. O café, adquirido em grãos, se torrava em casa, moído em pilão de madeira. Só existia para música um idoso gramofone, que - ligado - explicava um tanto fanhoso: ´Casa Édson, Rio de Janeiro”.Pois bem. Para chegar ao que é, Luiz de Paula percorreu estradas, conheceu pessoas e situações, vivenciou costumes, escutou e contou histórias. Não pensava escrever livros e já os tem publicado três.O autor se sente habilitado a testemunha e protagonista da história: ´Considerando o que ouvi de meus antepassados e minha experiência pessoal, soma-se tempo que vem de meados do século XIX até o início do terceiro milênio. Quase 150 anos!”Modestamente: ´Proponho-me a transmitir uma visão singela do que pude registrar do mundo nesse período. Com boas intenções, estou fazendo o de que sou capaz. Estarei mostrando o que tenho para mostrar. Estarei jogando a minha carta. Pode não ser um ás de ouros. Mas é a que tenho”.Esse cidadão, que alguns identificam mais como sócio do vice-presidente José Alencar, da Coteminas, revela-se novamente, em prosa e verso, o poeta que é. Até porque a sua própria indústria é apenas um sonho que se consumou.
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