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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 25 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Na base do chega-prá-lá

Waldyr Senna Batista


O DEM ( Democratas, ex-PFL ) promoveu enorme espalhafato em torno do encontro “nacional” que realizou em Montes claros na sexta-feira da semana passada, mas nada de excepcional aconteceu na esvaziada reunião realizada no Automóvel clube, porque as figuras de maior expressão no partido não vieram.
O PT ( Partido dos trabalhadores ), quase em silêncio, fez pré-convenção, no domingo, e, ao final dela, anunciou que vai repetir a coligação com o PPS, do prefeito Athos Avelino, entrando de novo com o vice, Sued Botelho.
Da reunião do DEM, que se deu em local aonde não vai o “povão”, não se esperava mesmo nenhuma decisão relacionada com a sucessão municipal. A notícia de que constaria da pauta o anúncio do nome do candidato a prefeito foi “plantada” pelo forte esquema de divulgação do deputado Rui Muniz, como forma de pressão. Jairo, dono da legenda, não tinha interesse em dirimir, naquela oportunidade, o dilema surgido em torno da indicação, porque assim ela deixaria de ser comentada nas esquinas, o que, para alguns, parece ser proveitoso ao partido. Dá “ibope”.
No PT, o clima foi proveitoso, em termos de eleição municipal. Os participantes da reunião decidiram, por 48 a 31 votos, a favor de Sued Botelho, o que equivale a um “chega-prá-lá” nos deputados Virgílio Guimarães e Paulo Guedes, que vêm conquistando, a cotoveladas, espaços no diretório local, sem nunca terem exercido qualquer influência na política daqui.
No DEM, internamente, ao que consta, o conflito entre Jairo e Rui, pela legenda, já é tratado como assunto resolvido. Os dois já se acertaram, com o beneplácito do governador Aécio Neves, e a divulgação do nome de um dos dois como candidato só será feita no final do prazo legal, com pompa e circunstância. Para o público externo têm circulado versões para todos os gostos, de maneira que só valerá o anúncio oficial, após a convenção, com ata, carimbo e assinaturas. Até lá, os dois vão continuar aparecendo em fotos em jornais, aparentando cordialidade. Depois do anúncio oficial, tudo pode acontecer. Inclusive não acontecer nada.
No PT, a decisão do último domingo, para se tornar definitiva, certamente depende do referendo da convenção, que será realizada no final de junho. A indagação é se o grupo do vice-prefeito terá força bastante para garantir a posição conquistada. Os petistas entrarão divididos nela e dela sairão mais divididos ainda. Com parcela inferior a 5% do eleitorado, segundo os números da eleição anterior, é difícil entender o processo antropofágico em curso no PT. O resultado pode ser o de, mais uma vez, não conquistar nenhuma cadeira na Câmara municipal, onde o partido já teve dois representantes. Se unidos, antes, os petistas não conseguiram nada, divididos é que não conseguirão.
E o DEM, que já teve a prefeitura sob seu comando durante oito anos, corre também o risco de encolher. Jairo, sua figura de maior destaque, não está bem nas pesquisas, e Rui Muniz, apesar da ruidosa força que exibe, principalmente junto ao eleitorado jovem, é visto sem maior entusiasmo por setores expressivos do seu partido, que o consideram vulnerável devido aos problemas em que se envolveu no passado. Ele próprio diz não temer, alegando já ter espiado seu erro.
Tanto o DEM quanto o PT, no momento, apresentam situação incômoda: no DEM (e, por extensão, no PSDB), revela-se grupo disposto a romper com o partido se o candidato a prefeito for Rui Muniz; e no diretório petista a comissão diretora montada pelos deputados pára-quedistas não controla o partido: ela queria a indicação de Marcos Maia para a chapa com o PPS e a assembléia do último domingo confirmou Sued Botelho. Sem falar nos partidos “nanicos”, que aprovaram aliança com o PPS condicionada à presença do ex-presidente da Esurb na chapa.
Para confundir mais um pouco o panorama, o diretório do PTB ( Partido trabalhista brasileiro ), que vem investindo alto no apoio à administração Athos Avelino, na esperança de formar uma terceira vertente, está sendo posto à margem e pode acabar, como se diz, chupando o dedo. O que configuraria outro chega-prá-lá no âmbito do bloco situacionista.

(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).

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