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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 25 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Do livro ´Por Cima dos Telhados, Por Baixo dos Arvoredos´ - Parte 23)

RETORNO A MONTES CLAROS
EM AGOSTO DE 1930

“Ó Nunca Mais”

Eu sofria por estar me separando de meu pai, de minha mãe, de meus irmãos. De nossa casa, do quintal, das mangueiras, dos bichos que criávamos. Das manhãs claras dos gerais, com os passarinhos cantando nas árvores do quintal. Das tardes, em que me sentava no passeio de lajes, em frente à nossa casa, a acompanhar o sol do estio se pondo atrás da Serra do Repartimento. E, mais longe, o céu sobre a vastidão do horizonte. E mais longe ainda, a visão de um futuro. O meu futuro!
Agora eu me afastava de tudo. Eu estava deixando para trás a minha vida com meus pais, estava deixando a minha terra, com tudo em meio ao qual eu fui criado.
Para que?
O meu sentimento era de que estava deixando para trás a minha própria vida.
No carro de segunda classe em que viajava, entraram e saíram passageiros, durante o percurso, e agora só restavam os dois guarda-freios, contando casos de suas vidas, em voz monótona.
O trem havia atrasado, por defeitos na locomotiva. Já era noite. A marcha era lenta, marcada pelos rumores e solavancos do material rodante. Nós nos encontrávamos no trecho que hoje identifico como sendo o das matas que havia entre Engenheiro Dolabella e Engenheiro Navarro.
Eu estava debruçado à janela, olhando a mata escura e pensando na vida. E cantando baixinho: “Ó Nunca Mais”. Uma canção antiga.
E chorando.
SAÚDE E CRESCIMENTO

Nos primeiros anos de vida eu era referido como um menino bonito, de tez clara, corado, alegre, de cabelos castanhos, olhos esverdeados e principalmente inteligente, loquaz e espirituoso.
Ao entrar na puberdade, tornei-me introvertido, pálido, enfermiço. A morte do Geraldo, o irmão mais velho, falecido aos 18 anos, e minha transferência aos 9 anos incompletos, para Montes Claros, onde penei, nessa primeira permanência, um ano e meio de tristezas e revolta, concorreram para isso. Pesava-me, na adolescência, reconhecer-me feio e pobre.
Maltratado pela febre malária e verminose crônica (amebíase, shistosomíase, necatoríase) e igualmente crônica inapetência, carreguei por muito tempo um quadro de desnutrição crônica.
O perfil de meu crescimento, estampado a seguir, é ilustrativo.
Idade – Altura - Pêso

Junho de 1933 - 16 anos - 1,54 m - 36 kg
04-12-1933 - 16,5 “ - 1,58 “
27-03-1934 - 17 “ - 1,62 “
17-07-1934 - 17 “ - 1,655 “
31-12-1934 - 17“ - 1,70 “
31-12-1935 - 17,5 “ - 173,5 “
29-02-1936 - 17,7 “ - 174,5 “
29-02-1936 - descalço - 172,0 “ - 52 kg

Os dados foram registrados em 29.02.1936. Minha altura estabilizou-se em 1,755 m. O peso manteve-se em torno de 52 kg em 1936/37/38.
O crescimento desenvolveu-se após o uso dos seguintes medicamentos receitados pelo Dr. Santos, em Montes Claros, em 1933: Novosan (Vit. A) em ampolas de 1cm3, intramuscular e cloro-calcion, (comprimidos de cálcio). E banhos de luz ultravioleta.
Em 1940 combati a shistosomíase com injeções intramusculares de tártaro emético. E o uso de vitaminas. Nos anos 70 meu peso chegou a 88 kg. Hoje peso 75 kg, descalço.

(continuará, nos próximos dias, até a publicação de todo o livro, que acaba de ser lançado em edição artesanal de apenas 10 volumes. As partes já publicadas podem ser lidas na seção Colunistas - Luiz de Paula)

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