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Mensagem: Lamentável. Acabo de ver na tv um comercial oficialesco chamando para a nossa festa de Catopês, quase bicentenária. Para minha tristeza, vi que as imagens e os sons não são os nossos. Em nenhum momento vem o chamamento forte, inconfundível, que desperta, levanta e sacode as almas,o som imisturável dos Catopês, Marujos e Caboclinhos, cujas imagens também ficaram de fora do convite da festa que irônicamente é sua, deles. Parecem ignorar o que seja a festa. As imagens mostradas, pelo que identifiquei, são de grupos convidados, muito bem vindos, mas de outras terras, outros mares, com rituais e tradições próprias, diversos dos nossos. Nada de xenofobia. Apenas desaponto. Nossos Catopês, Marujos e Caboclinhos outra vez vez surgem como os esquecidos dos folguedos que sustentam, antes mesmo que a cidade existisse, a seus pés dançantes. Faço votos que na sua simplicidade, imensa, perdoem a injustiça e a descortesia. É o que dá sobrepor um festival de cultura, artificial, à cultura autêntica, genuína, insubstituível. Por estes quase 200 anos, Catopês, Marujos e Caboclinhos, além de encantar as almas, ainda de graça dão silenciosas lições do que seja abnegar - ´sacrifício voluntário do que há de egoístico nos desejos e tendências naturais do homem, em proveito de uma pessoa, causa ou idéia´. Que vivam eternamente, e nós a aplaudi-los, também na hora em que são esquecidos; é da vida. Mas, saibam: o som surdo e ancestral dos Catopês é único, e os corações que o ouviram um dia o acodem de longe, de todo e qualquer exílio, chamado desterro, degredo sendo. E o pior dos desterros é o que se passa na própria terra.
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