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Mensagem: SIVUCA E JOANIR1957. A terra de Figueira comemorava o seu Centenário e como uma das atrações principais houve apresentação do sanfoneiro Sivuca. A propaganda do evento artístico chegou até o nosso Joanir Maurício, pintor, caçador de mocós, sanfoneiro dos bons, seresteiro. Ao receber a notícia do evento e por não conhecer o artista contratado, Joanir, consertando o chapéu Ramenzon XXX na cabeça ao estilo cowboy, desconsiderou. Torceu o nariz e falou: Quem? Sivuca! Mais quá!Em cima do seu cavalo alazão, corpo torto pelo peso do Smith and Wesson 38, reafirmou a sua superioridade de sanfoneiro sobre o tal de Sivuca.Ao interlocutor que ressalvava as qualidades do artista visitante disse: sou mais eu! Além de sanfoneiro sou desenhista, pintor, caçador dos bons e marceneiro. De um pedaço qualquer de madeira bruta faço um sanfoneiro marca Sivuca, com um pé de bode na mão!Já ia rompendo quando voltou e completou o seu raciocínio: debaixo da minha sanfona de oito baixos eu respeito somente Luiz Gonzaga e olhe lá!Dona Estela, sua esposa, que assistia ao diálogo, deu-lhe um ingresso para o show, caso ele resolvesse ir ver o tal de Sivuca.No dia do espetáculo, boca da noite Joanir já tomava a sua Viriatinha quando deu a sapituca de ver o tal de sanfoneiro falado. O céu tinha cara de chuva e Joanir montou no seu fiel alazão, vestiu a capa Colonial três Coqueiros, calçou a sua bota Agabê, consertou o pau de fogo no currião e partiu.Andando no seu pisadô manso, característico dos Mauricio, chegou ao Cine Montes Claros onde já acontecia o show perto do encerramento do mesmo. Tomou, sorrateiramente ao seu modo, o rumo dos fundos do palco, levantou discretamente uma beirada da cortina e se pasmou.Sivuca, encerrando o show e para delírio da platéia que o aplaudia de pé, tocava no teclado da oito baixos os nomes das pessoas que eram lançados pela platéia. Dedilhava como os diabos e fazia a sanfona falar o que quisesse.A galera pulava como uma farândola de diabretes!...Acabrunhado com o que viu, Joanir botou a sua sanfona no saco e gramou o beco de volta para casa.Ao chegar em casa, apanhou a sua oito baixos, botou em cima de um velho pilão de madeira no quintal, tacou querosene no instrumento e ato seguinte efetuou seis disparos certeiros.O fogaréu torrou a sanfona que chiava emitindo sons fantasmagóricos e desarmônicos. Em seguida, o nosso Joanir tirou o chapéu em sinal de respeito ao sanfoneiro nordestino e encerrou aí a sua carreira de tocador de oito baixos tupiniquim...
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