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Mensagem: Até aqui, o que chama atenção nas Festas de Agosto deste ano é um uniforme bastante bizarro e fora da tradição da marujada, comandada por Miguel. Segue padrão de outras regiões, é sem brilho e sem graça. Muito diferente daquele fardão de cores vermelhas que sempre encantou gerações de M. Claros. Ô Miguel, deixe este uniforme para outras terras e volta com as cores nossas, tão belas...Também chamou atenção um certo chapeu de fankeiro usado pelos Caboclinhos. Mas, estes estão imensamente perdoados. Acabaram de perder o seu chefe, Joaquim Poló, que comandou o grupo por 20 anos. Aliás, este ano é a primeira vez que as Festas de Agosto não têm a presença de dois dos seus mais ilustres líderes: o citado Joaquim Poló, pedreiro, que ´brincou´ nas festas por 51 anos, e o mestre carapina Senhô, que por mais de 60 anos enriqueceu o ato de maior cultura de Montes Claros, com sua presença alta, elegante, gentil. Senhô, há cerca de 5 anos, comparecia às três missas dos Reinados e do Império numa cadeira de rodas, chorando. Estava trabalhando na zona rural, fazendo telhados como sempre, e tentou correr de uma vaca brava. Caiu de um viaduto de trem, lesionou a coluna e ficou paralítico. Assim caminham as festas de agosto, um substituindo o que parte. A turma de Joaquim Poló, os caboclinhos, está sendo liderada pela viúva Lena, pela filha Socorro e por Dinzão, o filho de 14 anos, escalado pelo pai para substituí-lo no comando dos Caboclinhos. O chapéu, lamentavelmente tipo fankeiro, tem uma palavra de saudade para Poló, que contudo não o aprovaria. Todo o grupo usa um lacinho preto na manga, em sinal de luto pelo patriarca, velho costume de Montes Claros que conserta em sentimentos o equívoco do chapéu de fankeiro. (Aqui eu pergunto: como é mesmo que se escreve esta palavra feia - fankeiro, fanqueiro ou funkeiro. Não sei. As três são péssimas, não cabem nunca numa festa de Catopês, Marujos e Caboclinhos de Montes Claros). Segue a vida. Uma última coisa: os dançantes não têm culpa pelos transtornos na avenida Coronel Prates, nem pela sujeira no local. A tradição deles é atravessar a cidade, durante três noites, para fincar os três mastros - de Nossa Senhora do Rosário, de São Benedito (o desfile será daqui a pouco) e do Divino Espírito Santo, neste sábado. Desfile noturno. Voltam nas manhãs seguintes, percorrem o centro, abrindo alas para os Reinados e o Império. Têm o direito eterno de percorrerem este caminho, iniciado quando isto aqui era ainda a Vila das Formigas. Não causam transtornos, nem bebedeiras, nem comedeiras. Bem, um ou outro às vezes sai da linha....coisas da vida. As demais queixas não devem ser endereçadas a eles, homens pacatos, simples, honestos. Herdeiros da maior tradição desta cidade que, em alguns momentos, por desinformação, não os reconhece. Mas, eles, ainda que não saibam explicar em palavras, conhecem cada mílímetro do chão que pisam. Por favor, não culpem os Catopês. Eles conduzem a melhor parte de nossa alma. (Desculpem a pressa, os erros, a linguagem também tosca. Saio agora, para correr atrás deles, e aplaudir). ***As fotos1 - As quatro primeiras mostram os Caboclinhos. É a primeira vez que saem nos últimos 21 anos sem o seu chefe, o pedreiro Joaquim Poló, que morreu, de câncer, há um mês. A caboclada pôs luto na manga da camisa e abriu a boca para homenagear o chefe morto, um dos maiores beneméritos da cultura popular de Montes Claros. 2 - O jovem marujo leva no colo, dormindo, o marujinho seu filho, que um dia vai sucede-lo na tradição que herdou de pais e avós. Um puxa o outro pela mão; alguns, como este, levam no colo. São muitos, em todos os grupos. 3 - O Pequeno Catopê olha para o alto, para a câmera, e a Marujada desfila com o tradicional fardamento azul e vermelho; na foto seguinte, Miguel inova com a vestimenta branca, que provocou surpresa e já saudades das roupas tradicionais que eles vestiam; 4 - A mãe e as cinco crianças que chegam são a viúva e os netos de Joaquim Poló. Vêm apressadas, bem cedo, para o Reinado de São benedito. Seguem as ordens do mestre Poló, que nos últimos momentos de vida recomendou repetidamente: ´não deixem que morra a tradição dos caboclinhos´. Quase todo o grupo é constituído por filhos e filhas do casal, netas e netos, como estes cinco.4 - Dona Fina de Paula, esposa do historiador Hermes de Paula, mãe dos historiadores Walmor, Virgílio e Virgínia acompanha o desfile de uma cadeira de rodas, emocionada. Foi Doutor Hermes quem impediu, na década de 60, que a tradição dos Catopês, Marujos e Caboclinhos fosse declinando em Montes Claros. Ele dispôs do seu próprio patrimônio material para contornar a extinção iminente. 5 - Nas últimas fotos, padre Henrique, a amada doce figura que a Espanha enviou para Montes Claros há 40 anos, aguarda o início do Reinado de São Benedito, na praça Dr. João Alves, rodeado e aclamado pelas crianças. Este espanhol é, por todos os títulos, um dos maiores montesclarenses de todos os tempos, e como tal reconhecido.
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