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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Foi com boa intenção, mas desapontador resultado, a idéia da marujada de Miguel, que este ano apareceu com uma farda... irreconhecível. De ´padioleiros´, anotou alguém. Miguel, muito zeloso com o que faz, viajou bastante com o seu grupo e foi aconselhado por outros a mudar a farda tradicional, para uma mais, digamos, consentânea, com as vestimentas marítimas. É o costume de lá, mas não é o costume de cá, dos nossos olhos embriagados com os costumes só nossos. E as pessoas longamente acostumadas a aplaudir os marujos indígenas desta vez não os acharam, ou acharam apenas a metade. Estavam irreconhecíveis, opacos, sem brilho, sem alma. Tanto que o padre, na missa, falou assim - ´Palmas para a marujada. (palmas) Palmas para a outra marujada. (palmas)´. Viramos a outra... Acontece, Miguel, que para nós, sertanejos, marujada é assim mesmo, nas cores azul e vermelha. Guimarães Rosa, sempre ele, soprou ao nosso ouvido - ´quem nasce no Sertão, nunca sabe direito o que é o mar...´. Não sabemos, em definitivo não sabemos. Mas marujo nosso, marujo que ´faz fogo de arrasar´, tem bizarrice também nas cores. Devolva-nos, as cores que nos são caras, e que sabedoria nenhuma de outras terras pode mudar. Aguardaremos, já com as mãos vermelhas de tanta vontade de aplaudir, de novo.
Aliás, seria muito bom que o conservatório ou algum curso letrado da Unimontes, de graça, com simpatia e graça, se oferecesse para dar uma assessoria informal e graciosa aos nossos cantantes. Amável, sem interferência, muito lhana, a explicar que boné de fanqueiro não combina com caboclada. Estes, já foi dito aqui mesmo, estão amplamente perdoados, pois acabam de perder o chefe, e que chefe!
Se soubermos agir com tato, e bom coração, esta nossa Festa pode se transformar numa festa nacional como faz a cidade portuária de Parintins. Pode-se até pensar em criar, no momento do desfile dos Reinados e do Império, uma ´folgança´ no comércio próximo, momentânea, de duas horas no máximo, para que todos assistam uma festa que caminha para os 200 anos. É um patrimônio que vale mais que o ouro. Tornou-se, ao longo do tempo, uma data em que montesclarenses ausentes marcam o seu retorno a Montes Claros, para distribuir abraços e chorar muito pelo caminho, o caminho dos catopês. Ao poder público, é preciso pensar uma maneira de compensar estes pedreiros, serventes de pedreiros, carroceiros, etc., com um incentivo pessoal, para que mais e mais se dediquem ao que fazem. Um desconto no imposto, um tratamento preferencial por sustentarem uma tradição que esteve muito próxima da morte e reagiu. É também preciso que mais e mais escolas levem os alunos a entender aquilo, que apenas à primeira vista é uma chibança.

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