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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 26 de novembro de 2024
 

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Mensagem: (Do livro ´Por Cima dos Telhados, Por Baixo dos Arvoredos´ - Parte 40)

VIDA ROTÁRIA

O Rotary Club de Montes Claros foi criado em 31 de dezembro de 1945, por iniciativa dos médicos Hermes de Paula, Levy Lafetá e Antônio Moreira César, com 35 sócios fundadores.
Sou sócio fundador e o único que deu presença contínua, como sócio ativo, durante 50 anos.
Fui presidente do clube no ano rotário de 1955/1956 e Governador do Distrito em 1965/1966.
Minha primeira visita oficial, como Governador do Distrito, foi ao Rotary Club de Belo Horizonte, fundador do nosso clube, onde fiz o seguinte pronunciamento.

Prezados Companheiros,

É com imensa satisfação que visito hoje, em companhia de bons amigos, o Rotary Club de Belo Horizonte.
Considero um privilégio que só Rotary, em seu destino de aproximar as pessoas pode oferecer, estes momentos tão gratos que estamos vivendo com os companheiros rotarianos de Belo Horizonte e suas famílias, ao lado de ilustres convidados, na capital mineira.
Companheiros que me precederam na Governadoria sempre afirmam que este é um dos melhores anos de nossas vidas. Realmente, o convívio que venho tendo a felicidade de entreter com companheiros de dezenas de comunidades está acrescentando uma nota nova de alegria em minha vida, está enfeitando e iluminando a estrada de trabalho que é o meu caminho de Governador de Rotary.
A presença de nós rotarianos de Montes Claros em uma reunião rotária de Belo Horizonte tem para nós um significado especial que transcende de uma simples visita. É antes um pagamento de visita e tem sempre o sabor de um reencontro. Pois aqui em Belo Horizonte estão as raízes de nosso clube, daqui partiu há 20 anos a semente que então se plantou em um sertão virgem da idéia de clubes de serviço, em uma época em que a capital mineira possuía o clube mais ao norte do Estado de Minas Gerais.
Na distância que vai de Belo Horizonte a Salvador o vocábulo Rotary nunca fôra antes pronunciado.
Ainda me recordo das emoções e alegrias da entrega da Carta, levada pelas mãos amigas de Orville de Conti, Nilton Veloso, Júlio de Almeida, Ramon Taboada, Gentil Nascimento, Borges de Carvalho - que foi de trem pôr ter medo de viajar de avião - e de mais outros bons companheiros daqui.
E tão generosa foi a oferta e tão entusiásticas e nobres as emoções que a acompanharam, que pelo menos UMA das grandes virtudes do clube padrinho se transmitiu ao afilhado sertanejo, embora sem a pujança da origem. Refiro-me a esta marca de grandeza que têm os clubes de Belo Horizonte de serem clubes fundadores de clubes.
Com efeito, o Rotary Club de Montes Claros, um ponto minúsculo se sumindo em um mapa de desertos, uma ilha pequenina e perdida na imensidade de um sertão bruto de 500 léguas de largo, aquela ilha foi pouco a pouco se transformando em arquipélago, foi se formando em torno do clube pioneiro uma constelação de novos clubes, fundados todos pelo clube afilhado de Belo Horizonte e hoje lá estão viçosos e enriquecendo suas comunidades os Rotary Clubs de Francisco Sá, de Bocaiúva, de Pirapora, de Brasília de Minas e em formação o Rotary Club de Espinosa, cidade lindeira, de onde se enxerga, ali mesmo, a Bahia, a doce Bahia de Arquimedes Guimarães.
Caros Companheiros,
Trago-lhes de anteriores encontros rotários uma mensagem de “Sput” Teenstra, o notável médico holandês, condecorado em sua Pátria pôr seus trabalhos profissionais e que hoje é o Presidente de Rotary International.
Convida-nos o Presidente de R.I., agora que vimos de completar 60 anos de existência, com mais de meio milhão de rotarianos no mundo todo, convida-nos Teenstra a lançarmos um olhar de indagação ao passado e ao futuro e a nos perguntarmos onde estamos e para onde vamos.
E nos estimula a planejarmos atividades construtivas, e a considerarmos, de um lado, a experiência do passado, e do outro, o imperativo do progresso. E esse seu pensamento ele resume nestas duas palavras: Consolidação e Continuidade.
E nos pede AÇÃO, ação com letras maiúsculas, pois Rotary não é um simples estado mental. O ideal de servir exige AÇÃO. Esse realce em AÇÃO evidencia o que o Presidente espera seja a diretriz em cada clube. Ele pede a todos para elaborarem um programa de AÇÃO.
Prezados Amigos,
Nós que aqui estamos acreditamos em Rotary. Esse nosso Rotary não é apenas um nobre sentimento. É um companheirismo mundial. Não é se assim posso dizer, uma religião, mas espero que em sua sublimidade seja uma expressão vigorosa e honesta de valores, normas e ideais das crenças religiosas que muitos de nós professamos humildemente.
De modo que acreditamos em Rotary como uma força para a amizade, como uma avenida para o serviço social, um caminho para uma melhor compreensão internacional e um modo de vida que nos conduz a levar existências melhores e mais completas.
Há quem diga que o ideal de Rotary é inalcansável. Pois ainda que esse pensamento de aproximação e compreensão entre os homens, e da prestação de serviço, fosse uma utopia, essa utopia não seria de Rotary, ela nasceu de um sentimento que existe no mais íntimo da alma do homem e pertence ao patrimônio moral da humanidade, ela está na filosofia clássica, vamos encontrá-la no “amai-vos uns aos outros” do Cristianismo.
É vã a busca da felicidade que se baseia na satisfação pura e simples de nossos egoismos. O homem possui uma alma cujos anseios não se apaziguam com esse egoísmo e cria dentro de nós mesmos a necessidade de sermos úteis a outrem.
Ademais, já se disse, a felicidade não é uma estação a que se chega. Ela é a maneira de se fazer a viagem.
Ainda que acreditar na nobreza que existe na alma do homem fosse uma utopia, vale a pena viajar na estrada dessa utopia, pois essa estrada atravessa campos risonhos que a felicidade, em seu trono de flores, costuma percorrer, de quando em vez.
O que há de mais importante em Rotary, companheiros, é o rotariano.
A influência de Rotary como idéia é estupenda; a eficiência de Rotary como clube é altamente expressiva. Porém mais importante e de expressão maior, é a atuação do rotariano.
Em Lake Placid se fez uma indagação aos 278 Governadores de Rotary ali reunidos, aos quais se perguntou quantos líderes verdadeiros conheciam eles e poderiam nomear em seus países e no mundo, líderes respeitáveis na autenticidade de seus princípios e na sinceridade e na lealdade de sua conduta, aos quais se pudesse seguir até a morte.
A pergunta caiu em um silêncio grave. E a conclusão foi que, sem negar respeito e prestígio aos demais, buscássemos nossos líderes em nós mesmos, reforçando com os instrumentos de nossos princípios, nossos quadros de liderança.
Não que tenhamos opinião exagerada de nossa importância. Mas com um sentido apropriado de humildade, devemos ter consciência da medida de nosso valor.
Queiram ou não, os prezados companheiros terão de aceitar sua condição de líderes, reconhecida ao ingressarem em Rotary.
E cada um de nós tem o dever de cultivá-la e de aperfeiçoá-la, com plena consciência de sua importância, sem nos esquecermos de que é bom ser importante, porém é mais importante ser bom.
É Henry James quem nos diz, em um pensamento de grande expressão. O melhor que podemos fazer de nossas vidas é consumi-las em algo mais duradouro que a própria vida!
Estamos, pois, nós os rotarianos fazendo algo mais duradouro que a própria vida. Estamos a cada dia acrescentando algo de bom ao bem estar do mundo. E assim estamos nós escrevendo, a cada dia, uma mensagem de trabalho, de compreensão e de amizade, escrevendo-a e assinando-a a cada dia, para entregá-la ao futuro!

(continuará, nos próximos dias, até a publicação de todo o livro, que acaba de ser lançado em edição artesanal de apenas 10 volumes. As partes já publicadas podem ser lidas na seção Colunistas - Luiz de Paula)

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