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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: O violeiro Téo Azevedo

É costume afirmar-se que a literatura de cordel, porque originária do povo, não é elaborada com lavor primoroso por se constituir em uma difusão da arte popular, todavia, Téo Azevedo produz um trabalho literário de cordel de alto nível. O cancioneiro popular é importante, tanto que existe, com sede no Rio de Janeiro, a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, fundada em dia 7 de setembro de 1988.
José Lins do Rego e Guimarães Rosa, principalmente, foram influenciados pela literatura de cordel. Téo Azevedo já escreveu e publicou mais de mil folhetos e pequenos livros com literatura de cordel. Ele, como afirma, nasceu poeta e apoia o inclusão do cordel como ferramenta cultural obrigatória nas escolas. Partindo do pressuposto de que “o poeta nasce feito”, para ele, para fazer literatura de cordel o interessado tem que ter nascido com o dom da poesia.
A poesia, no cordel, não acompanhou as mudanças trazidas pelo modernismo, que provocou a ruptura com as tradições acadêmicas, estabelecendo a liberdade de criação. Nela devem encontrar-se presentes a métrica e a rima, que segundo Téo Azevedo devem estar no sangue do poeta.
No ano passado ele nos brindou com “Os cem anos de Guimarães Rosa”. O compositor e violeiro Téo Azevedo está presente na música popular brasileira, com inúmeras músicas gravadas por artistas como Gonzagão, Sérgio Reis, Zé Ramalho, Jair Rodrigues e tantos outros.
No último sábado, aqui em Montes Claros, participei da gravação, no Centro Cultural, de um documentário, para as telas da televisão e do cinema, sobre a vida de Téo Azevedo, que está sendo produzido sob a direção do artista global Jackson Antunes.
Especialmente convidados, lá também estiveram Amelina Chaves, Haroldo Lívio, Ildeu Braúna e Beatriz Azevedo, que prestaram seus depoimentos sobre a vida e a obra do grande artista norte-mineiro.
No meu testemunho, entre outras considerações, afirmei que conversar acerca de Téo Azevedo é falar da cultural regional, do violeiro, do músico criador, do poeta repentista, da poesia de cordel, do próprio sertão de Jackson Antunes, de Antônio Dó, de todos nós.
Com sua equipe, Jackson Antunes passou primeiro por Alto Belo (Bocaiuva). Ele estive no sábado pela manhã no Café Galo, aqui em Montes Claros.
A presença de Jackson Antunes provocou algum reboliço no Galé Galo, no Quarteirão do Povo, chamando a atenção dos populares. O grande artista norte-mineiro (Janaúba) é por todos nós respeitado e admirado. Amigo de Téo Azevedo, ele está criando o documentário para registrar a presença do mesmo no cenário cultural brasileiro.
Embora residente em São Paulo, o poeta Téo Azevedo, no Norte de Minas, no campo das atividades culturais, desponta no alto do pódio de nosso respeito e de nossa admiração. Ele é o responsável, o grande incentivador da Folia de Reis de Alto Belo.
O músico, compositor e produtor de romanceiro popular Téo Azevedo, o cantador de Alto Belo, formado na escola da natureza com diploma de viola, é membro efetivo da Academia de Letras, Ciências e Artes do São Francisco, ocupando a Cadeira que tem como patrono o imortal Zé Coco do Riachão.
Não se pode falar em cultura popular, neste Norte de Minas, sem uma referência especial a Zé Coco do Riachão (José dos Reis Barbosa dos Santos), natural de Brasília de Minas, que afirmava ter nascido na “boca da noite” e que tinha sido doado, na noite de seu nascimento (1º de janeiro de 1911) como ”esmola” à Folia.
Músico de ouvido, como se costuma dizer, Zé Coco do Riachão tornou-se símbolo da viola no sertão mineiro, como músico e construtor do instrumento musical.
Afirma Téo Azevedo que Zé Coco do Riachão submeteu-se à simpatia da cobra para se tornar um grande violeiro: “Aos treze anos de idade ele voltava de uma festa, quando encontrou uma cobra coral no caminho; ele a segurou pelo “pescoço”, bem perto da cabeça para não ser mordido. Depois a passou entre os dedos várias vezes e, por fim, a soltou no mato sem ferimentos”.

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