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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Em visita a Alphonsus

Em 5 de junho, a Academia Mineira de Letras rende tributo a seu patrono, Alphonsus de Guimarães Filho, depositando rosas sobre seu túmulo, na cidade em que deu seu último suspiro: Mariana.
Será uma cerimônia plena de significado, de simbolismo, ele que foi, ao lado de Cruz e Souza, os maiores poetas representantes do movimento no Brasil.
Afonso Henriques da Costa Guimarães usou vários pseudônimos para fixar-se naquele que o pereniza.
Brasileiro, foi o mais mineiro de todos os nossos poetas: nasceu em 24 de junho de 1870, em Ouro Preto, e faleceu, repentinamente, na cidade de Mariana, em que residia, em 15 de julho de 1921, com apenas 51 anos.
Alphonsus é o poeta da Academia, tanto que o sodalício é a Cada de Alphonsus. Por ironia da sorte morreu mais de uma vez, para torna-se eterno.
Aos 17 anos, na antiga Vila Rica, fazia apaixonados versos dedicados à prima Constança, filha de Bernardo Guimarães.
Falecendo a menina de seu coração, perdeu-se em prantos d’alma, naquela primeira grande dor.
O tema da morte influenciou sua poesia e nela se transformou em referência forte.
Em 1895, casou-se e, seus primeiros livros: “Setenário das dores de Nossa Senhora” e “Câmara ardente”, 1899; e “Kiriale”, 1902.
Viveu modestamente como juiz e promotor de Justiça, enfrentando com denodo dificuldades para sobreviver com a família que crescia.
Pai de quinze filhos, sofreu a desdita de assistir ao falecimento da filha caçula, a quem dera o nome de Constança.
Esses fatos lhe marcaram a existência e transbordam de sua lírica de profundos sentimentos de humanidade.
Não assistiu, por ter morrido um ano antes, à fúria dos modernistas que, em 1922, assestaram suas armas contra as velhas escolas poéticas.
O casamento se deu no ano em que Belo Horizonte se inaugurava: 1897. E aconteceu em Conceição do Serro, com D. Zenaide Alves de Oliveira ], parenta muito próxima de José Aparecido.
Freqüentemente formam-se caravanas para, a cavalo, ir até Conceição para visitar a cidade em que Alphonsus serviu à Justiça.
Entre os membros dessas caravanas, Paulo Narciso, jornalista e advogado, fiel escudeiro e ardoroso admirador do poeta. Algo de místico os une.
Na primeira vila e cidade de Minas, em que foi encontrado morto durante a madrugada, seu corpo descansa; ele, tido como “o solitário de Mariana”, em reverência ao qual os acadêmicos do século XXI se deslocarão sob o frio de junho.
Deixou cerca de quinhentas composições, em oito livros, que o Brasil jovem precisa conhecer, para amar. Não se pode deixar que morra seu verso, depois de tanto morrer na vida.
Lembre-se que Mário de Andrade, posteriormente o “papa” do modernismo no Brasil, visitou-o em 1919.
Ali se achava isolado, praticamente esquecido, inclusive de Ronald de Carvalho.
Mário de Andrade enviou carta a Alphonsus Filho, este também poeta, em 1941: “Estive com seu pai ali pela manhã mais de uma hora (...) E foi uma hora de êxtase em que não disse nem um bocadinho que era poeta. Deus me livre! (...) Me apresentei apenas como um fã e assim fiquei todo o tempo...”
A Alphonsus de Guimarães Filho, escreveu Mário: “Fiquei comovidamente feliz com o nascimento de Alphonsus de Guimarães Neto; é uma maravilha o que o simples nome desse menino desperta emmim, de ambiente grave de recordaçõe3s e contatos só bons de sentir”.
“Breve o espiarei”, continua Andrade. “Por enquanto, ele que receba a bênção de Deus, autorizada por três gerações de amizade”.
Não se olvidará, certamente, “Ismália”: primeiro quarteto: “Quando Ismália enlouqueceu, / Pôs-se na torre a sonhar... / Viu outra lua no mar...”

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