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Mensagem: MONTES CLAROS QUE NOS SURPREENDEJosé Prates A leitura do virtual montesclaros noticias que, no meu caso, é quase diária, nos vai deixando a par dos acontecimentos na cidade, e assim, não percebemos o seu grande desenvolvimento. Esse noticiário nos permite a sensação de vivermos ali, andando nas ruas estreitas cheias de povo, acompanhando de perto o seu desenvolvimento. Assim mesmo, quando surge uma noticia de maior vulto, a gente pára pra pensar e ai, nos vem à lembrança a Montes Claros do nosso tempo, muito importante na região, mas longe do que é hoje. Mas, não é sobre isto que queremos falar: é sobre esse supermercado Wal Mart que vai se instalar na Avenida Dr. Plínio Ribeiro – quando ouço esse nome, a figura do velho político vem-me à mente e a saudade bate forte. Eu o vejo no alpendre da casa, sentado na cadeira de balanço, com um livro na mão – Mas, vamos ao Wal Marte: supermercado importante que deve ser da mesma rede do Wal Key que conheci em Nova Orleans, quando fiquei sabendo que lá, alguns remédios, cuja venda não exige receita médica, são comercializados, também, em supermercados. Eu me lembro que comprei Tylnol. Mas, não é esse o assunto por enquanto. O assunto mesmo é o que nos mostra a vinda do Wal Mart para Montes Claros, trazido pelo grande crescimento do poder aquisitivo da população, resultado do desenvolvimento econômico do lugar, coisa que salta aos olhos dos grandes empresários e os levam a investir no lugar que já está colocado em destaque, no “rank” econômico do Estado. Sem qualquer dúvida, é uma noticia que agrada e enche de orgulho milhares de montesclarenses que residem fora por circunstancias diversas, mas que ainda se sentem ligados ao lugar pelo amor à terra onde nasceram ou foram criados. Ai é que a gente fica pensando no passado, no tempo que vivíamos lá e perguntamos: cadê o armazém de “seu” Geraldo, a quitanda de “seu” João? O desenvolvimento econômico fez desaparecer com a chegada dos supermercados. É isso aí: o que acontece no cenário econômico, festejado por quase totalidade da população, afetou negativamente muita gente que vivia sustentada pelo seu pequeno empreendimento, como por exemplo, os “armazéns” de seu fulano, de beltrano ou de “seu” cicrano, um mini mercado que atendia, vendendo ao peso, o feijão, o arroz e a farinha; a banha de porco, o peixe salgado e a carne seca, quase tudo “no caderno,” com pagamento no final do mês. Ao final do ano, o dono do “armazém” dava ao freguês uma garrafa de vinho, como bonificação. Não existia esse “auto serviço” que preferem dizer self service, pra sofisticar a coisa. No armazém, depois do balcão, eram o dono e os empregados que atendiam os fregueses, com toda cortesia, pesando a mercadoria solicitada que estava exposta á vista do freguês, nos sacos de sessenta kilos colocados no chão, bem abertos expondo o produto, porque não havia, como hoje, nada empacotado em um, dois e cinco kilos. Hoje, o caderno é o cartão de crédito e ninguém ganha vinho de presente. O freguês é um numero, meramente um numero na avaliação do funcionário do Caixa que, ao final do período, cansada, nem sabe que numero atendeu. Reclamar de que? Isto é a evolução de que não podemos reclamar. Devemos até elogiar o crescimento do poder econômico do cidadão, antes humilde pedinte de um crédito no “armazém” de “seu” Manoel ou de “seu” João. Não foi, apenas, Montes Claros que cresceu. O Brasil cresceu, desenvolveu-se e chegou à posição de oitava potencia econômica do mundo, saindo a passos largos do terceiro mundo para ingressar no primeiro, o que nos está deixando em parelha com países de alto desenvolvimento. Coisas impensáveis no passado as temos hoje, fazendo parte de nossa rotina de vida, como o carro na garage; o almoço no restaurante no horário da refeição, em vez da marmita aquecida no aquecedor a álcool; as estradas pavimentadas que nos permitem transporte rápido entre as cidades e a internet que nos liga ao mundo. Não sentimos o desenvolvimento porque se transformou em rotina o uso de coisas que, sequer, imaginávamos capazes de possuir ou que viesse a existir, como, por exemplo, o telefone móvel que chamamos de celular. Entretanto, não nos acostumamos muito rápido com tudo isso. É como os nossos filhos que crescem, tornam-se adultos, mas, nós os vemos sempre crianças e deles cuidamos como meninos.(José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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