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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 1 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Esperar para comemorar

Waldyr Senna Batista

Nas diversas reuniões realizadas em Montes Claros nos últimos dois meses para tratar de segurança pública, não faltaram números positivos. Em uma delas, com a presença do secretário Maurício Campos Júnior, o comandante do 10º Batalhão,tenente-coronel Franklim Silveira, anunciou queda de 26% na prática de homicídios, no período de janeiro a maio, tendo melhorado também outros indicadores identificados como IC (índice de criminalidade), que caiu 17%, e ICV ( índice de crimes violentos), que registrou redução de 32% no mesmo período.
Esses dados estatísticos levaram à melhora da posição de Montes Claros no ranking das cidades mais violentas do Estado, segundo informou o delegado Aluizio Mesquita: de terceiro lugar ela passou a décimo. Os dados são tão favoráveis que levaram à afirmativa, na reunião, de que “Montes Claros tem motivo para comemorar no que se refere à segurança pública”. O delegado chegou a gracejar, dizendo que o objetivo é reduzir esse índice em 100%, mas admitindo que “parece ser uma utopia”.
No atual Governo do Estado, os investimentos em Montes Claros no setor foram expressivos. Entre 2003 e 2008, foram aplicados na cidade R$ 30 milhões em equipamentos, armamentos, viaturas , construção e reforma de unidades prisionais e instalação de um centro sócio-educativo. Só no ano passado, foram aplicados Rr$ 11 milhões. Atualmente, a cidade está aparelhada com o que existe em matéria de segurança pública, destaques para o sistema de vigilância eletrônica e uma cadeia moderna como nunca existiu em toda a história do município.
Tudo isso é verdade. Mas as comemorações recomendadas podem ser prematuras, eis que as execuções sumárias continuam, somando 32 casos nos cinco meses do ano. Número que, se for mantida a média mensal de seis mortos, poderá aproximar-se da marca de 2008, que registrou 92 homicídios. Além disso, os assaltos em plena luz do dia, nas ruas, e os roubos em residências continuam acontecendo, de forma que a população não experimenta a chamada “sensação de segurança”. O indutor desse clima é o tráfico de drogas, que não dá sinais confiáveis de ceder, não obstante estarem presos seus principais chefes.
Em um dos seminários realizados, o juiz Isaias Caldeira Veloso, a cuja vara está afeto o tribunal do júri, admitiu que 70% dos crimes julgados em Montes Claros têm ligação com o tráfico de drogas. Na verdade, são relativamente poucos os casos que chegam a julgamento, pois a polícia civil tem mostrado pouca eficiência na apuração dos crimes de morte, que são levados na conta da disputa de gangues pelos pontos de drogas e acabam esquecidos. O juiz informa também que existem milhares de processos paralisados no Forum, por falta de defensores públicos. Se todos eles fossem concluídos e se houvesse sessões do júri todos os dias, diz ele, seriam necessários anos para o esgotamento da pauta. Essa revelação alarmante enseja outra interpretação: havendo milhares de processos parados, são milhares, também, os supostos criminosos soltos nas ruas da cidade, representando impunidade que realimenta a criminalidade.
Não há por que desmerecer os avanços anunciados pelas autoridades policiais. Mas é preciso reconhecer que o problema da segurança pública na cidade não depende apenas da logistica, tem inúmeras outras vertentes, uma delas no judiciário e outra na polícia civil, cujo dispositivo de inteligência tem se mostrado pouco eficiente. Os inúmeros crimes não desvendados levam a essa constatação.
A propósito, no início desta semana mais duas pessoas foram executadas, no bairro Maracanã. Ninguém foi preso.


(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).

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