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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Miriam Carvalho

Ivana Ferronte Rebello e Almeida, graduada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros, mestra em Literatura Brasileira, centrada, principalmente, na obra de Guimarães Rosa, nos brindou com uma maravilhosa apresentação do livro “Eterno Instante” da acadêmica Miriam Carvalho, cujo lançamento ocorreu no dia 19 de junho passado (sexta-feira) no Bacco Buffet, em Montes Claros.
Ivana, professora que é, em oração improvisada, proferiu uma linda aula sobre poesia, que complementou a alocução de Yvonne Silveira, presidente da Academia Montesclarense de Letras, focada no significado da palavra, como centro de todo sistema linguístico.
Na apresentação que havia preparado, mas que ela deixou sobre a mesa sem ter sido lida, Ivana questiona: “Quem de nós não plantou sementes de sonhos? Quem de nós não guarda uma saudade no peito? Quem não traz a emoção de um abraço? De uma flor ganhada? De uma conversa partilhada?”
Falando sobre Miriam Carvalho, Ivana esclarece que ela “é desdobrável mestra, (...) cristã, cujos versos à Maria e ao divino são orações ritmadas. Mulher, nas emoções que se revelam e se escondem, num jogo de claro-escuro. Literata, dessas que dão a mão a Camões ou a Pessoa, trazendo aos seus leitores ecos das muitas leituras literárias. Humana, por confessar seus limites sem pudores. Corajosa, por colocar-se assim, ante o espelho das letras e desnudar-se em alma e palavras. Honesta por confessar-se, ante signos verbais. Cantora, por usar entonação e ritmo em sua voz.”
Falando sobre a poesia de Doris Araújo afirmei, em artigo outro, que a literatura, que se inscreve como a sexta arte, quando manifesta através da poesia deve integra-se também à música, a primeira arte, pois a leitura de um poema deve conter musicalidade, mesmo na chamada poesia livre. O belo, como nos ensinou Aristóteles (Arte Poética), “em um ser vivente ou num objeto composto de partes, deve não só apresentar ordem em suas partes como também comportar certas dimensões. Com efeito, o belo tem por condições uma certa grandeza e a ordem”. A ordem implica na presença do começo, do meio e do fim, que se interligam para transmitir um sentimento.
Os poemas de Miriam Carvalho, em presença da musicalidade, nos transmitem emoção; falam ao coração. Musicalidade, por ser sentimento e sensibilidade, não possui definição.
“Eterno Instante” é um livro de poesias. Da orelha da capa, da lavra de Lauro Meller, extrai-se a observação de que “a Autora não se prende a um só estilo”. No Prólogo, a Autora nos informa que “escrever poemas traz um sabor de festa. Primeiramente, a preparação que antecede o movimento natural e vivo, cheio de expectativa, próprio de qualquer festa. Ora, traçar essa expectativa, selecionando o melhor verso, a palavra que se aclara com prazer aos nossos olhos, faz parte de quem deseja celebrar com o leitor o ritmo da vida.”
O lirismo, que se extrai do poema “Por sua causa”, nos leva a Camões, mas fez-me lembrar do soneto de Alphonsus de Guimaraens “Hão de Chorar por Ela os Cinamomos”.
Montes Claros está presente na poesia de Miriam Carvalho. Do poema “Fotografia de uma cidade” ela é identificada: “Matriz, sobrados, estórias, / marujadas, catopés e pastorinhas, / cantigas de maio e mais novenas, / quimeras do que rompiam madrugadas / nos ritmos e as sinfonia da noite / e a lâmpada de carbureto de eras nevoentas / mais se escondia que mostrava / os claros montes em recuados tempos...”
A poesia traz em si mesma todo o sentido da vida, como nos lembra Cora Coralina. Ela é “colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.”
Miriam Carvalho tornar evidente o sentido da vida. No poema a “A Palavra de Maria” nos mostra o colo da mãe que acolhe o filho; “Esperança” é um braço que envolve; do poema “Aos ilustres ancestrais” extrai-se a palavra que conforta; “Chego à janela” nos aponta um silêncio reflexivo que respeita; “Um anjo visita a terra” é um olhar que acaricia; “Noite de gerânios” é uma lágrima que corre; “Para você” é um desejo de amor eterno que sacia; em “Amor cativo” a presença do amor que promove.
No poema “Eva” Miriam Carvalho nos indica os caminhos da criação: “Mulher, mostrai vossa figura / no jardim do Éden já andáveis / mulher, bela, porém sombria / à clara luz do dia então trazia / o fruto com as forças de Adão”.

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