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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 1 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A política no hospital

Waldyr Senna Batista

O processo de escolha do novo provedor do Hospital Aroldo Tourinho ( HAT ), no próximo dia 2, foi politizado e, por isso, tudo indica que, além dos efeitos internos que produzirá, poderá levar até a mudanças no secretariado municipal.
A atual provedora, Ruth Tolentino, no início do processo, quando não havia outro nome em cogitação, teria sido encorajada pelo secretário municipal da Saúde, José Geraldo Drumond, a disputar o cargo. Ela assumiu por ser adjunta do agora secretário.
Logo depois surgiu o nome do vereador Atos Mameluque, presidente da Câmara Municipal e uma espécie de alter ego do prefeito Luiz Tadeu Leite. Se houver o confronto que se delineou e seja qual for o resultado, é de se imaginar que o secretário se verá em posição desconfortável. Aliás, desde que assumiu, ele é constantemente citado como prestes a sair.
E por que um ato administrativo aparentemente restrito a entidade apenas remotamente ligada à Prefeitura estaria despertando tamanha movimentação política, ao ponto de envolver, além do prefeito, deputados estaduais e federais ?
A explicação remonta à criação do antigo Hospital Municipal, de triste figura, que deu origem ao HAT e funcionava como mero instrumento eleitoral, ao ponto de as internações serem vinculadas a quotas controladas por vereadores da situação. Cada um tinha direito a número determinado de leitos, que só eram ocupados por autorização expressa do vereador. Em função dessa e de outras anomalias, o hospital apresentava condições deploráveis, ensejando até a mutilação de pacientes por ratos esfomeados. E não se trata de força de expressão, eram ratos mesmo.
Ao final de sua primeira administração, para tentar por cobro a essa situação, o prefeito Luiz Tadeu Leite, convencido por seu vice, Mário Ribeiro, desvinculou o hospital da Prefeitura, dando-lhe a denominação que tem hoje, mediante a criação de fundação comunitária, que passou a geri-lo. O objetivo era atrair recursos federais e firmar convênio com o SUS.
A fórmula viabilizou o hospital, principalmente depois que a Fundação Rotária lhe destinou dólares, sugerindo contrapartida da comunidade, que surpreendeu, comparecendo com soma muitas vezes maior, consolidando parceria de sucesso, que possibilitou a ampliação e a modernização do HAT, hoje classificado entre os mais completos do Estado.
Administrado em moldes empresariais, foi eliminada em definitivo a péssima imagem de sinecura que prevaleceu durante muitos anos. No entanto, o hospital jamais deixou de ser deficitário. O SUS representa mais de dois terços de sua receita e seu passivo é monstruoso, alcançando R$ 1,5 milhão só a dívida vencida pela aquisição de oxigênio. E a tendência é de agravamento do quadro.
Apesar de tudo, o HAT desperta a cobiça de políticos e de parte considerável do seu corpo clínico que, nos últimos tempos, passou a pressionar o colégio eleitoral quando da escolha de provedores, na defesa de interesses corporativos, o que é compreensível. O grupo que vota é formado por 19 pessoas, que representam a Prefeitura ( 3 votos ), entidades de classe, além dos ex-provedores.
Na assembleia da próxima quinta-feira, o candidato sustentado pelo prefeito é tido como franco favorito, detendo pelo menos 12 votos. O que reflete o pensamento de parte da comunidade ligada ao hospital, segundo a qual é imprescindível que a Prefeitura assuma compromisso maior com a entidade, injetando recursos nela e influindo na obtenção de verbas dos governos federal e estadual.
A isso se dá hoje o nome de Parceria Público Privada ( PPP ), que, no caso do HAT, precisa ser exercida com sabedoria e equilíbrio,devido aos antecedentes, a fim de que não traga de volta a condenável fórmula das quotas de internação. Afinal, a fundação hospitalar foi criada exatamente para desvincular a instituição do município.

(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).

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