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Mensagem: Seis meses já se foram Waldyr Senna BatistaTranscorridos seis dos 48 meses de seu mandato, o prefeito Luiz Tadeu Leite continua empossando secretários. E ainda há cargos a preencher. Pelos padrões usuais, os quase 90 dias entre a eleição e a posse são suficientes para que os prefeitos montem suas equipes. A não ser que haja inapetência administrativa, o que não é o caso local, em que está no exercício do cargo quem há pelo menos 25 anos não pensou em outra coisa; ou devido a dificuldades em dar unidade ao grupo heterogêneo formado para a disputa.O certo é que, decorrido tanto tempo, a atual administração não conseguiu mostrar a sua cara, tendo se limitado a anunciar ações sem maior objetividade. É evidente que nenhum governante, ao assumir, dispõe de programa pronto e acabado. Mas é conveniente que tenha ao menos roteiro emergencial coerente com a pregação da campanha.A primeira parte do manual de procedimento o atual prefeito colocou em prática: fez demissões em massa, promoveu reforma administrativa, trocou seis por meia dúzia ao criar nova empresa para o trânsito, contratou auditagem nas contas do seu antecessor para concluir o que todos os prefeitos entrantes falam dos que saíram (está tudo sucateado, os cofres estão raspados) e desenvolveu a inevitável operação tapaburacos, que jamais será concluída porque, com as chuvas, ressurgirão os buracos de sempre, além dos filhotes deles.Esse período, comumente chamado de arrumação da casa, é a fase em que o novo prefeito está no auge da popularidade, o que lhe permite livrar-se de cobranças mais rigorosas por parte dos opositores e conter o assédio dos correligionários em busca de empregos.Nesse meio tempo, como aconteceu aqui, eles costumam acenar com empreendimentos de grande porte, que provocam impacto e impressionam, apesar de só realizáveis no longo prazo. A construção de centro de convenções e a adoção de projeto para controle do trânsito alinham-se nessa categoria. São obras necessárias, apesar de caras e difíceis.E para que a impaciência do público em geral não cresça demasiadamente, é conveniente salpicar por aí doses de asfalto, ainda que sem infraestrutura necessária. Aqui, o prefeito inovou, atribuindo aos vereadores a incumbência de comparecer aos bairros a serem beneficiados para anunciar a boa nova, cada um recebendo determinado número de ruas para reforçar sua influência na área. No total, serão 16 ruas no primeiro pacote, com promessa de que estarão asfaltadas antes do fim do ano. O esquema alimenta o amplo apoio da administração na Câmara.Na outra ponta, o prefeito tenta exorcizar a imagem de inércia promovendo ampla campanha publicitária em que anuncia pacote de obras orçado em R$ 8 milhões. Uma delas é a avenida nas proximidades da estação rodoviária, que conta com recursos estaduais e vem se arrastando desde a administração Jairo Ataíde; a outra é drenagem na rua Santa Lúcia, nas proximidades da Unimontes, que o ex-prefeito Athos Avelino não conseguiu executar, embora tivesse à sua disposição dinheiro depositado na Caixa Econômica. Informação adicional : a obra integra o PAC, programa que é a menina dos olhos do presidente Lula da Silva, e consta do orçamento da Codevasf. Curiosamente, ela compõe o plano de revitalização da bacia do rio São Francisco. Uma verdadeira “ ginástica” que nem os versados em administração pública conseguem explicar.Pode não ser grande coisa, mas trata-se de obra necessária e surge numa fase em que se torna difícil obter recursos estaduais e federais e a arrecadação da prefeitura está praticamente comprometida com a folha de pessoal.Apesar disso, sobra dinheiro para lances surpreendentes, como o anunciado patrocínio de time de vôlei da Superliga, em que a prefeitura entrará com R$ 550 mil e gastará outro tanto com a preparação do ginásio poliesportivo, a ser usado nas disputas. A justificativa é de que Montes Claros ganhará com ampla exposição no cenário nacional.Grandes cidades paulistas, que participavam do programa pensam diferente. Elas cuidaram de sair dele aos primeiros sinais da crise mundial, em setembro do ano passado.(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).
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