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Mensagem: A notícia do Século Waldyr Senna Batista Manchete de primeira página do jornal “O Tempo”, de Belo Horizonte, edição deste mês: “Norte de Minas descobre megajazida de minério”. Não se trata de descoberta. A jazida é conhecida e vem sendo objeto de levantamentos e pesquisas há décadas. Comprovadamente, desde o início dos anos 1960, quando “O Jornal de Montes Claros” divulgava seguidas matérias a respeito dela, com base em informações do advogado Tácito de Freitas Costa, que comparecia à redação do jornal com frequência. Ele foi prefeito de Rio Pardo de Minas e sonhava com a exploração da jazida. Antes dele, o engenheiro Simeão Ribeiro Pires e o mineralogista autodidata Vicente Guimarães realizaram exaustivo trabalho de campo na área, por conta própria, usando instrumentos rudimentares e também davam declarações, chamando a atenção para o que acreditavam ser uma das maiores jazidas de minério de ferro do mundo. Está acontecendo agora o mesmo que se deu com as jazidas de gás natural do vale do rio São Francisco, de cuja existência qualquer barranqueiro tinha conhecimento, por ver fogo e fumaça brotando do chão, mas só agora elas vêm sendo objeto de prospecções por empresas que se credenciaram em licitações públicas. Feita a ressalva de que não se trata de “descoberta”, a notícia do jornal belo-horizontino é importante porque se refere a dados concretos: grupo formado pelas mineradoras Vale, CSN e Votorantin lidera o projeto Novo Horizonte, preparando a exploração da reserva, estimada em 12 bilhões de toneladas de minério de ferro, na área abrangida pelos municípios norte-mineiros de Salinas, Rio Pardo de Minas, Grão Mogol e Porteirinha. Grupos de empresas siderúrgicas iniciarão, em 2011, a exploração das reservas. Segundo o jornal, a empresa de consultoria Coffey Mining está encarregada de montar a engenharia inicial do projeto, que prevê a instalação de usinas para transformar o minério em aço, ferro-fundido ou ferro-guza. Para a primeira etapa, estão previstos investimentos de R$2,4 bilhões, com geração de 3 mil empregos diretos. João Augusto Hilário, gerente daquela empresa de consultoria, dá detalhes de estudos, já em andamento, que preveem produção de 20 milhões de toneladas de pelotas de ferro por ano, com perspectiva de alcançar 50 milhões de toneladas. Diz ele: “Um complexo de mineração desse porte, com mina, usina, ferrovia ou mineroduto, gera de 5 mil a 10 mil novos postos de trabalho, contando empregos diretos e indiretos”. Renato Ciminelli, gerente executivo do pólo de mineração e metalurgia, órgão vinculado à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, garante que a área tem dimensões que a colocam entre as maiores do mundo. Segundo ele, “o grande desafio é mobilizar a região para receber os investimentos”, o que significa a criação de logística para o escoamento da produção e a qualificação de mão-de-obra local. O município de Salinas foi escolhido para centralizar a execução do projeto Novo Horizonte, e seu prefeito, José Prates, também é citado na reportagem de “O Tempo”. Ele defende a verticalização do empreendimento, para agregar valor ao minério de ferro e gerar empregos de qualidade, com a construção de usinas para beneficiamento da matéria-prima. E reivindica a construção de um porto seco na sua cidade, para exportação e importação. O prefeito ressalta que a reserva não se restringe a minério de ferro, contendo também minerais não metálicos, como argila e albita, com grande potencial de exploração. Para o Norte de Minas, pode-se dizer que esta é a mais importante notícia do século XXI. E, embora o século esteja apenas começando, a boa nova dificilmente será superada a curto prazo. Nem mesmo pela informação que se refere às jazidas de gás natural da bacia do São Francisco, porque, enquanto a “província mineral” tem até data marcada para o início de sua exploração, as reservas de gás encontram-se ainda em estágio inicial de avaliação, podendo ou não corresponder às expectativas, em termos econômicos. E, no entanto, a divulgação que vem de ser feita sobre o minério não produziu o impacto que seria de esperar. Entidades representativas do segmento industrial do Estado e da região mantiveram-se em silêncio; e a imprensa local e regional limitou-se a dedicar-lhe, quando muito, tratamento de canto de página. Faltou sensibilidade ou houve excesso de desconfiança em face da exagerada dimensão do projeto? (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)
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