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montesclaros.com - Ano 26 - sábado, 27 de dezembro de 2025
 

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Mensagem: Uma doce ilusão Isaías Caldeira Houve tempo em que comprava cigarro picado na banca da esquina,o que me obrigava a buscar moedas nas gavetas e bolsos, porque o vício era uma espada afiada contra minha resistência frouxa e claudicante ao império da nicotina, e a minha indisponibilidade financeira. Não tinha dinheiro para a satisfação às vontades, por isso, acho, tenho uma piedade enorme desses nóias das esquinas, ávidos por qualquer substância que satisfaça seus desejos, e rogam por auxílios, esgrimindo-se entre os carros, com mãos estendidas e olhares piedosos. O mundo como vontade e representação nunca se fez tão real! Schopenhauer me salvou com esses rasgos da realidade como enfrentamento ao panegírico às ilusões, naquela linha do Eclesiástico, onde o pessimismo destrói todas as esperanças. Sim, a vida é e sempre será uma escada para lugar nenhum, porque seremos sempre os mesmos, independente das nossas sensações, de vitórias ou fracassos, desde que nascemos. Ao vencedor, as batatas! Não é fácil fugir aos desejos, como sabem os santos e mártires. E o tempo não mede esquinas, mas une os caminhos que nos levam ao aniquilamento do que somos. Então, quando a gente vê, não é mais um menino. Assusta-se em adulto. Depois quer acasalar-se e ter filhos ou não; adquire bens ou a Fortuna se ausenta, nos fazendo operários das conquistas alheias. Olha o calendário e vê que a fila andou, que os seus entes amados estão distantes ou se foram, que nem ficaram as marcas das suas ações num mundo caduco e esquecido do que não se faz presente. Solidão, fim de quem ama, disse o poeta. Daqui, deste abismo, em que minha frágil condição habita, envelhecido,mas sem perder o elã que faz girar a roda da vida e do prazer, nem da ilusão que permeia os homens, vou usufruindo o substrato essencial, o leit motiv, o engano universal de que somos necessários sempre. Seguimos distraídos, neste auto-engano de plenitude, tentando prolongar o passado, enquanto a casa vazia e o telefone mudo afirmam nossa solidão.Também temos, como nossos pais, as mesmas ilusões,num moto-contínuo de gerações que foram, são e que virão. Bons sonhos e esperanças! A realidade é um muro de arrimo indestrutível!

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