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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 8 de novembro de 2024


Gustavo Mameluque    mameluque@bolo.com.br
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Por Gustavo Mameluque - 24/11/2022 09:53:17
A magia do futebol!

O futebol possui essa contagiante magia, que confraterniza, sem rancor e sem violência, todos os povos do mundo, principalmente durante as copas, que se realizam a cada quatro anos.
As mágicas integração e confraternização dos povos, durante a Copa do Mundo, representam a negação absoluta das relações desenvolvidas pelos governantes, no cotidiano, que contém muito de interesses econômicos e pouco de sinceras cooperação e integração como as demontradas pelo império russo frente a fragilizada Ucrânia.
Há pequenos gestos, ao longo de uma Copa do Mundo, que encerram, em si, o universo da tão sonhada paz mundial, assim como o DNA em relação à vida humana.
Esses pequenos gestos, por sua grandeza e alcance, são, indiscutivelmente, transcendentes e eternos, pelo seu simbolismo.
Vão, aqui, alguns deles. O primeiro ocorreu na copa de 1970, no México, a primeira transmitida para o Brasil, ainda em preto e branco. Os povos presentes no Estádio Asteca no jogo final entre Brasil e Itália desfraldaram uma enorme bandeira, com a seguinte mensagem: “Mexico campeon mundial del amistad” (“México, campeão mundial de amizade).
O segundo teve lugar na copa de 1974, na Alemanha – a primeira transmitida em cores para o Brasil –, ao final do jogo entre Brasil e Holanda, que fizeram uma das semifinais e que terminou com a vitória da Holanda, por dois a zero. O capitão do time holandês, Rud Krol, atravessou o todo o gramado e, após abraçar o lateral esquerdo Marinho Chagas – recém-falecido –, levantou-lhe o braço e pediu a todas as torcidas que o aplaudissem, como reconhecimento pelo seu belíssimo futebol e como belo gesto de amizade.
O terceiro deu-se em 1998, na fatídica final entre Brasil e França, quando o placar já era de três a zero para esta. O meia Rivaldo preferiu jogar a bola para a lateral para permitir o socorro médico a um jogador francês a tentar fazer o gol, em lance com real potencial para isso. Isso lhe valeu a inaceitável crítica de alguns de seus companheiros e de parte da imprensa esportiva.
O quarto na Copa de 2014, e foi produzido pelo vibrante, dedicado e não raras vezes estabanado zagueiro brasileiro David Luiz, que, logo após o encerramento do jogo entre Brasil e Colômbia, não só abraçou e consolou o jogador colombiano James Rodriguez, que chorava copiosamente, como, repetindo a citada iniciativa de Rud Krol, levantou-lhe o braço e pediu a todas as torcidas que o aplaudissem.
O quinto também é da Copa de 2014 e produzido pela Seleção da Alemanha, que, à semelhança dos antigos samurais – os quais repudiavam a humilhação do adversário que enfrentavam em mortal combate –, recusou-se, terminantemente, a menosprezar e a humilhar a “Seleção Brasileira”, tratando-a com respeito, que ela mesma não se deu, durante os mais de 90 minutos de jogo de um time só – o da Alemanha, é claro.
O sexto, igualmente, é também de 2014 e foi protagonizado pela Seleção da Holanda ao final do jogo em que ela abateu a pálida “Seleção do Brasil”. Enquanto os jogadores desta preferiram correr para os vestiários, como se fugissem de si mesmos, os jogadores holandeses, numa incontestável demonstração de respeito, de esportividade e de magnanimidade, percorreram todo o campo, aplaudindo a torcida brasileira, e, para coroá-la, o grande jogador Van Persie retirou a sua braçadeira de capitão do time e deu-a a um torcedor, como a dizer ao Brasil que, apesar da indignidade de sua “Seleção”, o seu povo é inigualável e é campeão mundial de simpatia, de acolhimento e de sincera e despretensiosa amizade.
Na copa de 2018 da Rússia registramos o exemplo do nosso técnico Tite. Veja o que disse em uma entrevista da época : “ Acredito que o esporte pode melhorar muito mais o mundo, como elemento educador. Eu fico sempre dando o exemplo de um lance que aconteceu na Copa do Mundo, que eu gostaria que fosse explorado. Mas ele nunca é tanto quanto eu gostaria. Contra o México estávamos vencendo por 1 a 0 tivemos um lateral. Eu tinha visto que havia sido para o México porque tinha batido na perna do nosso jogador. Eu então comecei a gritar “É para o México, é para o México”. Um jogador nosso, que foi cobrar o lateral e sabia que a bola tinha batido no nosso time, veio falar comigo, “mas professor, como você fica falando isso, o jogo está uma fumaça do caramba”. Eu respondi “Eu quero ganhar jogando futebol”.
Tudo isso faz do futebol o maior dos esportes e, mais uma vez, repita-se, o símbolo universal da confraternização e mola propulsora da efetiva construção da tão sonhada paz. Muitos símbolos e sinais surgirão desta nova Copa do Mundo do Catar; copa da polêmica e das zebras.
Ah! Como seria bom e promissor se os governantes e os detentores do poder econômico tivessem a sensibilidade de escutar a universal linguagem do futebol. O mundo seria bem diferente. Talvez sem guerras...

Gustavo Mameluque. Jornalista do Novo Jornal de Notícias. Colunista do montesclaros.com



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Por GUSTAVO MAMELUQUE - 14/4/2021 17:09:52
Prezado Fred e Ângela Assis Martins,

Com profundo pesar registramos nossa gratidão ao seu pai, AMÉRICO MARTINS FILHO, pela sua bela jornada e pelos relevantes serviços prestados à nossa cidade e ao nosso norte de minas. Mas de maneira especial gostaria de registrar o homem sereno e empreendedor que sabia dar oportunidades às pessoas. Era o verdadeiro " amigo dos amigos". E também de quem ele às vezes acabava de conhecer. Foi seu Pai que junto com Tone Santos que em 1976, acolheu meu Pai, Dr. Pedro Mameluque Mota, Ex- Prefeito de São Francisco quando chegávamos a Montes Claros. Nesta oportunidade meu pai foi procurador do Extinto Jornal do Norte ( em parceria com o Escritório de Dr. Sidôneo Paes Ferreira) . Gesto de suma importância pois chegávamos em Montes Claros " com uma mão na frente e outra atras" após uma mandato tampão de dois anos na Prefeitura municipal . Em Urucuia foi consolidada a amizade entre Pedro, Marcelo Mameluque Mota e Américo. Amizade esta fortalecida na nossa chegada a Montes Claros na década de 70. Depois Ameriquim ainda cedeu um espaço para a Coluna " Crônicas do Cotidiano" no Jornal do Norte para Glorinha Mameluque e alguns anos mais tarde tive a oportunidade de escrever a minha primeira crítica teatral no Caderno 2 do mesmo Jornal, então sobre a Editoria do saudoso Artur Leite. Vê-se portanto, que em fases distintas, nossos caminhos sempre se cruzaram; os destinos das nossas famílias. Meu pai e seu pai, agora falecido em muito se assemelham: Eram discretos, polidos, educados, generosos, fraternos e distribuiam sabedoria e amor pelos filhos, pelo meio ambiente e devotavam os valores mais nobres da humanidade. Registramos portanto, neste breve espaço, a nossa alegria e reconhecimento, repetindo o que se falou nos últimos dois dias em nossa cidade : Sentiremos muita falta do empreendedor, do fazendeiro, do sertanista , do Jornalista e principalmente do amigo , Américo Martins Filho. Lembremos Guimarães Rosa no Sertão Grande Sertão Veredas, passando por Urucuia : " Sertão... este sertão... não é para os fracos... É para os fortes... Se apresenta pra gente não é no início e nem no fim... É na travessia. Gostaria muito de ser um crocodilo... para mergulhar nas profundezas do Rio; do Rio São Francisco.. Para conhecer as profundezas do Rio como se conhecesse as profundezas da alma dos homens". Descanse em Paz Ameriquim !!!

Gustavo Mameluque. Jornalista e Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. Colunista do montesclaros.com


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Por Gustavo Mameluque - 12/4/2021 16:33:53
Neste momento 7 pequenos aviões e ultraleves sobreveiam os céus de Montes claros emA última homenagem a Américo Martins Filho, colaborador da Aviação em nossa cidade e incentivador do Aeroclube Flamarion Wanderley e também fundador do Ex Jornal de Notícias nas décadas de 1970/80. Ambientalista, Jornalista e historiador tem um acervo memorável da Imprensa local e dexia sua marca de empreendedor e homem de visão.Ameriquim , como era chamado pelos mais próximos, deixa um legado também no Instituto Histórico e Geográfico da cidade do qual fazia parte.
Gustavo Mameluque- Colunista do montesclaros.com


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Por GUSTAVO MAMELUQUE - 28/1/2021 14:48:27

I`m just a man .. Sou apenas um Homem…

Indo para o trabalho passo por um casal de índios venezuelanos, da tribo Warau, que chegaram em Montes Claros durante a Pandemia do Covid-19. Mais um problema a ser enfrentado pela Prefeitura Municipal e por toda a sociedade montesclarense. O mais grave: crianças pedindo esmola nos semáforos. “Mas não são crianças brasileiras. São índios venezuelanos que fazem cocô nas praças e não sabem conversar”. (Resposta de uma cidadã montesclarense) Tive notícia de que o Ministério Público Estadual e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social já tentaram algumas soluções para o “ problema”. Uma das alternativas foi leva-los (ao todo são 87 almas indígenas vivendo em uma casa alugada no Bairro Major Prates) para a antiga Fazendinha do Menor, hoje sob a responsabilidade da Universidade Federal de Minas Gerais.
Interessante que durante o Natal várias igrejas evangélicas e também a Comunidade Católica de Nossa Senhora Rosa Mística, aqui no Bairro Ibituruna, se solidarizaram e promoveram algumas ações como distribuição de marmitex, fraldas ( sim fraldas uma vez que um deles já é montesclarense tendo sido nascido na Maternidade da Santa Casa de Montes Claros). Mas e o amanhã ? Pelas primeiras informações este irmãos venezuelanos não possuem Passaporte ou qualquer outro documento. Informação esta que precisa ser verificada pelo Poder Público Municipal junto à Polícia e a Justiça Federal. Obtivemos também a informação de que a Prefeitura Municipal de Montes Claros ajuizou uma “ Ação Civil Pública” na Justiça Federal solicitando providências uma vez que a questão envolve a União, o Estado e o Município de Montes Claros. Foi solicitado ao Poder Judiciário a imediata identificação dos venezuelanos que aqui aportaram. Tivemos a informação ainda de que eles aqui chegaram encaminhados por Secretarias Municipais de desenvolvimento de outras cidades. O problema está posto. E agora judicializado. E pasmem !! Existe decisão da Justiça Federal permitindo que crianças indígenas estrangeiras fiquem em semáforos por se tratar “ de respeito à cultura indígena dos povos” ( sic). Durma-se com um barulho deste, como dizia nosso saudoso Mestre do Jornalismo Elias Siuf.
Resumo da Ópera : Hoje são aproximadamente 80 seres humanos venezuelanos jogados à própria sorte na nossa cidade. Vivem da esmola dos semáforos e de ações isoladas da Arquidiocese de Montes Claros na pessoa do Bispo Arquidiocesano e também de algumas igrejas evangélicas. Neste meio tempo uma brasileirinha índia nasceu na Santa Casa de Caridade de Montes Claros. Lembro-me aqui ( sempre gosto de associar a vida real a filmes) da obra prima “ O Homem Elefante” estrelado por Anthony Hoppes e já filmado em três versões e encenado no Imperial Theatre de Londres: O “ Homem Elefante” , John Merrick sofria de uma grave deformidade ( elefantíase) e era explorado nos Circos do subúrbio de Londres até que o Dr. Frederic Treves se compadeceu dele e o levou para o seu sítio nos arredores de Londres. Em busca de tratamento ( uma vez que também tinha problemas mentais) foi internado em um Hospício ( a contra-gosto do Dr. Treves ). Certo dia o “ Homem Elefante” foge do Hospício e é perseguido no Metrô de Londres por uma multidão enfurecida e também por vários policiais da Scotland Yard ( que na época não usavam armas). Encurralado, com fome, perseguido, humilhado, excluído, marginalizado ele foi cercado em um dos banheiros do Metrô. E a cena clássica, inesquecível, que merece ser vista e revista aconteceu ( sugiro assistirem ao filme- qualquer versão). Foi uma aula de respeito à Dignidade da Pessoa Humana prevista na Constituição Federal brasileira: Retornando ao filme : Quando o Policial da SY lhe questionou , “ Quem é você ?”. Ele balbuciou amedrontado : I`m just a man … Eu sou apenas um Homem…
Qualquer semelhança com nossos irmãos índios venezuelanos não é mera coincidência.

Gustavo Mameluque- Jornalista e Crítico de Cinema. Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. Colunista do montesclaros.com, do Jornal “ O Tempo”, da Revista Tempo e do Novo Jornal de Notícias de Montes Claros. Membro da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês da Santa Casa de Montes Claros.




85368
Por Gustavo Mameluque - 18/12/2020 07:44:18
A Pandemia e o sonho de Luiz de Paula

Fazendo a minha caminhada matinal no Parque Sagarana passei a refletir sobre este ano que agora se finda. Um ano atípico em que vivemos a pandemia mais severa e mortal de que se tem notícias. Um ano de eleições municipais e também de superação. Um ano que deixará em todos nós marcas profundas e mensagens importantes. Nunca se buscou tanta a ciência para a solução de um problema. E finalmente compreendemos que é nela, na pesquisa, na ciência e na tecnologia que está o nosso futuro, as nossas vidas.
Vivemos em um país em que a educação, as pesquisas científicas sempre estiveram em segundo plano. Sempre foram tratadas com desdém pela sociedade e pelos governantes. E agora somos obrigados a ver a Pfizer americana (que sempre investiu em ciência) vacinar a primeira enfermeira em New York enquanto aqui, ainda nos prepararmos para iniciar a vacinação de todos em janeiro próximo. Enquanto o Instituto Butantã viu seu orçamento sendo encurtado ao longo dos anos a Oxford teve o seu orçamento duplicado ao longo dos anos; e também Oxford, em parceria com a AstraZeneca, também começa a vacinar. Tardiamente concluímos que perdemos o bonde da história no quesito Pesquisa e no quesito educação. E isto nos custou vidas. Isto nos custou muito caro. Países que sempre valorizaram a educação básica e a pesquisa científica deram melhores respostas à pandemia. Por isto não devemos nos esquecer jamais de que a educação, a pesquisa científica e tecnológica devem ser prioridade absoluta de governos municipais, regionais e federal. Retirar do discurso e fazer da prioridade à educação um discurso concreto e duradouro para que saibamos enfrentar melhor e com mais eficiência tragédias e pandemias futuras como a fome e a miséria.
O saudoso Luiz de Paula Ferreira, com toda a sua sensibilidade e inteligência sempre dizia ao seu compadre José Alencar que além do sol e da chuva um fator poderia retirar o norte de Minas do subdesenvolvimento, justamente a educação continuada e de qualidade, pensando nisto fundaram juntos o Colégio da COTEMINAS nas proximidades do carente bairro Morrinhos de Montes Claros, que funciona até hoje. Homens de visão. De futuro.
Além de visionário Dr. Luiz de Paula era também poeta e escritor; em fim um homem adiante do seu tempo. Também um homem para não se esquecer; da mesma forma como nunca deveremos nos esquecer deste ano que se finda. Um ano de dor, de sofrimento, de perdas, mas também de superação e luta. Vejam que beleza Dr. Luiz nos escreveu no século passado: “ Um cheiro bom que vem na brisa da serra está anunciando que estamos outra vez em setembro. O mês das tardes bonitas, do sol pálido. Setembro das queimadas, das tardes calmas de fim de estio. No sertão, as primeiras tardes da primavera têm um cheiro bom de inocência (...) com o cair do crepúsculo, vão-se calando, pouco a pouco, todos os rumores. E um quase silêncio envolve a natureza, quando sobre o horizonte longínquo a papa-ceia anuncia que vai nascer a noite estival. (...) minha primeira profissão aqui foi de engraxate, na rua Simeão Ribeiro, em frente a um bar onde é hoje a Lanchonete cristal. (...)foi decisiva em minha vida a formação em contabilidade. Foi como contador, trabalhando muito e economizando, que consegui montar minha própria empresa, com a venda da qual pude alimentar o sonho de trazer para Montes Claros a fábrica de tecidos mais moderna do país.
Na oportunidade desejo a todos os leitores do Novo Jornal de Notícias e do site montesclaros.com um natal de muita paz e um 2021 repleto de vitórias e realizações, com muita saúde, emprego e oportunidades para todos.

Gustavo Mameluque é Jornalista, Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros e colunista do Novo Jornal de Notícias e do site montesclaros.com


85352
Por Gustavo Mameluque - 10/12/2020 18:49:09
O Segredo da Felicidade...

Segundo Virgílio “ Feliz é aquele que pode conhecer a causa das coisas”. Para ele ser feliz é ter o discernimento total do passado, do presente, sem perder de vista o futuro que sobrevem.
Para muitos a felicidade está no sucesso, na fama, no poder, no dinheiro, nas realizações, nas vitórias e conquistas, no realizar, no dever cumprido. Afinal de contas não viemos a este mundo para ser feliz ? Sendo assim filósofos, cientistas e pensadores se debruçam constantemente sobre este tema e dentre eles destaco hoje a contribuição de Clóvis de Barros Filho em seu livro “ A vida que vale a pena ser vivida”. Ele nos relata que até os 13 anos de idade era uma criança infeliz que contava os minutos para a aula terminar, que contava os minutos para o treino de natação no Clube Pinheiros terminar e que também contava os segundos para terminar o jogo dominical de Corinthians e Palmeiras no Pacaembu. Mas conta ele que tudo mudou quando aos treze anos foi matriculado no Colégio Jesuita de São Paulo e um determinado Professor de Geografia decidiu que não iria dar aulas formais mas sim organizar Seminários temáticos a ser apresentado individualmente por cada um dos alunos da antiga oitava série. Eis que chega o grande dia e o aluno Clóvis ficou de apresentar o Seminário com o tema : Petróleo. A sala esta completamente lotada vez que todas as outras turmas participavam do Seminário. Ele falou durante 50 minutos sobre Petróleo e naquele momento de glória chegou à conclusão que seria Professor e que ali era e seria o seu lugar para sempre. E assim foi. Ele arrasou na tribuna. A partir deste evento ministrar aulas era um ato de felicidade. Chegou à conclusão que ali, era a sua praia. E arremata : “ A vida é bem legal quando você faz o que é a sua praia, o que você ama, o que lhe dá prazer”. Ai talvez esteja o segredo da felicidade do ser humano.
Ao longo da vida, somos cobrados o tempo todo. Aqueles que nos cobram esperam algo de nós. Na natação ou no Atletismo a medalha de ouro. Em suma, a felicidade é o critério em função do qual podemos afirmar que uma ação é moralmente correta, aceitável, elogiável ou incorreta. Serão justas ou injustas na medida em que constituírem meios adequados para esse fim. Assim alimento-me para conseguir trabalhar: trabalho pelo salário; com o dinheiro vou viajar para Paris ou Londres: viajo também para comprar livros; compro livros para o ler; leio para alargar meu repertório; alargo meu repertório para me tornar mais culto. Rousseau propõe que todos os animais são dotados de instinto. Complexo programa que oferece respostas para todas as situações da existência. O instinto é tudo que o animal tem e tudo de que precisa para conduzir sua vida até o final. Para sobreviver, digamos. O que nos permite sempre concluir que os animais já nascem prontos. Pequeno talvez, mas com todos os recursos disponíveis. Reparem nas abelhas, formigas e aranhas. Assim os animais serão rigorosamente fiéis a esse instinto. Não lhes é possível ser diferente. De tal maneira que um gato, programado para comer carne, morrerá de fome do lado de um prato de alpiste. Não lhe ocorrerá matar a fome com aquilo de que circunstancialmente dispõe. Esse improviso lhe escapa. E também ao cachorro e ao cavalo. E ao gado bovino e suíno. Da mesma maneira, um pombo, que também definhará sem arriscar comer um prato de filé que lhe está sendo oferecido. E o homem? Bem, o homem também tem algum instinto. Procura o seio materno quando nasce. E o faz por instinto. Mas este pequeno instinto, no caso do homem, não dá nem para a primeira semana. O homem precisa de mais, muito mais, para viver e crescer. Fica evidente que, nos seu caso, ele não nasceu pronto. Nos dias de hoje, aliás, está precisando de uns trinta anos para sair do forno e sair da casa dos pais. Um longo tempo de preparação. Essa preparação, no âmbito individual, é a sua EDUCAÇÃO. Por isto o homem também come alpiste. Hoje ele chama de linhaça. Parece que faz bem à saúde. Dieta ponderada. Resultado das escolhas. Uma VERDADEIRA OPÇÃO DE VIDA. Muito diferente da comida de pombo. Que é o que é. O homem também come filé. De tudo quanto é jeito. Se a coisa apertar, o homem come o gato, o pombo e o cachorro , como aconteceu na Roma antiga quando a raça canina quase se dizimou. Por isto cabe ao homem, inventar, ponderar, criar, esculpir, a estátua da própria existência.Por isto o homem excede. Transcende a própria natureza.Vai além dos instintos.Porque quando a natureza se cala, ainda resta o desejo e a vontade. O ser humano é, ante de tudo, um ser de razão e de liberdade em busca da felicidade.
Para terminar perguntaram a Jesus Cristo quando este estava na Galiléia qual era o segredo da Felicidade ? E ele respondeu : “ A vida dedicada ao outro”.
Em tempos de Pandemia em que já estamos prontos para a vida fica a mensagem do filho do homem que suplanta a filosofia, a sociologia, a ciência e o negacionismo dela.
A felicidade se resume à vida dedicada ao outro.

Gustavo Mameluque, Jornalista . Colunista do montesclaros.com e do Novo Jornal de Notícias. Membro do Instituto Histótico e Geográfico de Montes Claros.


85272
Por Gustavo Mameluque - 13/11/2020 07:47:31
ERAMOS SEIS.
Montes Claros do século passado!!!

Era terça-feira de carnaval do século passado, quando em um fusca azul claro ,chegávamos junto com o entardecer, na Avenida Ouvidio de Abreu em Montes Claros. Éramos seis. Fui matriculado no Colégio São José, bem próximo a nossa primeira morada, na capital do Norte de Minas. Tudo era sonho. Iríamos recomeçar depois de uma passagem do meu pai como Prefeito Municipal de São Francisco. Chegamos, literalmente, com uma “mão na frente e outra atrás”. Meu pai advogado em uma nova cidade “estranha” e minha mãe servidora da Secretaria de Estado de Fazenda. Conhecíamos quase ninguém. E ninguém nos conhecia. Salvo, que me lembre, Dr. Sidôneo Paes Ferreira, que acolheu meu Pai no seu escritório de Advocacia, Dr. Cesário (médico de Christina), Tio Guilherme e Tia Dozinha (oriundos de São Francisco também). Este primeiro ano foi muito difícil. Passamos algumas privações. Com quatro crianças, orçamento apertado e sonhos dilatados. Meus pais desejavam melhor oportunidade de estudos para nós. E assim foi feito. Prioridade total aos “estudos dos meninos” como ouvi por diversas vezes. Nossa origem é barranqueira. Barrancas do Rio São Francisco. Januária, Pirapora, São Romão e São Francisco se misturaram no nosso sangue, nos nossos sonhos e em nossa alma.
Mas passamos por alguns percalços. Para mim o primeiro deles foi a pergunta de um professor do Colégio São José (hoje jamais ocorreria): De que família você é? Respondi amarelado: Dos “Mameluques”. O professor insistiu: “Mameluque de onde? Eu meio nervoso e sem graça, respondi:” De Januária e São Romão; sou do Rio São Francisco! O Professor satisfeito me interrompeu: “Seja bem vindo” mameluco” que pode muito bem ser filho de branco e de índio. Na minha sala havia colegas de várias famílias tradicionais do Norte de Minas. Mas fui acolhido por todos eles. Nesta jornada de aprendizado, convivi com homens e mulheres ilustres. Alguns por mais tempo; outros de relance, outros e outras mais distante. Conheci homens do povo, pessoas simples e também políticos, escritores, benfeitores e benfeitoras. Tive a alegria de em 1982 fazer a minha primeira entrevista jornalística (era estudante de Jornalismo da PUC) com o Ex- governador Leonel Brizola (que acabara de chegar ao Brasil vindo do seu exílio) e com o antropólogo e escritor Darcy Ribeiro. Esta entrevista se deu na casa de Dr. Mário Ribeiro, próximo a Santa Casa. Eu estava fazendo estágio de férias na Rádio Sociedade com José Nardel, Elias Siuf e Artur Leite (in memoriam) quando em um domingo à tarde, Artur sugeriu que eu entrevistasse o Ex Governador Brizola para o Jornal das 12:00 hs na segunda feira. Assim o fiz. Transcrevi a entrevista com Brizola e ainda levei no retorno a Belo Horizonte para apresentação na Faculdade. Para Darcy, lembro-me, fiz uma única pergunta, meio ingênua:” Como o senhor se sente ao voltar aos Montes Claros, mais uma vez?”“. Ele me respondeu : “ Nunca sai de Montes Claros meu querido!
Aprendi com o Padre Joaquim Cesário Macedo (já falecido) uma lição para toda a vida. E com Darcy a certeza de que a gente sai de Montes Claros; mas que Montes Claros não sai da gente.
Em uma de suas homilias, domingo à tarde, na Capela do Asilo são Vicente de Paulo, ele dizia que a caridade deve ser valorizada. O acolhimento a pessoas pobres e desesperadas deveria ser a razão de ser do Cristão. Era simplesmente viver o Evangelho. Conta ele que suas irmãs iam sempre ao antigo Asilo de Montes Claros para visitar os “Velhinhos e Velhinhas” lá
asilados. Contavam casos, cantavam, davam atenção, levavam alimentos, remédios, em fim, jovens de Montes Claros tinha o hábito de visitar o asilo nos finais de semana. Todos estes jovens eram dignos de elogio e incentivo. Mas uma jovem se destacava de todas as outras jovens. “Ela lavava as feridas dos idosos e enxugava carinhosamente”. Neste momento ele silenciou, Interrompeu a homilia, aproximou-se da primeira fila e beijou as mãos desta Jovem ( na época já Senhora). Ela ficou um pouco sem entender. No final da Homilia ele explicou : “ Beijei as mãos de Cristo”.
A convivência com pessoas simples e despojadas é importante na vida da gente. Vejo hoje como foi importante desembarcar nos claros montes, em uma terça-feira de carnaval, em um fim de tarde, desprovido de coisas materiais, mas toda uma pequena família impregnada de sonhos, de desejos, de decepções e ensinamentos, para nos transformarmos em uma família comum : que erra, que acerta e que acredita que a fé, a esperança e o amor podem de fato transformar o mundo em que vivemos.
Dedico este artigo de hoje aos meus pais : Pedro Mameluque Mota( In memoriam) e Maria da Gloria Caxito Mameluque.
Gustavo Mameluque- Jornalista, Bacharel em Direito , Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros e da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês da Santa Casa de Montes Claros.


85247
Por Gustavo Mameluque - 5/11/2020 12:55:34
Lembranças ...

Observando, num dias desses a violenta guerra do trânsito que vivemos em Montes Claros, lembrei-me de um fato pitoresco e singelo que me ocorreu nos idos de 1973, aqui em nossa cidade. Havíamos acabado de chegar a Montes Claros, vindos com saudades de São Francisco. Morávamos em uma casa modesta na Av. Ovídio de Abreu, 351, próximo ao antigo “Cine Lafetá”, vez que chegávamos para recomeçar a vida na promissora cidade dos Montes Claros. Como conta o romance, éramos seis: meu pai, mãe, e os três outros irmãos. Em 1974 fui matriculado na pioneira Escola Polivalente Professor Alcides Carvalho, no nascente bairro Jardim São Luiz. Quem conhece Montes Claros sabe muito bem que a ponta da Avenida Ovídio de Abreu, já quase no Santa Rita, e o Polivalente estavam e estão ainda hoje completamente opostos. Logo no primeiro dia de aula questionei meus pais: - Para chegarmos às sete horas da manhã, a que horas deverei sair de casa para não encontrar o portão fechado?. Lembro-me bem, como se fosse hoje, da resposta da minha mãe Glorinha: - Se você for à pé, deverá sair às seis e quinze da manhã. Segue toda a Avenida, passa com muito cuidado pela rodoviária, desce a Rua Barão do Rio Branco até a Avenida Mestra Fininha. Chegando à Mestra Fininha, você sobe até a Escola Normal, vira à direita, desce quatro quarteirões, vira novamente, só que à esquerda, e, exatamente às sete horas, você estará na porta da Escola.
O certo é que, salvo dois ou três dias de garganta inflamada e febre, neste ano de 1974 nunca cheguei atrasado ao Polivalente. E minha mãe prosseguiu na resposta: - Se você for de bicicleta (tínhamos uma antiga MonarK, barra circular verde), poderá sair às seis e meia. Por fim concluiu: - Se o seu pai não estiver viajando para São Francisco, ele poderá te levar de carro e, nesse caso, vocês podem sair às seis e cinqüenta. Nessa época meu pai ainda mantinha seu escritório de advocacia em São Francisco e sempre ia para lá na terça-feira, retornando na sexta. Nesse primeiro ano me acostumei a ir à escola a pé ou de bicicleta. No ano seguinte, meu irmão, Leopoldo, também passou a estudar no Polivalente e coube a mim a responsabilidade de transportá-lo na garupa da prestimosa barra circular verde. Quando chegamos em 1976, minhas responsabilidades aumentaram: já teria também que transportar a minha irmã Cristina. Íamos na bicicleta barra circular verde eu, Leopoldo e Cristina.
Retorno à minha infância com o intuito de fazer um contraponto com os dias de hoje. Já não se pode deixar que nossos filhos se dirijam à escola de bicicleta. Pelo menos até à quinta série, ou eles têm de ir de carro (os pais levando) ou de ônibus escolar ou Uber. Isto na época em que não existia o Corona vírus e que as crianças e jovens ainda iam na escola. Naquele tempo não havia Ensino à distância nem internet. Não é só o trânsito agitado que preocupa atualmente. A violência do dia-a-dia. Fico a meditar, como seria aquela resposta a mim dada nos dias de hoje. Com certeza eles teriam que nos acompanhar até a escola todos os dias: de carro, de Uber, de ônibus, ou a pé.

Recentemente foi proferida uma palestra pelo filósofo e professor Paulo Volker, em que ele relata a importância do vínculo familiar e do diálogo no processo de proteção dos filhos. Ele relata que os filhos são como plantinhas que não podem se expor muito ao sol e à luz, pois acabam morrendo. A criança precisa de sua privacidade, do seu aconchego e também do abraço afetuoso de seus pais. Conclui a palestra afirmando que, se abraçássemos mais nossos filhos, conheceríamos mais seu cheiro próprio. E poderíamos distinguir outros cheiros, como o do cigarro e outras” coisitas”mas, por exemplo. Da narrativa acima, retira-se também outra lição. Os pais devem repassar aos filhos o senso de responsabilidade. Minha cota, por exemplo, era transportar meus irmãos, o que procurei realizar da melhor maneira possível. Isso tudo nos mostra também como são importantes as dificuldades e revezes que enfrentamos em nossa vida. E entender que, com paciência, tudo se resolve. Hoje eu agradeço a Deus pelas limitações que me foram impostas pelas circunstâncias e pela decisão de meus pais. Não somos uma família perfeita, se é que existe alguma. Mas acreditamos que a vida sempre vence a morte. Que a luz sempre vence as trevas, que a paz é o veneno da guerra e que o amor será uma dia a única língua dos homens. Sonho ? “ Mas um sonho nunca é uma mentira”. ( Orson Wells).

Em memória de Pedro Mameluque Mota e de todos os egressos da E.E. Prof. Alcides Carvalho ( Polivalente).

Gustavo Mameluque- Jornalista. Bacharel em Direito. Cronista do montesclaros.com e do Novo Jornal de Notícias. Membro da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês/Santa Cas e do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros .
gustavomameluque@gmail.com



85117
Por Gustavo Mameluque - 24/9/2020 21:23:20
O Mulo. Por Darcy.

O antropólogo Darcy se mostra completamente inteiro em " O Mulo". Também considerado por muitos literatos brasileiros como um romance regional ele retrata o cotidiano do Sertão das Gerais , de Montes Claros a Cristalina de Goiás. Passa pela construção de Brasília-DF em um tempo de Coronéis . Segundo Wanderlino Arruda, escritor montesclarense, Darcy, sem demorar muito será reconhecido, como um dos grandes romancistas brasileiros do Século XX. Será, talvez, lembrado muito mais como romancista do que como o grande sociólogo, político, antropólogo e político questionador que foi. Somente para relembrar: “Assim cheguei a esse poço sem fundo de lembrança, que despejo em cima do senhor. Sou, hoje, um mulo cheio de reminiscências. Eu nem supunha que coubesse em mim, nem em ninguém, tanta lembrança como as aqui recordadas.

Sobre esta obra, Darcy escreveu em seu livro Testemunho “Ao contrário do chamado romance social que exalta humildes mas heróicos lutadores populares, em O Mulo eu retrato o nosso povo roceiro, sobretudo os mais sofridos deles que são os negros, tal como os vi, sempre mais resignados que revoltados. Além da espoliação de sua força de trabalho e de toda sorte de opressões a que são submetidos, nossos caipiras sofrem um roubo maior que é o de sua consciência. O patronato rural se mete em suas mentes para fazê-los ver a si mesmos como a coisa mais reles que há.

“Guardo em mim recordações indeléveis das brutalidades que presenciei em fazendas de minha gente mineira e por todos estes brasis, contra vaqueiros e lavradores que não esboçavam a menor reação. Para eles a doença de um touro é infinitamente mais relevante que qualquer peste que achaque sua mulher e seus filhos. Esta alienação induzida de nossa gente, levada a crer que a ordem social é sagrada e corresponde à vontade de Deus, é que eu tomei como tema, mostrando negros e caboclos de uma humildade dolorosa diante de patrões que os brutalizavam das formas mais perversas. Tanto me esmerei na figuração destes contrastes que um pequeno bandido político em luta eleitoral contra mim fez publicar alguns daqueles meus textos de denúncia como se expressassem minha postura frente aos negros. “

“Quem pegará meus papéis de confissão e sairá depois da minha morte em busca do senhor, seu padre (...) não conto com ninguém.”. Darcy retoma o tema da velhice, da desilusão do fim de vida, dos nossos raros momentos de reflexão. O mulo é uma obra de questionamentos, vividas pelo narrador e pelos seus diversos conhecidos de Montes Claros, como muito bem relata Arruda em suas crônicas e pela ocasião do lançamento de” O mulo”. Não é gente. De uma certa forma mostra no romance que alguns resquícios deste pensamento conservador e anti-humano criaram raízes no coronelato brasileiro que Gilberto Freyre, tentou escamotear na “democracia racial” de Casa Grande e Senzalas. Havia uma certa harmonia, um certo respeito do Senhor de Engenho para com o negro e especialmente a negra das Senzalas. Negra que se deitava com o Senhor. Negra ama de leite. E viviam em harmonia. Em “o mulo” Darcy arrebenta está lógica da” Democracia Racial”. E nos traz ainda uma personagem mutante. Permeando entre o bem e o mal. Um personagem múltiplo na fala de Wanderlino.
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“Uma madrugada que acordei estremunhado e saí porta a fora, bati com o pé no moleque que vivia enrodilhado ali; Acordando assustado ele me perguntou gritando: Que é seu mulo? Quem é quem? Perguntei eu. Aprendi ali, naquela hora, meu apelido.”


Darcy na sua integridade ética e revolucionária de sociólogo e antropólogo, de educador, de visionário, de gênio falante, de político, de lucidez própria dos grandes homens e dos grandes pensadores define a nação brasileira como” a nova Roma.”. Mais forte e criativa porém. .

Darcy, no conjunto da sua obra literária (Maira, Mulo, Povo brasileiro) renova a cada dia a sua convicção antropológica e revolucionária de que aqui na “terra brazilis” formou-se realmente um novo gênero humano. Uma nova civilização; mais produtiva, mais generosa, porque aberta à convivência, com todas as raças e todas as culturas.

Gustavo Mameluque Jornalista Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. Colunista do montesclaros.com - mameluque@bol.com.br



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Por Gustavo Mameluque - 9/9/2020 18:15:55
Compra de Casal nordestino em Montes Claros não é fake News.

Estudo muito interessante e que merece ser divulgado para acadêmicos, estudiosos, historiadores e para o público em geral e para os nossos políticos é a Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História Econômica da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo pelo Professor norte-mineiro Laurindo Mékie Pereira com orientação da Profa. Dra. Raquel Glezer. Importante ressaltar que o Projeto do Prof. Mékie teve efetivo apoio da UNIMONTES em diversos aspectos.

Prof. Mékie trabalha o regionalismo político norte-mineiro da segunda metade do século XX. O objetivo central é compreender a emergência e o desenvolvimento da ideologia das classes dirigentes, identificando os seus principais componentes, sua difusão e assimilação pelo conjunto da sociedade. Em especial ele analisa muito bem a participação da Sociedade Rural e da Associação Comercial e Industrial de Montes Claros na formulação do conceito de “desenvolvimento regional” e o envolvimento das mesmas com o” Poder político” local. A conclusão mais importante é a de que a burguesia regional se organizou como classe, nesse período, tendo evoluído de uma ação corporativa inicial para o exercício da hegemonia, ao final do século XX. Mas o que mais chama a atenção na sua bem elaborada Tese de Doutorado é a descoberta, durante as suas pesquisas, no Jornal Binômio , de Belo Horizonte de que em Montes Claros, no século XX ainda havia resquícios de escravidão, de escravidão branca, quando casais vindos do nordeste (retirantes) eram negociados .

“Em 1959, os retirantes de Montes Claros foram assunto nacional. O jornal Binômio, de Belo Horizonte, divulga que um” mercado de escravos em Montes Claros”, pois os jornalistas, disfarçados de fazendeiros, teriam comprado um casal de nordestinos por 4 mil cruzeiros, com recibo e garantias de saúde do mesmo.” Tal fato teve repercussão nacional e foi contestado pela imprensa montesclarense da época tendo como porta-voz o ex-colunista e Jornalista Lazinho Pimenta. Mékie destaca ainda a participação do Prof. Simeão Ribeiro Pires e dos Professores Alfredo Dolabella e Expedicto Mendonça na teorização das teses separatistas que fundamentaram o Estado de São Francisco e o Estado de Minas do Norte, ambos derrotados no Congresso Nacional.

Dr. Simeão é lembrado pelo Prof. Laurindo da seguinte maneira: “Destacamos, ainda, a atuação de Simeão Ribeiro Pires. Pertencente a uma das mais tradicionais e influentes famílias da região- os Ribeiros-, Simeão, formado em engenharia e história, era também fazendeiro, industrial e liderança política. Foi prefeito de Montes Claros entre 1959 e 1963 e vereador nas gestões 1963-1966 e 1967-1970. Entendemos que ele foi um dos principais formuladores da ideologia regionalista, desempenhando o papel de intelectual das classes dirigentes, organizando-as, contribuindo para lhes dar homogeneidade e exprimirem-se política e economicamente, conforme propõe Gramsci. (...) ele foi voz ativa no movimento de 1987-1988, fornecendo a esse movimento (Estado Minas do Norte) um dos seus argumentos mais fortes: a tese da primazia baiana na colonização do Norte de Minas e a similitude dessa região com o restante do Nordeste. Já em 1962 e 1965, ele publicou artigos defendendo suas idéias e as apresentou, de forma organizada e” completa”, em 1979, com o livro Raízes de Minas.”

O mérito maior do Prof. Mékie é sistematizar com clareza e precisão científica o processo de formação da “ideologia do regionalismo” traçando um perfil que se iniciam com as bandeiras paulistas, passando pelas disputas políticas de Camilo Prates e Honorato Alves, a criação da SUDENE, os movimentos separatistas patrocinados pela classe política local e contestada pelo centralismo do Governo mineiro. Deixa claro que neste período contemporâneo não houve espaço para significativas manifestações populares e que realmente o processo político foi ditados pelas classes empresariais e intelectuais, com poucas ou raríssimas exceções . Ressalta por fim que as poucas demandas populares de caráter regional foram capitalizadas pelo tripé: Sociedade rural, ACI e Políticos institucionalizados ( Prefeitos, vereadores e Deputados).
Referência: PEREIRA, Laurindo Mèkie. Em nome da região, a serviço do capital: o regionalismo político norte-mineiro. São Paulo: USP, 2007.

Gustavo Mameluque. Jornalista e Cronista do site montesclaros.com - Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros.
gustavomameluque@gmail.com



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Por Gustavo Mameluque - 4/9/2020 18:12:07
Antônio Dó. O grande sertanejo injustiçado – E Caleidoscópio.

Da mesma forma que Napoleão Valadares se entusiasmou ao prefaciar a obra-prima “Serrano de Pilão Arcado- A saga de Antônio Dó” eu também me entusiasmei e vibrei com tão completo, profundo e marcante romance histórico. Merecidamente selecionado pelos Professores de Letras e pela COTEC para o Vestibular UNIMONTES. Fez-me lembrar Juan Rulfo no clássico mexicano Planalto em Chamas e Pedro Páramo, Cem anos de Solidão de Gabriel Garcia Marquez e Grande Sertão Veredas do sertanejo Guimarães Rosa. Antônio Dó- Severo bandido; nos dizeres de Rosa. Perfeição na escrita e na imaginação. Riqueza de detalhes. Riqueza de fatos. Português perfeito. Misto de realidade e fantasia, com predominância do resgate histórico do herói-bandido Antônio Dó. Mas, segundo o Prefaciador Valadares: “o livro não é só história de Antônio Dó, que foi um menino da fazenda Salitre, em Pilão Arcado; um fazendeiro em São Francisco; um garimpeiro no Rio Claro, um jagunço com fama desde o Carinhanha até os Gerais de São Felipe; um bandoleiro que as forças do governo acabaram por desistir de querer matar”. Antônio Dó queria apenas Justiça. Receber o preço justo referente às terras que lhe tomaram com a aquiescência do Poder de Plantão em São Francisco. Somente queria o Justo. Foi empurrado para ser “bandido”. Serrano de Pilão Arcado mostra com muita clareza as arrelias políticas da cidade de São Francisco, cidade que tive a alegria de viver durante minha infância, com os líderes locais tramando conspirações para se agarrar ao poder, com assassinatos, deportações, fugas de canoa, incêndios, cárcere privado, canalhice, nobreza de caráter, grandeza de espírito, tudo o que há na vida e, por conseguinte, há no romance. É uma produção literária nascida de um extremado esforço de pesquisa que, ao lado de outras obras consagrou a presença de Petrônio nas letras brasileiras. Segundo Luiz de Paula Ferreira: “é obra consagrada”.

Ler Serrano de Pilão Arcado é voltar ao tempo e relembrar conhecendo todos os segredos e costumes do sertanejo, de maneira especial o sertanejo das barrancas do São Francisco. A narrativa passa por Januária, São Francisco (núcleo central), São Romão, Serra das Araras, Brasília de Minas e Pirapora. O livro que mais se assemelha a um belo roteiro de cinema mostra a chegada de Antônio Dó e sua família na antiga Pedras de Cima (São Francisco) na época do Império. Mostra com riqueza de detalhe os costumes dos Coronéis da época e também do homem comum. Homem comum muito bem representado por Antônio Dó. Antônio Dó foi escorraçado de suas terras pelo desafeto Chico Peba com a complacência e o apoio das lideranças municipais da época, inclusive o vigário de São Francisco. Foi-se embora para Serra das Araras apenas com o desejo de ser indenizado, pela Câmara Municipal pelo prejuízos sofridos. Nesta tentativa de reparo destacamos a forma como Petrônio delineou e explicitou o caráter do Cel. João Maynart. Maynart era amigo de Antônio Dó e intermediou com as autoridades locais o pagamento da indenização pelas perdas. Mas o Juiz Municipal e os Coronéis da Velha República inviabilizaram o Processo e lançaram Antônio Dó de vez no mundo do “Crime”. Antônio Dó era percebido pela população ribeirinha como um verdadeiro Hobin Hood que protegia e lutava pelos mais pobres. A população torcia para que as volantes do Governo não prendessem ou matassem Antônio Dó.
Mas para viver e sentir tudo isto que estou falando é preciso ler cada uma das 597 folhas desta Obra-Prima. Morto à traição por um jagunço infiltrado das Cotendas iniciou-se a sua lenda. Foi morto em baixo de um pé de Baru centenário que ainda hoje vive frondoso na Serra das Araras; bem ao lado do córrego da Aldeia; onde ele escolheu para viver seus últimos dias ao lado de Francilha. O Centenário Pé de Barú parece resistir como a gritar que o sertanejo Antônio Dó foi um grande injustiçado. Como João Batista o foi. Ninguém da Corte Herodes se pronunciou quando Salomé recebeu a cabeça de João como prêmio. Da mesma forma ninguém foi solidário com a injustiça cometida ao retirante Antônio Dó de Benedito. Petrônio resgata esta história. Mesmo tardio. Oitenta e dois anos depois da sua morte a memória de Antônio Dó foi restabelecida e uma outra face foi contada.

Felicidade Patrocínio nos apresenta quem é Petrônio Braz : “Diante do reconhecimento, Petrônio Braz não se deslumbrou, mas aumentaram-lhe as responsabilidades. Sua riqueza ontológica leva-o a gestos que merecem a nossa esperança. Um exemplo é esta obra que agora edita. Partindo da consciência da transitoriedade da nossa condição humana e entendendo que arte é, também, a síntese de uma época, o Autor reflete uma forma que supere os avatares de Chronos, e o que encontra? Novamente a Arte, como elemento de imortalidade. Privilegiando-a na área da literatura, seleciona textos de contemporâneos da região norte-mineira, espaço onde se fez e socializa um conteúdo que não apenas possa relembrar, mas celebrar e consagrar o que pertence à verdade de um povo. Optando pela heterogeneidade temática, CALEIDOSCÓPIO registra a explosão das letras de uma região em um tempo de efervescência intelectual. Cada seção é precedida de uma apresentação dos autores dos artigos, livrando muitos do risco de serem vítimas da pátina do tempo. O que, também, quer o Autor, é transformar a experiência escrita deste tempo em memória.”

Termino esta resenha crítica com as lindas palavras do ilustre pai de Petrônio , Brasiliano Braz , nestes termos:

“Antônio Dó nunca foi vencido. Numa sepultura rasa, nos rincões da serra das araras, dorme agora o sono da eternidade. Os seus feitos são, ainda hoje, o entretenimento, um dos temas dos serões ao pé do fogo, nos lares humildes do sertão mineiro.”

Gustavo Mameluque- Jornalista, Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros- Cronista do site montesclaros.com - Colaborador do Caderno Opinião do Jornal Hoje em Dia.



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Por Gustavo Mameluque - 14/8/2020 09:58:44
Em tempo de Pandemia vamos falar de Inveja.

Acabo de ler o excelente livro do Bahiano Joaci Góes, Presidente da Academia de Letras da Bahia com o título “ A inveja nossa de cada dia” em que o mesmo nos trás este sentimento pecaminoso desde Moisés, passando por Napoleão, Hitler, Kennedy, Jhon Lenon e Pelé, dentre outros. Compilação de leitura obrigatória para todo aquele que desejar entender mais um pouco deste sentimento que ao longo dos tempos vem provocando guerras, mortes e revoluções. Ele distingue com maestria muito bem, Inveja de Ambição. E nos revela que inveja é “ desejar o que o outro tem” enquanto que Ambição é “ lutar, estudar, pelejar e trabalhar para chegar naquele patamar de sucesso que o outro chegou”.
Capítulo de destaque do livro é aquele destinado ao Nazismo e também ao Vaticano. Pasmem ! Ele estudou profundamente vários relatos do “ Pecado Capital”, Inveja, no seio do Vaticano. De maneira técnica e recorrendo a várias citações o autor descreve com rara cultura todo o processo de “ Inveja” que culminou com o apogeu e a queda do III Reich Alemão protagonizado por Adolph Hitler. Hitler tinha muita inveja dos comerciantes judeus que viviam em Berlim. Inveja a sua cultura, a sua riqueza e sua prosperidade. Esta inveja transmutou-se em ódio e este ódio se consubstanciou em guetos e campos de concentração. Ou seja, a inveja, mal hálito da alma ( segundo Góes) é dos Pecados Capitais o mais mortal. Por inveja se deseja, se falseia e se mata.
Quem nunca sentiu schadenfreu provavelmente esta mentindo, já dizia Arnaldo Chuster e Renato Trachtenber na obra “ As sete invejas capitais”.
Shadenfreude, palavra alemã, representa quela alegria inconfessável de outro se dando mal. Algo muito raro no Brasil de hoje. E principalmente na Política, ou seja, para alguns, “ quando pior melhor”. Frase símbolo da INVEJA TUPINIQUIM. E não há reza forte ou mandiga, Santo Forte ou Iemanjá que impeça a inveja de atacar, porque querer o que é do outro faz parte da natureza- de macacos a bebês, relembra Góes.
Ao longo da história. Diversos personagens causaram prejuízos a oponentes que ameaçavam roubar seu status. Em um caso famoso que entrou para a galeria de lendas sobre a inveja ( e que não consta no livro de Joaci Góes), o compositor italiano Antônio Salieri teria envenenado Wolfgan Amadeu Mozart, então com 36 anos. Aliás os dois são protagonistas do filme “ Mozart” ganhador do Oscar. Salieri morreu de tanta inveja de Mozart.
Segundo a lenda, “ ao se preocupar somente em alcançar o gênio austríaco, Saliere teria desprezado sua próprias qualidades excepcionais. Era um “ virtuose da música” também. Deu azar de nascer no mesmo século de Mozart. Tal qual Neymar Júnior deu azar de nascer no mesmo século de Leonel Messi e Cristiano Ronaldo. Dizem as más línguas que Neymar Júnior morre de ciúmes de Messi pelo fato de Messi ter sido eleito por diversas vezes o melhor do mundo pela FIFA. Da mesma forma Diego Maradona morre de inveja de Pelé. Maradona gostaria muito de ter sido Pelé. “ Além de se um excelente compositor, ele havia descoberto Mozart, o que mostra uma sensibilidade aguçada. Ele também era um gênio. Tal qual Maradora e Neymar. Não precisava invejar ninguém. Bastava-se em si mesmo”.
Toda a trama e narrativa do clássico Machbet de William Sheakspeare, uma das obras que marcaram a passagem do homen medieval para o homem contemporâneo, a linha mestra também é a INVEJA. Lady Machbet chega a desafiar : “ Se você não deseja o trono da Escócia não mais serás digno de mim. Não serás homem “ . Machbet se rende ao desejo da esposa, e ao seu próprio desejo, e ensanguenta as suas mãos. Como o Rei escocês morto em suas mãos declara : “ Nem toda a água do oceano vai lavar as minhas mãos deste sangue injusto”. É a inveja produzindo ódio, morte e dor. Avassaladora como vírus Covid-19 que não perdoa ninguém: jovens, adultos, idosos, sadios e pessoas com cormobidade.
No Judaísmo, a inveja só é considerada pecado quando existe o desejo de tirar algo do outro. Quando tem o caráter de admiração, é vista como estímulo para o desenvolvimento material e espiritual. Ficou consagrada a expressão “ inveja santa” ou “ inveja boa”, incentivo para alcançar os objetivos de crescimento.
Concluindo este artigo em tempo de pandemia tenho inveja ( no bom sentido !) do autor deste clássico : “ A inveja nossa de cada dia”. Mas uma inveja sadia. Quem sabe um dia eu e mais um tanto de nós não venhamos a sistematizar e redigir como ele ? Lembando que inveja difere de ambição. E que podem existir duas ambições. Uma de querer crescer e outra de querer destruir para cre







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Por Gustavo Mameluque - 25/3/2020 13:01:51
Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. São Paulo. 1 Coríntios 6:12

Afastado das letras por questões de tempo, inspiração e talvez até desânimo vejo-me compelido a escrever algumas linhas sobre a Pandemia do Coronavírus. Este evento de proporções planetárias levam-nos a algumas reflexões; tudo um mix de telejornais, informativos da OMS e porque não opiniões de parentes, amigos e profissionais da Saúde. Nestes tempos também, Padres, Pastores, líderes religiosos de toda a crença também se manifestam.
Resumindo tudo que vi e ouvi desde 11/03/2020 ( Dia em que a OMS decretou o Estado de Pandemia Internacional) fiz o seguinte relato inconclusivo e incompleto :
1). Esta pandemia não é de esquerda, de direita nem de centro. Não tem matriz ideológica nem filosófica.
2). O COVID-19 não escolhe a vítima. Atinge todas as classes sociais em todos os lugares do mundo.
3). Parece que os Governantes pelo mundo afora estão entre uma “ escolha de Sophia”. Ou optam pelo isolamento total das pessoas ou fazem um isolamento parcial priorizando a manutenção mínima dos agentes econômicos.
4). Parece que com o agravamento da crise os ânimos entre os vários níveis de Governo ( Federal/Estadual/Municipal) vão se acirrando levando a situações e declarações inusitadas e surpreendentes, dependendo do ângulo em que se está.
5). Nunca se discutiu tanto a importância da Ciência na busca da cura para os males da terra. E também nunca se questionou tanto a Ciência como solução para os nossos problemas.
6). Nunca foi tão atual a célebre frase que encerra o romance russo “ Os Irmãos Karamazov” : “ Se Deus não existisse tudo seria permitido “. Inclusive o Caos.
7). Estamos todos certos em protegermos nossos pais, avós, parentes, amigos e a nós mesmos. Quanto a isto não existe polêmica.
Como observamos é uma verdadeira “ salda de frutas” em que muitos gritam, muitos escutam, muito reproduzem ( às vezes até sabendo que trata-se de Fake News). Salvo melhor juízo, e retomando os ensinamentos dos filósofos e teólogos da Academia da PUC-MG entendo que o momento exige muita serenidade, responsabilidade e Bom Senso.
A ironia final é que a imortalidade, em vez de nos preservar para a eternidade, nos transformaria em algo que nunca fomos. O Professor de filosofia de Cambridge Stephen Cave lançou um livro sobre imortalidade no qual defende o argumento de que, se um milagre nos desse a vida eterna, a civilização, tal qual conhecemos, estaria irremediavelmente destruída. “ Grande parte do que fazemos é com base na esperança de vencer a morte. O que faríamos se não fosse mais preciso rezar, criar arte nem pesquisas científicas?”, diz Cave. Além disso o valor de uma coisa é definido por sua escassez. Valorizamos o nosso tempo porque ele é limitado. Sem ter o que fazer , mas com tempo infinito para faze-lo, seríamos outros. As consequências da eternidade seriam ruins para o indivíduo e um desastre para a civilização.
Mas nada disso matará a esperança, a última a morrer, afinal___ de que a morte seja, quem sabe, apenas um novo começo disfarçado.
Talvez pensar integralmente no próximo, amar o próximo, como pediu o Mestre seja a melhor opção nestes tempos de crise, em que a ética, a caridade, o bem comum é mais importante que tudo; tal qual Paulo de Tarso proclamava aos Coríntios : Tudo me é lícito, mas nem tudo me convêm. Lembrando que as Autoridades podem muito; mas não podem tudo. A sociedade organizada sim, respeitando o ordenamento constitucional, inclusive o Revisional; pode tudo !


Gustavo Mameluque, Jornalista, Servidor Público, Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros-MG. Membro da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês /Santa Casa de Caridade. Colunista Colaborador do site montesclaros.com




84104
Por Gustavo Mameluque - 22/7/2019 12:14:06
Agenda Antiga.

Relendo uma agenda de 1996 observo uma Coluna de Carlos Heitor Cony ( falecido este ano) que nos oferece uma linda reflexão. Tentarei aqui resumir : “ já contei, há tempos, a história daquele empresário que enfrentou uma greve de seus empregados. Depois de várias negociações, ele se dignou a receber a comissão de grevistas que desejava expor as justas reivindicações da categoria. Se atendidas, a greve seria suspensa e todos voltariam ao trabalho no dia seguinte”. O empresário era cristão e recebeu paternalmente os grevistas com a pergunta : “ Meus filhos, vocês não sabem que o muro de Berlim caiu ? Esse negócio de greve já era. Muita gente há que, com outras palavras, diz a mesma coisa. Tendo caído o muro de Berlim, a luta pela justiça social não tem mais sentido, o socialismo é coisa do passado, retrógrodo, ou, como que o Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, coisa de pobre de espírito. O afobado come cru- não sou eu quem o digo, é a sabedoria dos séculos. O Imperador romano Trajano afobou-se: era também bom homem, Suetônio e Renan, fazem elogios a ele, apesar de ter perseguido os cristãos em todo o império Romano . Trajano foi tão eficiente nessa perseguição que cismou de erguer uma Coluna, por sinal existente até hoje em Roma, no foro que tem o seu nome, ali ao lado da Piazza Venezia. Na Coluna, ele colocou a inscrição consagradora : “ O nome dos cristãos foi destruído “. Ou seja, não havia mais cristãos ao longo do imenso império. O Muro de Berlim havia caído. Conhecemos a história. Hoje a Coluna de Trajano é uma referência turística. Muito visitada, diga-se de passagem. Perto dela há uma taberna, chamada Ulpia. Foi fechada diversas vezes pela polícia, era um dos pontos de droga mais famosos de Roma. Ou quem sabe da Itália. Drogados da África, da Àsia, da América Latina e sobretudo da Europa tinham dificuldade de encontrar a taberna, que é meio escondida. Bastante escondida. Propositadamente. A referência que os usuários recebiam era a seguinte : “ Perto da Coluna de Trajano”. Ao menos para isso ela serviu. Quanto aos cristãos, eles continuam por lá. E espalhados por todos os continentes. Do outro lado do tibre, á um sujeito vestido de branco que é uma espécie de sucessor de trajano. No entanto é o Chefe de Estado do Vaticano. E está mais forte do que nunca....

Gustavo Mameluque é Jornalista. Vaticanista e colunista do montesclaros.com. Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros.


83816
Por Gustavo Mameluque - 8/2/2019 16:30:30
As perdas de Minas com a Lei Kandir e com as barragens de rejeito à montante. Quase 400 vidas que se foram!

Desde 1997 Minas Gerais recebe migalhas do Governo Federal em razão da malfadada Lei Kandir que desonerou a Exportação de alguns produtos primários , dentre eles o Minério de ferro, e a partir de então a Receita do ICMS neste setor caiu vertiginosamente. O fundo de compensação previsto na Lei Kandir não remunera de forma adequada as perdas do Estado. Neste momento de dor pelas perdas de Mariana e Brumadinho lembramos que nesta história toda Minas fica apenas com as grandes crateras, com as barragens assassinas e com diversas vidas ceifadas. Os lucros e os dividendos ficam apenas paras as empresas Mineradoras. A devastação ambiental não compensa os empregos gerados nas diversas cidades mineradoras de Minas. Principalmente se nestas cidades ainda existirem barragens à montante que podem desabar a qualquer momento. Hoje mesmo em Barão de Cocais e Itatiaiuçu foi acionada a ordem de evacuação. A União e o Estado não conseguem fiscalizar com rigor estas barragens. A propósito disto tudo o Ex Advogado Geral do Estado demonstra as perdas sofridas pelo Estado de Minas em razão da Lei Kandir de 1996 que prejudicou as finanças do Estado na arrecadação deste setor.
Em 2017 o Governador de Minas Gerais solicitou a abertura de novo diálogo institucional para início de solução negociada destinada à extinção, a um só tempo, das dívidas que o Estado possui perante a União (no patamar de R$ 88 bilhões) e das eventuais dívidas decorrentes das perdas experimentadas com a desoneração do ICMS nas exportações, na forma do artigo 91 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição da República – ADCT/CRFB/88 (cerca de R$ 135 bilhões).
Como sabido, o Supremo Tribunal Federal, na ADO 25, reconheceu a existência de mora do Congresso Nacional quanto à edição de lei complementar destinada a regular o mencionado dispositivo constitucional. No voto condutor, o ministro Gilmar Mendes ilustrou que o esforço de desoneração das exportações ocorreu mediante redução dos limites da competência tributária estadual, ou seja, “deu-se em prejuízo de uma fonte de receitas públicas estaduais”.
A CRFB/88 estabelecia em seu artigo 155, parágrafo 2º, inciso X, alínea “a” que o ICMS não incidiria “sobre operações que destinem ao exterior produtos industrializados, excluídos os semielaborados definidos em Lei Complementar”. Em seguida, a LC 87/96 (Lei Kandir) determinou a desoneração do ICMS sobre as exportações de forma ampla.
Segundo Onofre Alves Batista Junior “ a modificação buscou prestigiar e incentivar as exportações, alegadamente em prol de toda a federação, entretanto, a nova regra, além de provocar o fenômeno da “desindustrialização”, feriu mortalmente a fonte de recursos dos Estados que se dedicam à atividade de exportação de produtos primários, como Minas Gerais e Pará. Com a ampliação da desoneração, por decorrência lógica, houve perdas de receitas que, desde logo, foram reconhecidas pelo Congresso Nacional. Tanto assim que a própria Lei Kandir, em seu artigo 31, criou um sistema de entrega de recursos financeiros da União em benefício dos estados e seus municípios.”

A justificativa para a proposição do Projeto de Lei Complementar 95, de 1996, que resultou na chamada Lei Kandir, objetivaria “compensar” as perdas de arrecadação dos Estados decorrentes da revogação da LC 65/1991 e da concessão de crédito ao contribuinte na aquisição de bem para o seu ativo permanente. A justificativa ao PLP 95/1996 ainda elucida que a desoneração das exportações na Lei Kandir atendeu a “interesses nacionais”.
Em dezembro de 2003, tanto a desoneração das exportações como o sistema de compensação financeira, preconizados pela Lei Kandir ganharam statusde norma constitucional, por força da Emenda Constitucional 42/2003. Esta deu nova redação à alínea “a” do inciso X do parágrafo 2º do artigo 155 da CRFB/88 e acrescentou, ao ADCT/CRFB/88, o artigo 91. Assim, é para “compensar” a perda de arrecadação que o dispositivo firmou uma fórmula de transferência constitucional obrigatória da União em favor dos estados e do Distrito Federal.
No julgado, o ministro Gilmar Mendes, relator, ilustrou, o cenário das perdas experimentadas pelos estados com a desoneração das exportações e a razão para o estabelecimento, na CRFB/88, de regras de compensação de perdas. A omissão constitucional, como deixou gizado o ministro Gilmar Mendes, “existe e já perdura por mais de uma década”, portanto, “há omissão, há estado de inconstitucionalidade”. Nessa toada, o STF estabeleceu que, na hipótese de a nova lei não ser editada no prazo de 12 meses, cabe ao Tribunal de Contas da União fixar o valor total a ser transferido anualmente aos estados-membros e ao Distrito Federal e calcular o valor das quotas a que cada um fará jus.
A chamada Lei Kandir estabeleceu um critério provisório (válido por cinco anos) de “compensação” das perdas dos estados. A União, entretanto, se omitiu no estabelecimento de um critério que efetivamente compensasse as perdas, e isso foi detectado pelo STF na ADO 25. O ministro, expressamente, decide que os estados precisam ser compensados pelas perdas impostas pela política levada a cabo pela União.
No caso mineiro, apenas para ilustrar, se tomarmos os valores repassados nos termos da famigerada Lei Kandir e as perdas efetivas impostas pela União, os prejuízos ultrapassam a cifra dos R$ 135 bilhões (valores corrigidos pela Selic capitalizada, menor índice utilizado pela União na cobrança das dívidas dos estados).
Por certo, os prejuízos ao povo mineiro são muito maiores. Basta ver que, na década de 1970, todo o investimento feito para implantação de um “parque guseiro” que pudesse dar suporte à indústria siderúrgica e lastreasse a almejada implantação de indústria automobilística foi fulminado. O minério passou a ser exportado e, hoje, o aço chinês chega em condições competitivas à MG, feito com minério das alterosas. O “parque guseiro”, hoje, está em ruínas e mais faz lembrar cidades do farwest americano; a indústria siderúrgica patina. Em uma só “pancada”, toda a política de desenvolvimento mineira foi fulminada pela política de incentivo às exportações de commodities da União.
As compensações que devem ser firmadas visam apenas reparar as perdas diretas de arrecadação. Não contemplam o ressarcimento pela destruição provocada ao parque industrial mineiro, nem ao desemprego consequente etc.

Todos sabemos que a crise financeira dos estados se arrasta há décadas, e a relação com as perdas financeiras experimentadas pela Lei Kandir é direta, clara, evidente. Os números falam por si. Com a arrecadação perdida, MG estaria em condições de resolver todas as suas dívidas, em especial as com a própria União, e poderia avançar, poderia proporcionar ao povo mineiro aquilo que se espera: mais educação, mais saúde, mais segurança. Teríamos também uma melhor estrutura no Sistema Estadual do Meio Ambiente. O que poderia evitar novas Marianas e novos Brumadinhos.
Não se pense, porém, que quem perde é tão somente o estado de Minas Gerais. Todos os municípios (sobretudo os mineiros), da mesma forma, saem perdendo muito. A questão é que, nos termos do parágrafo 1º do artigo 91 da ADCT/CRFB/88, do montante dos recursos a serem compensados, 75% pertencem ao estado, e 25%, aos municípios. Nesse compasso, um quarto do valor devido pela União pertence diretamente aos municípios e deve ser repassado pelos critérios do Valor Adicionado Fiscal (VAF). Assim, todos os municípios estão perdendo milhões de reais; alguns, por certo, bilhões.
O Ex Advogado Geral do Estado lembra ainda que “Todos os entes federativos menores, estados e municípios, estão, com a omissão do legislador federal, perdendo bilhões de reais para o caixa da União[1].
O ministro Gilmar Mendes marcou que, caso a omissão persista, deve o TCU disciplinar a questão. A razão do mandamento é clara: “Na realidade constitucional brasileira, atormenta-nos o risco de julgados do Supremo Tribunal Federal estarem se transformando em meros discursos lítero-poéticos”. Diversos projetos de lei complementar tramitaram, foram travados, trancados ou foram engavetados no Congresso Nacional. O STF, expressamente, percebendo a realidade, determinou que o TCU se encarregasse da questão.”
“O problema é que o Congresso Nacional conta com legisladores da União (federais) e nacionais. Com os mesmos trajes, as normas da União são feitas pelos mesmos parlamentares que fazem as normas nacionais. O STF sabe da força do governo federal na feitura das leis; o julgador da magna corte sabe da influência da tecnoburocracia da União e de seu esforço hercúleo, sobretudo quando o que está em jogo são repasses de recursos dos cofres da União para os entes menores. Foi por isso que, por décadas, o dinheiro dos Estados e dos municípios se manteve nas mãos da União. Isso o STF, como guardião do pacto federativo, por 11 X 0, expressamente, quer evitar.
A propósito, a solução para a questão não é eminentemente política, mas tem alto teor técnico, uma vez que se trata de uma verificação de valores necessários para se “compensar perdas”. Prova disso é que a apuração dos valores poderá ser feita (e, com certeza, será) pelo TCU.”( Onofre Alves Batista Júnior).
Cabe agora ao Supremo Tribunal Federal julgar o pleito mineiro e declarar que realmente a União é quem deve Minas e não ao contrário. Decidindo assim permitirá ao Estado se desvencilhar da maior crise financeira da sua história, reparar os danos ambientais provocado pelas mineradoras e implantar um novo modelo de Mineração com a extinção definitiva das barragens de rejeito à Montante; com uma fiscalização eficiente e que não produza mais mortes como a de Mariana e Brumadinho. É apenas respeitar o Pacto federativo e a Justiça. Para que Minas Gerais e os mineiros tenham dias melhores.

Gustavo Mameluque, Jornalista, Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. Colunista do montesclaros.com. Especialista em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro- MG.


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Por Gustavo Mameluque - 21/11/2018 17:10:30
As lições de Mercury...


Acabo de assistir ao Filme “ Bohemian Rhapsody sobre a vibrante trajetória da Banda Inglesa Queen e do seu líder maior Fred Mercury ( interpretado pelo ator Romi MaleK) , falecido em 1991. Trata-se de um filme biográfico com um excelente roteiro e uma atuação exuberante do ator que interpreta Mercury. A narrativa traz todo o histórico do líder desde a sua juventude como Operador de Malas no maior Aeroporto de Londres até a sua morte pelo vírus da AIDs. O roteiro nos apresenta um artista extremamente sensível e humano ( até então uma faceta desconhecida) e ao mesmo tempo bastante determinado e criativo. Sabia exatamente onde queria chegar. A trajetória não foi fácil. No início a desconfiança das Gravadoras e do próprio empresário; depois o efeito devastador da vida prosmícua e das drogas. A direção Musical e a trilha sonora são fantásticas e nos leva a uma viagem no tempo com : Love of my Life, Somebody, Bohemian Rhapsody e outros grandes clássicos. A semelhança dos atores com os demais componentes da banda também é impressionante. Trabalho criterioso do diretor Bryan Singer . Mas quais as lições retiramos desta vida “ desregrada” e “ fora dos trilhos” de Fred Mercury? São três momentos importantes trazidos pelo roteirista da película. O Primeiro a coragem de Mercury para quebrar Paradígmas e inovar com criatividade e talento. As rádios inglesas somente tocavam hits com no máximo três minutos; Bohemian Rapsody subverte esta ordem natural das coisas e, pela primeira vez na rádio britânica BBC um hit alcança os incríveis seis minutos e meio. Os dois últimos momentos marcantes se referem ao retorno de Mercury à Banda Queen no Studio da EMI-ODEON em Londres : Ele afirma para Brian May que a sua nova banda não deu certo porque todos os novos integrantes concordavam com tudo que ele dizia e propunha. Ou seja, a produção criativa, segundo Mercury está na discordância e no debate; na troca de ideias, na tolerância. Nesta mesma reunião na EMIO-ODEON ele pergunta aos membros da Banda : “ O que devo fazer para ser perdoado por vocês ?” Penso que talvez este tenha sido o ápice da narrativa épica. Que demonstração de humildade daquele que era o líder, o maior, a Estrela dos Universitários de Londres. A resposta foi rápida : Fazer o que vínhamos fazendo; a partir de agora não existe mais Fred Mercury e Banda Queen; mas apenas e tão somente Banda Queen ( com os direitos autorais divididos proporcionalmente por todos. E para encerrar a Odisseia de Mercury, antes da sua apoteótica apresentação no Estádio de Wembley em 1986, no Live AID, a passagem na casa dos pais para o início das despedidas ( quando já se sabia que havia contraído o vírus da AIDS). Em certo momento ele se dirige a sua amada Maryan questionando: Para que vivemos ? Alguém sabe o que procuramos realmente? Seria a felicidade? O Sucesso? O Poder? A riqueza? A inovação? O Bem-estar para todos? Para que nascemos? Indagações e indagaçaões que jamais serão respondidas. Nem por Sartre nem por Freud. Existencialismo puro. Qual o nosso fim? Tudo distribuído na letra de Bohemi Rapsody. Resta, portanto, a lição da humildade e a lição do perdão. Foi um homem que sobe perdoar e ser perdoado. Uma genialidade com todas as características dos grandes gênios: A capacidade de construir, de reconstruir, de errar, de admitir os erros, e sobretudo a capacidade de recomeçar: Mesmo que para Mercury este recomeço tenha sido interrompido abruptamente pela AIDS. Filme imperdível. Para ser visto na telona. No Cinema. Onde se pode degustar cada imagem, cada nota do piano mágico de Fred Mercury. Memorável portanto as suas últimas palavras na letra da música : Show mus go one como segue :

“ Espaços vazios
Pelo que nós estamos vivendo.
Lugares abandonados.
Eu acho que nós sabemos o resultado de novo e de novo.
Alguém sabe o que nós estamos procurando ?
Outro herói/Outro crime impensável/Atrás da cortina
Na pantomima/Segure a linha/Alguém quer segurar um pouco mais?
O show deve continuar
O show deve continuar, sim
Por dentro meu coração está se partindo
Minha maquiagem pode estar escorrendo
Mas meu sorriso/Ainda permanece
O Show deve continuar sempre!!!!! Sempre!!!!

Gustavo Mameluque- Jornalista e Crítico de Cinema. Colaborador do montesclaros.com e do Jornal Hoje em Dia.



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Por Gustavo Mameluque - 12/1/2018 16:32:13
O PECADO DA MAÇÃ

Glorinha Mameluque

Acabo de assistir o curta metragem intitulado “O PECADO DA MAÇÔ, rodado e com artistas amadores de Montes Claros, que aborda um tema polêmico. Fazendo uma pequena crítica, teço meus elogios à produção, que de maneira leve e um pouco lúdica aborda o tema, entremeando uma bela trilha sonora, fazendo ressaltar a tese de que “A capacidade de amar não se esgota com a idade.”
Ao final, a protagonista , por vir de um antigo casamento e estando inclinada a se entregar a outro, procura ajuda e orientação, no que não é acolhida por um “falso” representante da Igreja.
O assunto tem sido fonte de debates e tentando esclarecer alguns pontos frágeis, cito aqui alguns itens da Carta pós-sinodal “Amoris Laetitia” do querido Papa Francisco, que bem podem ilustrar as dúvidas ali colocadas. O que esse documento faz é olhar com carinho as duas discussões: indissolubilidade do matrimônio e a misericórdia da Igreja diante daqueles que não puderam manter essa indissolubilidade. Esse olhar é muito importante, de vez que existe uma infinidade de casos em que os casais ou apenas um deles fez grandes esforços para salvar o primeiro casamento e sofreu um abandono injusto.
Como membro do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano, que entre outras coisas, trata da nulidade do matrimônio, tenho visto inúmeros casos em que de fato o primeiro casamento nunca deveria ter existido e que a Igreja como mãe misericordiosa, vem resgatar a pessoa ferida, dando-lhe uma nova oportunidade, após minucioso e seríssimo processo.
Reporto-me ao Boletim da Santa Sé de 05/08/2015 que diz: “A Igreja sabe bem que tal situação contradiz o sacramento cristão. Todavia, o seu olhar de mestre parte sempre de um coração de mãe: um coração, que animado pelo Espírito Santo, busca sempre o bem e a salvação das pessoas. Eis porque sente o dever ‘por amor da verdade’, de bem discernir as situações.
Se olharmos também para estes novos laços com os olhos dos filhos pequenos, vemos ainda mais a urgência de desenvolver nas nossas comunidades um acolhimento real para com as pessoas que vivem tais situações. Eles são aqueles que sofrem mais, nestas situações. De resto, como podemos recomendar a esses pais que façam de tudo para educar os filhos à vida cristã, dando a eles o exemplo de uma fé convicta e praticada, se os mantemos à distância da vida da comunidade, como se fossem excomungados?
...Nestas décadas a Igreja não ficou insensível. Graças ao aprofundamento realizado por pastores, cresceu muito a consciência de que é necessário um fraterno e atento acolhimento, no amor e na verdade, para com os batizados que estabeleceram uma nova convivência depois do fracasso do matrimônio sacramental; de fato, essas pessoas não foram excomungadas: não são excomungadas! E não devem absolutamente ser tratadas como tal; elas fazem sempre parte da Igreja.”
O documento “Amoris Laetitia” confirma: “Não só não devem sentir-se excomungados, mas podem viver e maturar como membros vivos da Igreja, sentindo-a como uma mãe que sempre os acolhe, cuida afetuosamente deles e encoraja-os no caminho da vida e do Evangelho” (AL 298)
Infelizmente, em algumas vezes não é isto que presenciamos por parte de alguns agentes da Igreja, que excluem, não acolhem e ainda tratam mal e humilham as pessoas nessa situação.
O ícone bíblico do Bom Pastor(Jo,11-18) resume a missão que Jesus recebeu do Pai: aquela de dar a vida pelas ovelhas, mesmo as que se desgarraram do rebanho.
O próprio Evangelho exige que não julguemos nem condenemos (Mt7,1;Lc 6,37) e o próprio Jesus nos ensinou quando acolheu a prostituta e o pecador. Portanto, o caminho da Igreja deve ser o de Jesus: o caminho da misericórdia e da integração. O caminho da Igreja é o de não condenar eternamente ninguém; derramar a misericórdia de Deus sobre todas as pessoas que a pedem com o coração sincero.
Recorrendo ainda ao Papa Francisco na sua carta “Amoris Laetitia”:
“Por isso, um pastor não pode sentir-se satisfeito apenas aplicando leis morais àqueles que vivem em situações ‘irregulares’, como se fossem pedras que se atiram contra a vida das pessoas. É o caso dos corações fechados, que muitas vezes se escondem até por detrás dos ensinamentos da Igreja para se sentar na cátedra de Moisés e julgar, às vezes, com superioridade e superficialidade, os casos difíceis e as famílias feridas.”( AL 305) (São palavras do Papa e não minhas)
Graças a Deus, temos em Montes Claros, duas opções de acolhimento a todos aqueles que abraçaram um novo relacionamento, pelo fracasso do primeiro: o Tribunal Eclesiástico que acolhe e analisa os casos passíveis de nulidade e os Encontros do Bom Pastor, de iniciativa da Pastoral Familiar, já atuantes em várias Paróquias, que acolhem, orientam e incluem na Igreja os casais de segunda união.

Glorinha Mameluque. Escritora. Membro da Academia Montesclarense de Letras.


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Por Gustavo Mameluque - 13/4/2016 18:04:13
Tenho 32 anos de Serviço Público Estadual e 34 anos de atividade jornalística, sempre em Assessoria de Comunicação e/ ou como colaborador de diversos jornais e veículos, por último colunista do montesclaros.com e do Caderno Opinião do Jornal “Hoje em Dia” . Por alguns anos fui o Diretor do Sindicato dos Jornalistas para o Norte de Minas. Em minha vida profissional, já escrevi linhas que não foram publicadas. Não linhas mandadas. Sou jornalista por vocação e servidor público por opção. Amo as duas carreiras; os dois caminhos. E por último transformei-me em Professor Universitário. Arrisquei um mandato político que não se concretizou. Não me arrependo. A campanha limpa, sem recursos financeiros, sempre vale a pena; mesmo que não seja vitoriosa.
A política nunca foi uma escolha fácil: o conflito é uma face da sua essência. Do ponto de vista metodológico, a imparcialidade não existe em qualquer análise social e política. Mas é importante dizer que ser parcial não significa ser partidário. Como cidadão, defendo a luta da humanidade pela igualdade, liberdade, paz e fraternidade. Tendo por base esses valores, que estão nos compêndios dos direitos universais, sempre procurei retratar os fatos o mais fielmente possível, de diferentes ângulos, e interpretá-los. Nesse sentido, entre os interesses políticos e empresariais que fazem parte da sociedade, fico com a minha análise e com a minha consciência e coerência.
A liberdade de imprensa dos grupos empresariais termina onde começa a liberdade do jornalista; e vice-versa. Por acreditar que esta convivência ainda seja possível, num Brasil onde as ameaças à liberdade e aos direitos individuais crescem, continuo onde estou. Como disse certo pensador, "se o preço do céu é a minha consciência, que venha o inferno".
Digo tudo isto porque faço parte de uma geração que, quando estudante na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais , conheceu de perto o preço da liberdade. Quero seguir na direção certa da história.
Tenho consciência do que é melhor para o Brasil dos nossos filhos e netos sempre respeitando todas as tendências políticas e crenças. No entanto sempre estarei ombreado com aqueles Partidos e Candidatos que respeitem a Fé, a Esperança e a Caridade e a democracia participativa.

(Gustavo Mameluque , inspirado em um desabafo da Jornalista e Cientista Política do Estado de Minas Bertha Makroum.

Colaborador do Montesclaros.com e do Caderno Opinião do Jornal Hoje em Dia. Professor das Faculdades Santo Agostinho- Montes Claros-MG)


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Por Gustavo Mameluque - 9/10/2015 15:07:21
Crônica de Uma morte anunciada

Gustavo Mameluque

A população estarrecida assistiu hoje à tarde pelas ondas da INTERTV o anúncio ofical da COPASA de que haverá racionamento de agua na cidade a partir do dia 13 de outubro próximo. Foi anunciado ainda pela mesma COPASA que o reservatório de Juramento so resiste por mais seis meses quando então ocorrerá o Caos, caso não chova. A metereologia sinaliza com chuvas fracas apenas para depois do dia 20 de outubro . O reservatório complementar da Bacia do Pai João protegina no Parque Estadual da Lapa Grande que tinha uma vazão de 200 mm dia teve uma significativa queda para 120 mm dia em virtude da falta de chuvas. O mesmo noticiário nos informa que a situação do Pai João só não é mais grave em virtude da protecão efetivada nas matas ciliares e nas nascentes exixtentes no interior do Parque Estadual da Lapa Grande. Hora então de reconhecer os esforços do então Prefeito Athos Avelino, do Secretario Municipal do Meio Ambiente à época ( 2008) Paulo Ribeiro e do Governador Aécio Neves na acertada decisão da criação do Parque Estadual da Lapa Grande. Se vamos ter um socorro de agua nos próximos meses muito se deverá à contribuição do Pai João protegido pelo IEF no sagrado Parque Estadual da Lapa Grande. Os versos dos ambientalistas tornaram-se ações práticas em defesa da vida. Quem sabe agora , diante da crise hídrica anunciada, não nos conscientizemos da importância da preservação das matas ciliares que circundam nossos rios e da importância do uso racional da água. Enquanto isto em função do " El Nino" e das intempéries naturais do Semi-árido o Rio Verde Agoniza. O São Lamberto Agoniza. Vários sistemas agonizam. De doze postos perfurados para reforçar o nível da Barragem de Juramento apenas quatro responderam positivamente. E o Estado e a Prefeitura atordoados com a tragédia anunciada se movimentam em busca de soluções alternativas. O que fazer de concreto em período de redução de recursos públicos e crise econômica? Houve falha no Planejamento do Orgãos ambientais e hídricos? A única certeza que temos é que, confirmado o diagnóstico da COPASA no MG TV de hoje, dias difíceis se vislumbram para o cidadão de Montes Claros. Sem as costumeiras chuvas outubro a situação tende a se agravar ainda mais. Será que esta situação limite não poderia ter sido evitada ou minorada? Sem a participação efetiva da Sociedade Civil e dos Orgãos estatais uma solução prática e racional não dará resultados. No mais... orar, rezar e pedir a São Pedro e Santa Bárbara que nos tragam chuvas. Com muitos raios e trovoadas. E principalmente com muitos e muitos milímetros de água. Para complicar ainda mais o Rio São Francisco também agoniza. Lentamente. Heráclito Ortiga, poeta e escritor Ribeirinho jamais imaginara tal tragécia. Tanto é que pediu em seu eptáfio para plantar seu coração nas margens do Rio. E assim encerramos com o seu poema: " Meus olhos viram tudo que desejaram e meu coração a nenhum prazer se negou. Quero ficar no indefinido tempo enraizr meu corpo no ingazeiro ali, entre as pedras e o rio. Quero me confundir com o verde e a água beber o sol e me render ao mistério. Quero anoitecer com todas as noites e amanhecer eternamente doce melodia. Planto meu coração na volta do Rio e o reparto com vocês todos". Que nossos filhos e netos respeitem a natureza. Pois a resposta pelas agressões sofridas nos serão sempre dolorosas.

Gustavo Mameluque. Jornalista e Membro do Conselho Gestor do Parque Estadual da Lapa Grande em Montes Claros.MG. Barranqueiro. Nascido em Pirapora-MG.


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Por Gustavo Mameluque - 21/8/2015 10:30:40
Destacando-se em tempos desafiadores: aprendendo com a Honda

Por Gustavo Mameluque e Ricardo Carvalho de Barros


O ambiente econômico e político no Brasil está bastante conturbado neste ano de 2015. Ao lermos os dados referentes ao varejo, verifica-se uma queda nas vendas de praticamente todos os setores que atuam na venda ao consumidor final, resultado de forte retração na economia provocada pela política de contenção de gastos do governo federal pela exaustão dos recursos para eleger a atual presidente e do baixo astral que tomou conta da população.
Nós vivemos em grande parte aquilo que acreditamos viver, a realidade é ao final uma coisa subjetiva que varia de acordo com a forma que olhamos para ela. Certamente a busca de um olhar isento ajuda a que não sejamos como o cara que caiu do décimo andar e ao passar pelo nono, oitavo, sétimo andar, constatava que até então tudo ia bem. Agora, entregar os pontos, jamais.
As crises servem para diferenciar os adultos das crianças. Temos que procurar sempre ser uma nau com um mínimo de estabilidade em meio à tormenta.
Verificando por exemplo os dados da economia referentes ao mercado de automóveis, há as marcas que sofrem muito mais que as outras. Olhar a média é o vício de quem não estudou estatística, pois se eu como um frango e você nenhum, ambos comemos meio frango na média. Só que aí alguém estará de barriga vazia. No caso, em meio ao amargor médio de queda nas vendas de 20% no setor de automóveis, a Honda apresenta crescimento acima de 12% nas vendas. A chave para isto está na inovação. Ao lançar o HRV, a Honda disponibilizou para uma clientela mais seletiva um produto novo que se destacou no marasmo da concorrência. A fama de ter um ótimo pós-venda e produzir veículos confiáveis ajudou mais ainda que o seu utilitário esportivo causasse filas de espera em um ambiente de “pelo amor de Deus, me queira” presente no mercado.
Ainda atuante no mercado de motocicletas que é o setor em que tem a liderança absoluta de mercado com aproximadamente 80% das vendas, não dormiu em cima dos louros da vitória e renovou completamente a CG 150 Fan e Titan. O mais interessante é que renovou completamente um veículo que nem de longe é ameaçado de perder seu reinado pelo segundo colocado nas vendas. Este mercado de motos encontra-se todo em retração, mas as empresas que se destacam são as que inovam e lançam novos produtos, como tem feito também a Yamaha. Quando o dinheiro é curto, o consumidor torna-se mais exigente.
Não se lidera uma corrida solto em meio à tormenta tipo nau à deriva, portanto, aguardar um socorro para as empresas vindo de uma melhora no mercado e no ambiente de negócios pode fazer com que aí seja tarde demais. Se a empresa no caso não trabalha com produtos ligados à tecnologia, a busca de inovação no atendimento também é um fator para se destacar e fisgar o consumidor reticente. Surpreenda seu cliente, muitas vezes com coisas simples que podem fazê-lo se sentir especial. Dar um brinde (caneta, boné, etc.) inesperadamente, não deixa-lo entrar no estabelecimento sem ser cumprimentado com um bom dia ou boa tarde, conceder uma entrega de cortesia, arrumar algo que no momento traga pouco lucro mas denote atenção são fatores para espantar o baixo astral. A possibilidade de mudança nas formas de pagamento propiciadas ao consumidor, obviamente após um processo de levantamento de dados sobre sua capacidade de pagamento, ajuda nas vendas.
Em tempos de crise temos que trabalhar mais para simplesmente manter os resultados. Administradores que conseguirem suplantar as dificuldades e não se deixarem abater pelo mau humor reinante certamente sairão mais fortes destes tempos bicudos.


(Ricardo Carvalho de Barros, engenheiro Agrônomo e professor de agronegócios nas Faculdades Santo Agostinho. Gustavo Mameluque. Jornalista. Professor do Curso de Administração das Faculdades Santo Agostinho).


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Por Gustavo Mameluque - 30/5/2015 12:48:46

Faleceu hoje em Montes Claros o Compositor e Ex- Secretário Municipal de Cultura Ildeu Braúna. Braúna foi um dos criadores do Grupo Musical Agreste e teve intensa participação na revitalização da Cultura Catrumana e no fortalecimento das " Festas de Agosto" resgatando e valorizando a tradição deste evento. Viveu com intensidade e com muita dignidade. Tive a alegria de compartilhar com ele e com sua família de várias lutas e embates. Honrando o sobrenome forte, nunca se curvou às tentações do consumismo desenfreado e à mosca azul do poder. À família enlutada, a força da fé e o bálsamo da esperança. O velório está ocorrendo na Sala Geraldo Freira idealizada na Gestão de Ildeu à frente da Secretaria Municipal de Cultura de Montes Claros.
Gustavo Mameluque. Jornalista. Professor Universitário.


79571
Por Gustavo Mameluque - 11/3/2015 12:00:57
Para sempre Alice aparece como mais um " filme de atriz" e talvez por isto não tenha sido indicado para o Oscar de melhor filme. O filme tem um roteiro consistente e que prende muito a atenção dos amantes do Cinema e a interpretação de Juliane Moore é simplesmente perfeita. Em diversas cenas ela consegue passar ao público todo o sofrimento das pessoas que são acometidas pelo Alzheimer. Sentimentos como ansiedade, angústia, medo do novo, revisão de conceitos, preocupação com o que virá. O discurso de Alice na Associação de Alzheimer de N.Y.C. é úma lição de vida. Em determinado trecho ela diz: " estou perdendo aos poucos aquilo que me é mais caro: a memória, os sentimentos e a minha própria essência. Mas estou feliz porque estão aqui comigo todas aquelas pessoas que amo verdadeiramente e que nunha esquecerão daquela que sempre fui". Realmente emocionante. O filme com uma fotogragia aplicada e impactante também revela um Alec Baldwin insonso e engolido pela interpretação de Moore. Como dizia os diretores de teatro: " Ela rouba toda a cena. Destaque ainda para a atuação de Lydia, filha mais nova de Alice. Realmente a direção não inova e a música tema é um pouco repetitiva. O filme as vezes caminha um pouco para o estilo " documentário".
Vale a pena ver. E rever. Ao lado de " Hotel Budapeste" pode ser que uma grande inustiça tenha sido pela Academia de Los Angeles. Cena marcante: várias. Destaco aquela em que Alice reúne toda a família para noticiar o diagnótico de Alzheimer. Momentos de emoção e tensão. A cena comove pela beleza, pelos olhares, pelas lágrimas; e mais uma vez pela interpretação avassaladora de Juliane Moore. Gustavo Mameluque é Jornalista e Critico de Cinema em Montes Claros-MG.


79454
Por Gustavo Mameluque - 13/2/2015 13:43:10
Faleceu ontem em Guaraciama o Jovem Jonathan Meira dos Santos, 26 anos, vítima de um Acidente na Propriedade de sua família. Egresso do Curso de Administração das Faculdades Santo Agostinho, Produtor Rural e Pequeno empresário, era casado e deixa filha. Tive a alegria de ser Professor de Direito do Jonathan no Curso de Administração. Para ele e família deixamos a seguinte mensagem após o Sepultamento ocorrido hoje em Montes Claros. Jonathan é o primeiro aluno que perco. Que perco para a eternidade. Foram mais de dez anos de magistério para que me encontrasse com esta realidade. Talvez outros professores já tenham vivido esta triste experiência. É como se a gente perdesse um " filho". Especialmente Jonathan que era além do mais meu vizinho sendo que o conheci ele ainda tinha 13 anos de idade. Desejo a seus pais Argemiro e Betinha a força da fé e o bálsamo da esperança. Com certeza, como lembrou Pe. Avilmar na sua missa de hoje, um dia, todos nos reencontraremos. " A certeza que eu tenho em mim, é que um dia verei a Deus. Contemplá-lo com os olhos meus é a felicidade sem fim".


78973
Por Gustavo Mameluque - 7/11/2014 08:18:06
A crise anunciada e a crise no meu quintal

A vitória de Aécio neves anunciava que seriam necessárias mudanças na condução da política econômica para ajustar as contas nacionais. O governo está gastando mais do que arrecada, e isto ocasionará redução dos gastos para ajuste e consequente esfriamento da economia em setores que tem relação direta com o tesouro, ou a aumento de impostos para cobrir o rombo (com pouco clima para isto), ou ainda a empurrar com a barriga.
Entretanto, o crescimento do PIB é dado por uma média dos vários setores que compõem a economia (serviços, indústria, agricultura, consumo das famílias e governo, investimento em maquinário) e isto implica que pode ocorrer que enquanto alguns estão com bom crescimento outros setores podem estar encolhendo, e isto na média mostrar um crescimento baixo. O crescimento da economia é dado pela realidade que pode ser favorável (uma procura alta por determinado produto que você ou sua empresa ofereçam) ou for fatores desfavoráveis (a seca pode limitar a produção e faturamento de várias indústrias).
Sair comprando em um consumismo frenético coisas que a gente não precisa ou se endividando é insano; abrir mão das necessidades porque lemos que o Brasil está em crise também não é atitude equilibrada. Bem, e o que fazer no meio disto tudo?
Não há uma economia na história que trabalhe sempre em pleno crescimento, portanto um momento de depuração das coisas sempre existirá. Quando a economia está a pleno vapor, há uma promoção dos trabalhadores por falta de mão de obra. Assim, servente vira pedreiro, pedreiro vira mestre de obras, engenheiro júnior vira engenheiro pleno. Mas quando a peneira da crise chega, há uma tendência a quem não se firmou com suas habilidades ser o primeiro a pagar por ela com a dispensa de seus serviços. Demitir custa cara para as empresas e formar mão de obra boa também. Se o bicho pega, mantêm-se o capital humano mais qualificado. E quem vai contratar, sempre vai preferir quem já treinou e aprendeu em outro ligar, para já entrar fazendo certo.
Quanto às empresas, evitar o excesso de endividamento é sempre salutar. ém. Não se despir da ousadia, que ela é que permite ao homem chegar à lua, mas lembre-se, não foi uma loucura, foi calculado. O exemplo das empresas X do Eike devem ser lembrados, não se pode basear que as coisas sempre darão certo e o banco vai cobrir nosso déficit. Afinal, o banqueiro é o sujeito que te empresta um guarda-chuva em dia de sol e o pede de volta quando está chovendo. Nas crises, as empresas salutares engolem as deficitárias via expulsão do mercado ou via “saia daí desta cadeira que agora é comigo para desempelotar o caroço deste angu”.
Portanto, nada de pânico e tampouco propagandear o Armagedom: simplesmente, esteja preparado. De qualquer sorte 2015 não será um ano fácil para nós brasileiros comuns. Do Sudeste ou do Nordeste. Rico ou pobre. Incluído ou excluído.
Ricardo Carvalho de Barros e Gustavo Mameluque, Professores de Administração nas Faculdades Santo Agostinho


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Por Gustavo Mameluque - 14/10/2014 15:50:39
Tenho 30 anos de Serviço Público Estadual e 32 anos de atividade jornalística, sempre em Assessoria de Comunicação e/ ou como colaborador de diversos jornais e veículos, por último colunista do montesclaros.com e do Caderno Opinião do Jornal “Hoje em Dia” . Por alguns anos fui o Diretor do Sindicato dos Jornalistas para o Norte de Minas. Em minha vida profissional, já escrevi linhas que não foram publicadas. Não linhas mandadas. Sou jornalista por vocação e servidor público por opção. Amo as duas carreiras; os dois caminhos. E por último transformei-me em Professor Universitário. Arrisquei um mandato político que não se concretizou. Não me arrependo. A campanha limpa, sem recursos financeiros, sempre vale a pena; mesmo que não seja vitoriosa.
A política nunca foi uma escolha fácil: o conflito é uma face da sua essência. Do ponto de vista metodológico, a imparcialidade não existe em qualquer análise social e política. Mas é importante dizer que ser parcial não significa ser partidário. Como cidadão, defendo a luta da humanidade pela igualdade, liberdade, paz e fraternidade. Tendo por base esses valores, que estão nos compêndios dos direitos universais, sempre procurei retratar os fatos o mais fielmente possível, de diferentes ângulos, e interpretá-los. Nesse sentido, entre os interesses políticos e empresariais que fazem parte da sociedade, fico com a minha análise e com a minha consciência e coerência.
A liberdade de imprensa dos grupos empresariais termina onde começa a liberdade do jornalista; e vice-versa. Por acreditar que esta convivência ainda seja possível, num Brasil onde as ameaças à liberdade e aos direitos individuais crescem, continuo onde estou. Como disse certo pensador, "se o preço do céu é a minha consciência, que venha o inferno".
Digo tudo isto porque faço parte de uma geração que, quando estudante na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais , conheceu de perto o preço da liberdade. Quero seguir na direção certa da história.
Tenho consciência do que é melhor para o Brasil dos nossos filhos e netos sempre respeitando todas as tendências políticas e crenças. No entanto sempre estarei ombreado com aqueles Partidos e Candidatos que respeitem a Fé, a Esperança e a Caridade e a democracia participativa.
Gustavo Mameluque , inspirado em um desabafo da Jornalista e Cientista Política do Estado de Minas Bertha Makroum.
Colaborador do Montesclaros.com e do Caderno Opinião do Jornal Hoje em Dia. Professor das Faculdades Santo Agostinho- Montes Claros-MG


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Por Gustavo Mameluque - 29/9/2014 13:42:13
Também registramos com enorme pesar o falecimento hoje do " Agitador Cultural" Elthomar Santoro. Músico, cantor, teatrólogo e pessoa que prezava os verdadeiros amigos. Lembro-me que participamos recentemente de uma campanha para ajudá-lo quando de um incêndio que levou todos os seus pertences. Artista polemico e às vezes incompreendido fazia questão de enaltecer Montes Claros e seus maiores valores culturais. De bar em bar fazia a apologia de Darcy Ribeiro, Beto Guedes, Cândido Canela, Reginauro Silva, Ivone Silveira, Constantin e tantos e tantos outros representantes da nossa cultura, à qual ele humildemente não se incluia. Descanse em paz bravo guerreiro! Cante no firmamento para aqui consolar nossa verdadeira tristeza por sua partida. Como uma morte anunciada !!! Gustavo Mameluque. Ator. Jornalista. Vivenciou parte da boemia de Elthomar.


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Por Gustavo Mameluque - 20/3/2014 10:50:32

O Engenheiro Montesclarense, que cursou o Ensino Fundamental na Escola Estadual Prof. Alcides Carvalho ( Polivalente) foi nomeado ontem Reitor da Universidade Federal de Minas Gerais. Filho do Engenheiro da antiga Matsulfur ( fábrica de Cimento) Dr. Ramirez, Jaime J. Ramirez é Doutor em Engenharia Elétrica, Professor Titular da UFMG e atuava como Vice-Reitor desde 2010. O ilustre montesclarense era responsável por todas as atividades internacionais da UFMG e se destacou nos diversos Projetos de Pesquisa desenvolvidos em Parceria com o Governo Canadense e Francês. Quando estudante na Escola Polivalente se destacava pela descrição, amor à matemática e a disciplina. Se Jaime morasse na Dinamarca ou na Alemanha seria recebido em sua terra natal com Banda de Música, Fogos de artifícios e muita festa! Vitória do Mérito, do conhecimento e da dedicação. Aqui no Brasil a educação ainda não é prioridade e nem reconhecida como a única possibilidade de desenvolvimento sustentável de uma nação. Gustavo Mameluque.

* Contemporâneo no Polivalente de Jaime Ramirez e Colunista do Montesclaros.com


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Por Gustavo Mameluque - 29/1/2014 10:47:11
O teatro Neymar e Neymar Júnior com o Barcelona

Quanto mais tenta explicar mais se enrola o Neymar Pai ao tentar esclarecer o imbróglio em que se meteu e que, forçado pelas denúncias da Revista Espanhola “El Mundo”, teve que vir a público. Tudo começou com as reportagens do “El Mundo” dando conta de que o Barcelona teria pago valores maiores do que o declarado para a imprensa em 2013. Estas denúncias levaram à renúncia do Presidente do Barcelona Sandro Rossel. Ontem em uma tumultuada entrevista na cidade de Santos Neymar Pai, Sócio da NN empreendimentos esportivos informa a todos que em 2011, recebeu 10 milhões de euros do Barcelona a título de “garantia de preferência” pela venda de Neymar Júnior sob pena de multa e devolução dos valores. O ESPN Brasil então mostrou várias entrevistas em que Neymar naquela época se dizia divido entre várias propostas. Tudo não passava de um grande teatro. Em 2011 os Neymares já haviam vendido o destino da maior revelação do futebol brasileiro para os espanhóis sem que o Santos Futebol Clube tenha tomado conhecimento. Resumo da ópera: Neymar pai agora vai ter que se explicar com o fisco brasileiro e o Barcelona com o fisco espanhol e a torcida do Santos vai continuar “ chupando o dedo”. É lamentável que no ano da copa no Brasil a sua maior estrela se seja envolvido neste “disse-me-disse” e nesta história mal contada. Quando se vão às ruas por ética na política, nas relações econômicas, nos esportes, fatos como os narrados acima nos deixam esmorecidos. E para terminar a polêmica entrevista coletiva o Neymar Pai declara ainda que se não fosse a genialidade do seu filho na Copa das Confederações o ano passado as manifestações de rua não teriam cessado e poderia ter havido uma “ revolução no Brasil”. E o campeonato brasileiro de 2014. Fica o Fluminense ou a Portuguesa ? Em uma das suas crônicas Nelson Rodrigues ( Fluminense de corpo e alma) dizia que o futebol era um dos melhores exemplos de democracia: poucas regras, paixão pela camisa e valorização do talento. O saudoso Nelson Rodrigues deve está chateado lá de cima. Lembro ainda da máxima vivida pelos brasileiros nos anos 70: “ O negócio é levar vantagem. Certo?” A Lei de Gérson se encaixa como uma luva na negociata descrita acima em que os Neymares saíram ganhando muito, o Santos Futebol Clube ficou com o troco e a imagem do futebol brasileiro já marcada pela ineficiência e desmandos ( problemas na organização da Copa do Mundo e escândalos do brasileirão) fica mais arranhada ainda. A saída é torcer para o meu time do coração na esperança de que a paixão desinteressada e inocente dos tempos de garrincha e tostão mande lembrança aos dirigentes dos Clubes, da CBF e aos atuais atletas e aos seus pais/procuradores. Que nossos craques possam brilhar no campo para compensar a presepada e as trapalhadas dos nossos dirigentes. E a máxima da política menor passa também agora a valer para a nossa paixão nacional, o futebol: Transparência ? Ética ? Mérito?. Neste grande teatro da transferência do Neymar valeu tudo !!! Só não valeu perder!!! Inclusive os dez milhões de euros ou trinta e cinco milhões de reais, agora revelado. É a cena final de um triste espetáculo chamado Brazil. Que começo de ano lamentável para o futebol brasileiro!!! Ah! Mas que saudade de mané Garrincha! Gustavo Mameluque. Jornalista. Ex-repórter esportivo do Diário da Tarde/Estado de Minas. Colunista do Montesclaros.com


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Por Gustavo Mameluque - 23/12/2013 08:47:57
Armadilha na MG-122 ( Trevo-Capitão Enéas). Atenção todos os motoristas que irão utilizar a MG-122 na direção de Capitão Enéas pois foram contabilizados somente neste final de semana doze grandes crateras no asfalto no sentido Camarinhas/Capitão Enéas e mais 08 grandes buracos no Sentido Capitão Enéas/Posto Bomzão ( Trevo da 251). Para quem transita nesta estrada há mais de 25 anos foi uma cena desalentadora o que observamos no sábado último. Na ida para Janaúba presenciamos aproximadamente trinta veículos no acostamento realizando a indesejada troca de pneus cortados ou estourados. Chovia muito durante todo o dia. Em rápida inquirição a frentistas e moradores de Capitão Enéas e Posto Caititu uma rápida mas pertinente explicação: " Estrada com asfalto antigo (26 anos), muita chuva, e o trânsito de centenas de Carretas Cegonheiras ( transporte de veículos) com destino ao Nordeste brasileiro. Este " coquetel" molotov está destruindo pneus e rodas mas com a continuidade das chuvas poderá também destruir mais vidas. Com a palavra o DER para que tão logo dê uma estiada comece imediatamente com a " Operação Tapa Buraco" no trecho citado. Mas que seja a Operação " recorte quadrado" e não simplesmente jogar brita e lama asfáltica na cratera para ser reaberta no próximo mês. Aviso então aos navegantes, ou melhor aos viajantes: Atenção redobrada aos que viajam para Janaúba, Porteirinha, mato Verde, Guanambi, Conquista e para o Nordeste utilizando a antiga e tão bem conservada MG-122. Gustavo Mameluque-Jornalista e Usuário da referida via há 25 anos e dois meses ( Nunca presenciei tanto buraco por Km rodado em uma só estrada). Deus nos Proteja a todos os viajantes e os familiares dos viajantes que esperam... Na oportunidade um Feliz Natal e um 2014 repleto de realizações a todos os leitores do Mural do montesclaros.com


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Por Gustavo Mameluque - 23/9/2013 10:54:19
Supermercados e mercearias de Montes Claros vendem bebidas alcoólicas a menores de 18 anos - Contrariando a legislação federal e em especial o Estatuto da Criança e do Adolescente Supermercados e Mercearias de Montes Claros vendem abertamente bebidas alcoólicas a menores. Raríssimos são os Caixas dos estabelecimentos que exigem a Carteira de Identidade dos menores no ato da compra quando desconfiam da menoridade do consumidor/cliente. O fato já foi denunciado à Vara da Infância e da Juventude de Montes Claros e os estabelecimentos envolvidos notificados segundo informação reservada obtida da Justiça. Na capital federal a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou recentemente projeto de lei que criminaliza a venda, fornecimento (inclusive gratuito), servir ou entregar bebida alcoólica a menores de 18 anos de idade. Nesta parte os Buffets também deverão que se enquadrar. Apreciada em turno suplementar – segunda votação – a matéria segue para avaliação da Câmara dos Deputados. A proposta aprovada na comissão, de autoria do senador Humberto Costa (PT-PE), excluiu dispositivo da Lei de Contravenção Penal, datada da década de 40, que pune de forma mais branda a venda de bebida às crianças e adolescentes. O relator Benedito de Lira (PP-AL) destacou que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) "já considera implicitamente" esse comércio como crime, mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem determinado, com frequência, as punições com base na Lei de Contravenção Penal, que é a legislação em vigor."O senador Humberto Costa, no seu projeto de lei, diz que a iniciativa irá resolver controvérsia jurídica acerca de qual procedimento aplicar nos casos de venda de bebida alcoólica a criança ou adolescente: se o ato deve ser tratado como contravenção ou como crime", frisou o relator. Os senadores estabeleceram que os vendedores ou fornecedores de bebida alcoólica processados e condenados pela Justiça deverão cumprir pena de dois a quatro anos de detenção. O projeto prevê multa de R$ 3 mil a R$ 10 mil aos estabelecimentos comerciais punidos e estes ficarão interditados até a efetivação do pagamento. Vender bebidas a menores além de ser um crime contribui para os inúmeros e constantes acidentes automobilísticos que mutilam e ceifam vidas de jovens e adultos nos nossos Montes Claros. Até quando ? Gustavo Mameluque. Jornalista e Colaborador do Montesclaros.com


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Por Gustavo Mameluque - 26/8/2013 14:46:13
RESQUICIUS : UMA LIÇÃO DE VIDA

Glorinha Mameluque

Saindo do Centro Cultural após assistir a peça RESQUICIUS, a gente tem a sensação de que acabou de ter uma lição de vida.
São reflexões de cenas e momentos do cotidiano, que às vezes passam despercebidos a nós, pela correria da vida e é preciso mesmo parar de vez em quando para uma reflexão.
Cenário simples, sem ostentação ou elementos decorativos realçam o texto e a apresentação dos atores, que sem holofotes da mídia nos passam durante uma hora de apresentação, textos profundos, às vezes carregados de pensamentos filosóficos e outras vezes de cenas do nosso dia a dia.
Enfoca o homem prisioneiro, não só das celas físicas, mas das correias invisíveis que o prendem: as injustiças, os preconceitos, a submissão ao poder, as diferenças...
Mostra aos espectadores que não é preciso ter medo, que temos que atrever, esquecer o passado e viver o presente, viver cada momento como se fosse o único, sem esperar grandes momentos :
“Eu pensei que a vida fosse fácil... eu aprenderia
Eu pensei que lutar por todos os meus sonhos valeria..
Eu pensei que um dia eu venceria, eu lutei...”
Fala da necessidade da mudança, da transformação da lagarta em borboleta “graças à grande esperança que eu tive do meu Deus”.
Destaca o valor das pequenas coisas que às vezes desprezamos, como: falar, gritar, correr, andar, pular, tocar, sentir...
O retorno à infância, à família, à adolescência, aos antigos amores...
A peça tem textos e música de José Mamelluk, que também é o ator principal.
Na apreciação de Tatiana Carence Martins, Bacharel e licenciada em Letras Português/Espanhol pela Universidade de São Paulo (USP), escritora e dramaturga, sobre os versos do autor apresentados na peça : “Aqui estão conquistas, encontram-se desilusões, lágrimas, amores, paixões, raiva, perdão, fé... e acima de tudo esperança. Em quê? De que a vida seja mais justa, de que o ser seja mais humano, de que o amor prevaleça, de que a poesia aconteça, de que a leitura seja mais que uma passada de olhos, seja vivência, debate, conversa...”
E foi isto mesmo que a peça transmitiu. É profunda, sem ser cansativa; é eivada de espiritualidade, sem ser piegas. E o ponto alto: a valorização do deficiente, tão bem expressada na bela voz do cantor e na execução das músicas. E a frase que ficou ressoando na cabeça de todos: “Quem será de nós o doente? Eu que faço da dificuldade a vida, ou tu que fazes da vida uma dificuldade?”
Não posso falar mais, mas convidar vocês para assistir a peça, nas suas apresentações finais. Vale a pena! E parabéns pelo seu autor e ator José Gomes Mamelluk Neto, que nos brindou com tão belo texto.
Advogada, psicóloga e escritora


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Por Gustavo Mameluque - 25/6/2013 14:37:03
Para um filho(a) que vai participar da sua primeira manifestação política:

Hoje meu dois filhos ( um maior outra menor) irão participar pela primeira vez de uma manifestação política. Incentivei-os a participar. Mesmo desconfiado e preocupado com o desenrolar dos fatos os incentivei. Disse a eles que participei do Comício das " Diretas Já" em Belo Horizonte na Praça da Rodoviária e que pintei a cara de verde-amarelo contra Collor. Afinal isto é ser Jovem !!! É poder participar, mesmo que com uma parcela, do fortalecimento da Cidadania e da democracia no nosso país. Fiz portanto algumas ponderações : Não aceitem provocações, Não agridam pessoas e coisas, Se tiver que gritar que gritem pela Paz!!! Tenho certeza de que tudo dará certo e que a serenidade e o bom senso prevalecerão. Reforcei ainda a recomendação da gloriosa Polícia Militar de Minas Gerais : Qualquer sinal de vandalismo sentem-se no chão para que a Polícia possa identificar e prender os baderneiros. Acredito firmemente que sairemos mais amadurecidos e fortalecidos de todos estes episódios recentes. O radicalismo e os extremos nunca construiram em nenhum lugar do mundo !!! Finalmente é isto que recomendo aos meus dois filhos e aos outros jovens arrematando com o saudoso Renato Russo : " É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Porque se você parar pra pensar na verdade não há. Sou uma gota d` agua. Sou um grão de areia. Você me diz que seus pais não entendem, mas você também não entende seus pais". Como flexas, vão para o mundo !!! Vão ser feliz!!! Deus lhes protejam!!! Deus proteja o nosso Brasil!!! Muda Brasil!!! Muita calma nesta hora!!! Colunista do montesclaros.com


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Por Gustavo Mameluque - 20/6/2013 00:26:11
Terra em transe: Ou porque não soubemos ouvi-los

Confesso que resisti, ou melhor, evitei escrever este texto que hoje escrevo para tentar entender o que vem ocorrendo no Brasil desde o dia 11 de junho. A Juventude desvinculada de Partidos Políticos, sindicatos e associações sai para as ruas das grandes capitais com o movimento se alastrando por todo o país. Inicialmente um protesto direcionado contra o aumento das passagens de ônibus de São Paulo sendo fortemente reprimido. Em um segundo momento o foco foi direcionado para os gastos exagerados com os Novos estádios para a Copa do Mundo de 2014 e finalmente um “protesta tudo” que vai da crítica à volta da inflação, Impunidade, Corrupção, com um visível desprezo pela classe política institucionalizada. O que esta juventude que está saindo para as ruas querem nos dizer? A manutenção do atual Estado Democrático de Direito dependerá da sensibilidade dos nossos governantes (federal-estadual-municpal) e de todos os poderes da República em não somente ouvir, mas compreender a “voz rouca das ruas”. Parece que chegamos ao limite: Não conseguimos mais ver tantos inocentes serem assassinados por bandidos protegidos pela impunidade, brasileiros e brasileiros nos corredores dos hospitais, professores com salários que não correspondem a sua importância para uma sociedade que diz valorizar a educação, do caos no transporte público (caro e com baixíssimo nível na prestação do serviço) e por fim aquela desconfiança mostrada nos cartazes empunhados de que os nossos representantes em Belo Horizonte e Brasília estão muito mais preocupados com seus pequenos interesses pessoais do que com a construção de um Brasil mais Justo e solidário para todos. Os Partidos Políticos, a UNE, a OAB, as igrejas, as ONGs, os movimentos Populares organizados, as Centrais Sindicais, todos foram atropelados por um movimento em princípio descoordenado, mas que começa a mostrar resultados. As passagens tiveram redução em São Paulo e mais cinco capitais. A terra Brasilis está em transe. Não sabemos ao certo como tudo isto vai acabar. Importantíssimo denunciar para toda a sociedade a infiltração de vândalos, desordeiros, oportunistas e “bandidos profissionais” que se aproveitam de qualquer ocasião para depredar, roubar, saquear e destruir o Patrimônio Público e particular. Reprimindo e punindo estes vândalos extremistas devemos limpar bem os nossos ouvidos e escutar: Os jovens, os adultos e os idosos. Escutar toda uma sociedade que não agüenta mais tanta indiferença da Classe dominante e que está cada vez mais indignada com a falta de compromisso daqueles que se propuseram a nos governar e nos representar. Vivemos uma crise de representação. Uma crise de identidade. Vamos torcer para que a sociedade brasileira, mais madura, mais machucada, mais verdadeira, saia destes acontecimentos podendo comemorar um novo Brasil, um Brasil mais Dom Quixote e pouco ou quase nada Sancho Pança. Vamos todos ouvir a “voz rouca das ruas” ou poderemos nos arrepender. Será que esta onda refletirá nas eleições de 2014? Quem viver verá! “Desculpe o Transtorno- Estamos mudando um país”.
Gustavo Mameluque- Jornalista e Colaborador do site montesclaros.com
gmameluque@yahoo.com.br


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Por Gustavo Mameluque - 13/5/2013 13:55:04
Dúvida eterna( ou quase) sobre Dona Tiburtina e Dr. João Alves
No dia 06 de fevereiro de 1930, por volta das 23 horas, Dona Tiburtina e a então pequena e pacata Montes Claros entrariam para a história do Brasil, ao dar início a Revolução de 1930, que culminou com a posse de Getúlio Vargas como Presidente da Nova República. Naquela noite Montes Claros não mais seria conhecida apenas como grande entreposto de sal e gado, mas também como marco de uma “rebelião feminina” contra a sociedade patriarcal da época. Naquela noite, onde hoje temos construído o suntuoso Automóvel Clube de Montes Claros, o então Vice-presidente, Fernando Mello Viana, que visitava a cidade, foi supostamente atacado em um tiroteio, que envolveu as duas correntes políticas brasileiras da época, a concentração conservadora e a Aliança Liberal. Seis pessoas morreram, no primeiro de uma série de conflitos que culminou com o fim da República velha. Preservado no Departamento de Documentação da Universidade Estadual de Montes Claros consultamos e analisamos mais de 500 páginas resgatadas em 2002 do acervo do Fórum Gonçalves Chaves de Montes Claros. Na pesquisa importante da Prof.ª Fátima foram encontradas duas cartas relevantes: uma escrita por Abílio Coimbra, de Carangola, em 1939, comparando Tiburtina a Marília de Dirceu, por comandar o levante contra o governo; e outra de Angelita Figueiredo, de 1950, que salientava a sua liderança política e pedia a ela apoio para eleger o marido, Mário Augusto de Figueiredo, como Deputado mineiro representando a região de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha. Dr. João Alves faleceu em 1934 e Tiburtina continuou “reinando” nos sertões de Montes Claros.
Durante o meu trabalho de pesquisa no Departamento de Documentação da UNIMONTES referente ao Processo do suposto atentado de 1930 à Comitiva de Melo Viana em Montes Claros deparamos com um fato intrigante e que parece será uma dúvida histórica eterna. Vamos tentar explicar com calma.
Todo o processo Criminal que se encontrava nos arquivos do Fórum Gonçalves Chaves foi remetido para o Departamento de Documentação da UNIMONTES. Aprofundando os estudos me dirigi aquele centro e solicitei o original dos autos. Grande surpresa. Os autos disponibilizados estão datilografados em Cópia dos autos manuscritos. Naquela época todo o processo era datilografado para cópia. Pesquisas preliminares em fac-símiles de jornais da época bem como narrativas de descendentes dos envolvidos demonstram que após a vitória da Revolução de 30 o Grupo de Dr. João Alves teria queimado os originais (manuscritos) de todo o processo . Na mesma época relata-se que a cópia datilografada foi “ escondida” nos arquivos do Fórum Gonçalves Chaves. A grande dúvida que parece nunca será decifrada é a seguinte: Todos os estudos se baseiam nas cópias. O depoimento de Dona Tiburtina a que tive acesso bem como os outros pesquisadores são datilografados. Seria a cópia datilografada uma “ transcrição real” dos dizeres de Tiburtina perante o Delegado Especial ?. Na cópia datilografada Dona Tiburtina apenas faz referências a arrumação dos quartos para os hóspedes e que na Cidade havia um grande número de Jagunços. Já no depoimento de Dr. João Alves o mesmo se defende das acusações: “ Minhas filhas estavam em casa. Jamais daria início a um tiroteio. Posicionei alguns homens para o caso de alguma eventualidade”.
Pelo descrito esta dúvida permanecerá “ ad eternum”. Segundo ainda algumas últimas poucas fontes procuradas, o neto do Jagunço “ Zé Ferrador”, que prefere manter-se em sigilo e preservamos a fonte; todo atentado à Comitiva foi preparado e articulado no fogão de lenha da Cozinha de Dr. João Alves e Tiburtina. O Certo é que o episódio de fevereiro de 1930 mostrou o equilíbrio de forças antagônicas em Montes Claros ambas com aspectos conservadores e Coronelistas sendo que a força encabeçada por Tiburtina e João Alves se alinharam ao Governo Vargas e talvez, por isto, o incêndio dos Originais dos inquéritos, jamais sejam investigados. Seria possível investigar um atentado cometido em 1930 ?. Continua ainda a dúvida da época: Quem teria dado o primeiro tiro ? Os jagunços encastelados na Residência de Dr. João Alves ou os próprios jagunços da Comitiva Oficial de Melo Viana ? De onde partiu o primeiro tiro. O Certo é também que , propositadamente, ao desviarem o roteiro Oficial, da Praça da Estação em direção ao centro para a esquerda ( atual Rua Dom João Pimenta) em direção a Residência de João Alves, a Concentração Conservadora Camilista desejava o embate. O que aconteceu depois Dona Milena Maurício e a Prof. Fátima descreveram com riquezas de detalhes. Mas estas duas dúvidas permanecem: Qual a participação efetiva de Tiburtina em todo o episódio. Quem disparou primeiro tiro? A “ emboscada dos bugres” realmente existiu ou João Alves e Tiburtina apenas agiram em Legítima Defesa ? A história foi escrita pelos vencedores e precisa de alguma forma ser reescrita ou mesmo comentada. Fica a árdua tarefa a se realizar. Cada dia, cada minuto, ela fica mais distante e mais custosa.
Gustavo Mameluque- Jornalista- Pesquisador dos fatos envolvendo Dr. João Alves e Dona Tiburtina que antecederam a Revolução de 1930. Professor Universítário. Servidor Público Estadual.


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Por Gustavo Mameluque - 10/9/2012 11:38:20
Causou estranheza a todos os montesclarenses que não viajaram no feriado o Grande e inusitado consumo de Bebida Alcólica no interior do Campus da Unimontes em envento apoiado por diversas escolas públicas de Montes Claros ( alojamento). Trata-se do Intermed , um evento esportivo de estudantes de Medicina do Estado de Minas. O que se viu foi estudantes com " canecas" e marmanjos urinando na frente da Escola Normal em plena luz do dia. Que exemplos este futuros médicos deixarão para nossas crianças e adolescentes ? O foco não deveria ser a bebedeira mas sim o esporte. Fica o Registro. Lamentável!!! Gustavo Mameluque. Jornalista, Servidor Público Estadual e Professor Universitário. Colunista do montesclaros.com


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Por Gustavo Mameluque - 4/6/2012 09:30:24
Xuxa, Joana Maranhão, Isabelle e outras. Ainda é tempo...

“ Minha mãe dizia que estudo é a coisa mais linda do mundo. Não é. A coisa mais linda do mundo é o sentimento.” ( Adélia Prado).

O depoimento forte e sincero da apresentadora Xuxa Meneguel no Fantástico da Rede Globo e a contundente abordagem realizada pelo programa Jornalístico “Profissão Repórter” na semana passada reacendem um assunto que há muito tempo vem sendo varrido para debaixo do tapete: O abuso sexual, principalmente contra crianças e adolescentes meninas. Os maiores abusadores ? Padastros, parentes próximos, vizinhos, “amigos da família” e professores (aqueles que deveriam cuidar, proteger e ensinar).
Xuxa relata abertamente que foi vítima de um avô-padastro, de um amigo de seu pai e de um professor. A nadadora Joana Maranhão acusa formalmente o seu antigo treinador de natação/professor. E Isabelle, uma jovem da periferia de São Paulo, aponta seu antigo padastro (por coincidência, Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Foram depoimentos marcantes, fortes, sinceros, difíceis para a maioria delas; como se estivessem querendo se libertar daquele trauma, daquele peso , que lhes atormentavam a vida. Falam agora porque não têm mais medo da verdade. Falam agora porque não desejam que outras crianças e adolescente passem pelo que passaram. Falam agora para alertar aos pais e responsáveis que a criança , na maioria das vezes, é frágil, não sabe se defender , e se submete por um bom tempo a ação covarde e violenta dos abusadores. Esta tragédia, ficou provada, não acontece apenas em uma classe social. Acontece nas mansões, nos lares de Classe Média e na periferia das grandes cidades. E ainda continua sendo um assunto tabu. Somente quem foi vítima de abuso sexual na infância ou na adolescência, como demonstrado pela “Profissão Repórter” é capaz de compreender o drama pelo qual passou Xuxa, Joana e Isabelle. Meninos também foram e continuam sendo vítimas de abusadores sexuais.
Somente uma sociedade hipócrita e indiferente não se sensibiliza com este drama que pode estar ocorrendo , às vezes, muito próximo de nós. Uma sociedade moralista que insiste em “enviar para debaixo do tapete” crimes seríssimos no intuito de proteger instituições ou pessoas. A cidadania exige transparência e busca da verdade . Doa a quem doer. As vítimas de abuso sexual devem receber todo o apoio, toda a compreensão e todo acolhimento que merecem. Cabe ao Estado, inibir a ação dos abusadores , punir com rigor quem comete abusos e proteger a vítima desses absurdos. Neste sentido a Nova Lei “ Joana Maranhão” que somente permite o início da contagem da prescrição do Crime de abuso Sexual após a maioridade ( 18 anos) deve ser comemorada por todos que queremos proteger crianças e adolescente.Todos nós, condenando e denunciando, poderemos minorar o sofrimento físico e psicológico de centenas de crianças e adolescente,e contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária, mais democrática e menos hipócrita. Não devemos nos esquecer que oprimir uma criança é destruir uma vida, é matar um sonho, é cometer o maior dos pecados: agredir aquele que não tem a mínima possibilidade de se defender.
Gustavo Mameluque é Jornalista , Professor Universitário e Bacharel em Direito.


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Por Gustavo Mameluque - 4/2/2012 12:01:20
A Justiça tarda e falha em Nova Lima(MG): Proteção incompleta.

Apesar de ainda prematura as primeiras informações divulgadas pela imprensa sobre o assassinato da Procuradora Federal Ana Alice Moreira de Melo, seguido da divulgação da descoberta do corpo do agressor Djalma Veloso, levam a triste conclusão de que mais uma vez a Justiça brasileira não foi ágil e que indiretamente contribuiu para este trágico episódio.
Inicialmente o Juiz de Direito de Nova Lima deferiu medida protetiva restringindo a apenas 30 metros o contato de Djalma com Ana Alice. No mesmo dia 01 de fevereiro em que Djalma foi intimado da referida decisão, exatamente às 18:00 hs foi determinada nova medida protetiva estabelecendo uma distância de 500 metros e autorizando a Procuradora a abandonar o lar. Infelizmente, por falta de agilidade, o advogado da Procuradora e a administração do Condomínio em que residia Ana Alice não foram comunicados em tempo hábil e às 20:30 hs do mesmo dia primeiro o agressor adentrou a residência do casal, ainda sem saber da segunda decisão. Segundo a imprensa Djalma teria “surtado” ao tomar ciência da notificação judicial e teria ido tirar satisfações com a esposa. Portanto, se imediatamente após a divulgação da segunda medida protetiva( solicitada inicialmente pelo advogado da Procuradora e negada pelo Juiz), os principais interessados e responsáveis tivessem sido avisados esta tragédia anunciada poderia ter sido evitada. Tudo indica, inclusive, que Djalma Veloso tenha morrido sem saber da segunda decisão judicial.
Isto mostra que não basta termos leis. Demonstra que elas precisam ser cumpridas com agilidade e resultado. A Delegacia de Crimes contra a Mulher de BH solicitou, em um mês, 932 medidas protetivas, 36% a mais que a média do ano passado. Instituída para criar mecanismos capazes de coibir a violência contra a mulher, a Lei Maria da Penha completou cinco anos em 2011 e ainda apresenta “ deficiências” na sua real proteção à mulher ameaçada. Assassinatos de mulheres se espalham pelo Brasil a fora. Uma Promotora de Justiça ouvida pela reportagem da Rede TV afirmou que para se ter uma eficiente Lei Maria da Penha deveria haver Promotorias da Mulher em Plantão de 24 hs e Juizado Especial para a Mulher em plantão de 24 hs. Quem sabe este triste e lamentável episódio de Nova Lima não seja a semente para que as decisões judiciais (principalmente quando pessoas inocentes correm risco de vida) possam ser cumpridas com mais celeridade e efetividade. Bastava um envio de Fax para o advogado ou para a Administração do Condomínio para que talvez uma vida inocente fosse poupada. Muitos frasistas dizem que “ tempo é dinheiro”... No caso a que nos referimos tempo era sobrevivência.
Gustavo Mameluque- jornalista e bacharel em Direito.


70223
Por Gustavo Mameluque - 25/1/2012 08:23:52
O Drama de Pinheirinho tão próximo de nós!

“Uma geladeira. Um fogão de quatro bocas. Um tanquinho. 03 armários modulados de cozinha. Um botijão de gás. Uma mesa de cozinha e quatro cadeiras. Uma mesa de cozinha. Dois chuveiros elétricos. Quatro bicicletas. Seis malas com roupas e utensílios domésticos.” Isto era tudo que Dona Severina tinha no barraco de madeira desocupado na segunda-feira na Comunidade de Pinheirinho em São José dos Campos-SP. A área, como diversas outras pelo Brasil a fora era invadida. A Polícia Militar cumpriu uma Ordem de Reintegração e Posse expedida pela Justiça de Primeira instância e confirmada pelo TJSP e pelo STJ em Brasília. Mas o que mais chamou a atenção de todos foi que nesta comunidade existia: Coleta regular de lixo, duas ruas asfaltadas, uma biblioteca pública municipal, uma escola, uma equipe do Progama Saúde da família e centenas de ligações de água, luz e pasmem, telefone. Da mesma forma que o Conjunto Cidade Cristo Rei em Montes Claros o Estado ( União- Estado-Município) proporcionaram àquela comunidade carente os serviços públicos em terras “ irregulares e “ invadidas”. Trata-se de uma drama humano que insistimos em não enxergar. Famílias inteiras são “ empurradas” para a ocupação de terrenos particulares abandonados e o Poder Público, até por uma questão de sobrevivência daqueles famílias se vêem na “ obrigação” de lhes fornecer os Serviços públicos essenciais. No caso específico da Comunidade de Pinheirinho eram 1800 barracos habitados por aproximadamente 8.000 cidadãos ( Cálculos da Prefeitura Municipal de São José dos Campos e da PMSP). Por de traz desta reintegração nos deparamos com a triste situação da exclusão social e em especial da crise habitacional que vivemos nos nosso país. O Governo de São Paulo e a Prefeitura de São José dos Campos ainda não sabem para onde irão as pessoas desalojadas da comunidade irregular. De quem é a responsabilidade por tal situação ? Pinheirinhos e mais Pinheirinhos se alastram por todo o Brasil ; de forma muito marcante nas regiões metropolitanas do Sudeste e do Nordeste. O Progama “ Minha Casa Minha Vida” ainda não consegue absorver todo o déficit habitacional brasileiro avaliado em pelo menos cinco milhões de moradias dignas. As Prefeituras, de pires na mão, encontram-se totalmente impotentes para sozinhas enfrentar o problema.
Diante das cenas tristes e humilhantes que assistimos atônitos pela TV devemos nos indignar e trabalhar para que esta questão seja debatida com prioridade nas próximas eleições municipais , estaduais e para Presidente. É preciso regularizar a situação dos que estão em situação irregular e propiciar moradias dignas para quem ainda não as tem. Mais do que um sentimento humano, cristão, ou ético, não é realmente possível colocar tranqüilo a cabeça no travesseiro enquanto centenas de brasileiros não tem onde morar, ou se tem, não moram na maioria das vezes em lugares dignos e habitáveis por um ser humano médio. O Ex-Presidente Francês Jacques Chirac, quando administrava Paris enviou um Projeto de Lei para a Câmara proibindo o despejo de inquilinos durante o Inverno. Chirac era considerado de Direita pela intelectualidade francesa. Mas isso demonstra que independentemente de crença, ideologia, ou convicção religiosa alimentar-se e dispor de uma moradia digna é essencial para que possamos viver em uma sociedade mais justa e igualitária.
Gustavo Mameluque- Jornalista .
gustavomameluque@gmail.com


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Por Gustavo Mameluque - 9/1/2012 08:39:57
EM BUSCA DE UM NOVO PACTO FEDERATIVO. EM BUSCA DE UMA NOVA CIDADANIA

Dados publicados pelo IPEA/Ministério do Planejamento revelam que 59,5 por cento das receitas tributárias em 2011 ficaram com o Governo Federal, restando para os estados membros 21,0 por cento e para os municípios 19,5 por cento. Estes dados confirmam a tese do Senador Aécio Neves e de vários tributaristas de que hoje vivemos uma “federação atrofiada”, um Estado Unitário, provocados por uma injusta e inadequada distribuição dos recursos tributários. Se não bastasse isto, os Royalty do Petróleo também estão concentrados na União e nos estados produtores (Rio, Espírito Santo e Bahia).
Em função desta injusta realidade materializada na Constituição Federal de 1988 a União Federal vem batendo recordes históricos de arrecadação em detrimento dos Estados e Municípios. Conseqüentemente apenas a União Federal dispõe de recursos para as grandes obras estruturantes e com impacto no desenvolvimento econômico e social. Tomemos como exemplo o “Projeto Jequitaí”. O Estado de Minas jamais poderia financiar tão importante e necessário empreendimento. E de fato, a União arcará com oitenta por cento do valor da obra. Os municípios brasileiros ficam “engessados” e dependentes de repasses do Governo Federal e dos Estados. As suas receitas próprias oriundas do IPTU,ISS, ITBI e Taxas não são suficientes para as diversas demandas na área de infra-estrutura, saúde, educação e principalmente trânsito e Segurança Pública. Diferentemente da União os municípios são obrigados a percentuais de gastos mínimos com a educação e a saúde. E todos eles, sem exceção tiveram dificuldades para quitar o décimo terceiro salário dos seus servidores. As grandes obras desejadas pela população (grandes avenidas sanitárias, viadutos, pontes, anel rodoviário e ferroviário, barragens) não podem ser construídas sem a benção do Governo Federal através do Orçamento Geral da União/emendas parlamentares e do Programa de Aceleração do Crescimento. Novos investimentos são peça de ficção para Estados e municípios. Paralelamente a isto os Estados membros não conseguem socorres os seus municípios circunscricionados.
Diante deste quadro desalentador para os Governadores e Prefeitos uma das soluções é a busca de um novo Pacto federativo com uma redistribuição mais justa e adequada das receitas tributárias e a pressão para a aprovação Urgente de uma Reforma Tributária que desburocratize a cobrança de Imposto no Brasil e que distribua a cada ente federado as receitas tributárias em partes iguais. União 33,0%, Estados 33,0% e Municípios 33,0, proposta esta que já está sendo defendida no Senado Federal pelo Governador Aécio Neves e pelo Presidente da Confederação Nacional dos Municípios com um ainda apoio tímido de diversos partidos da base da Presidente Dilma, com destaque para o PSB. O Governador de Pernambuco é um dos maiores entusiastas do referido Pacto. O PT de Minas também vê com bons olhos a proposta vez que Minas é um dos Estados mais prejudicados em função da extensa malha viária que possui. Minas e Pará também são prejudicados no insignificante repasse dos royalty do minério e da desoneração do ICMS na exportação do mesmo. Só para se ter uma idéia enquanto o Estado do Rio de Janeiro recebeu em 2010 seis bilhões de royalty do petróleo, Minas Gerais recebeu no mesmo ano, duzentos e trinta e cinco milhões dos royalty do minério. E o prejuízo ambiental de Minas é monstruoso.
Cada cidadão que mora em um município deveria pressionar o parlamentar a quem dedicou o seu voto nas últimas eleições e cobrar que o mesmo se envolva nesta luta para restabelecimento do Pacto federativo brasileiro. Um pacto de cidadania que pudesse devolver aos Prefeitos Municipais e Governadores a capacidade de Gerir com responsabilidade fiscal seus próprios recursos sem precisar ficar de “pires na mão”, de ministério em ministério em busca de obras e serviços que são um Direito de cada munícipe. E também todos os governadores submissos às vontades e prioridades do Presidente de plantão.
Gustavo Mameluque- Jornalista. Bacharel em Direito. Crítico de arte. Professor das Faculdades Santo Agostinho-Montes Claros-


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Por Gustavo Mameluque - 5/1/2012 17:57:06
Titulo da notícia: Arrecadação anual de impostos no Brasil é recorde mais uma vez e soma R$ 1,51 trilhão em 2011

Comentário: Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário apontam que, pela primeira vez, os brasileiros pagaram em um ano mais de R$ 1,5 trilhão em impostos, o que significa mais de R$ 4,143 bilhões ao dia. Sobre o assunto, discute o especialista Gustavo Mameluque. Ele ressalta que segundo dados oficiais do IPEA/Ministério da Fazenda a carga tributária brasileira permanece inalterada em 36,5% do PIB (mesmo índice de 2010). "O que ocorre é que a União vem tendo recordes mensais na arrecadação dos Tributos Federais (principalmente IRPF, IRPJ, IPI, ITR, II, IOF etc.), o que puxa a arrecadação tributária global para cima. Os Estados e principalmente os municípios continuam com suas receitas tributárias praticamente acompanhando a inflação Oficial. Não há crescimento real. Os quase 5.600 municípios brasileiros tiveram dificuldades para quitar o 13° salário dos seus servidores", explica. O valor divulgado é aproximado e se refere à arrecadação de todas as esferas de Governo (União, Estados e Municípios). Não são dados oficiais aceitos pelo Ministério da Fazenda. Gustavo Mameluque lembra que a arrecadação mineira, por exemplo, sofre perdas com a desoneração dos produtos (minério de ferro) destinados à exportação que são imunes do ICMS. Minas e Pará, como grandes exportadores, vêm perdendo receita ano a ano. Minas Gerais também vem sofrendo perdas com a Guerra Fiscal promovida por alguns Estados na Federação. O especialista pontua que a arrecadação da Prefeitura de Montes Claros em termos reais é a mesma de 2010. "Como já dito anteriormente, a solução está em desconcentrar e simplificar a tributação com ênfase na Cobrança do Patrimônio e nos ganhos financeiros, como acontece nos países desenvolvidos. No Brasil, o foco é no consumo e na renda (IPI, ICMS, IRPF) o que acaba prejudicando as classes mais pobres e os assalariados. Reitero que somente uma reforma tributária urgente pode aliviar o bolso do contribuinte e ao mesmo tempo distribuir melhor a arrecadação para os Estados e Municípios", pondera. Ainda segundo Mameluque, enquanto isso não ocorre, a "Guerra Fiscal" produzida por cada Estado Membro procura de todas as formas proteger a sua economia e os seus empregos. O Governo Federal vem tentando amenizar a situação das pequenas e médias empresas através da ampliação das faixas de recolhimento do Simples Nacional, mas este remendo de reforma não é suficiente. "Como levar adiante uma reforma tributária se nenhum ente federado pode perder Receita? Esse debate deve ser travado com prioridade pelo Congresso Nacional. A carga tributária também já chegou ao limite suportável pelo cidadão. Por isto mesmo os governantes têm que priorizar a boa aplicação dos recursos tributários e a Responsabilidade Fiscal. Ainda mais quando se prenuncia uma crise econômica internacional", conclui. Gazeta Norte Mineira de 04.01.2012- Pg. 08. Cronista do Montesclaros.com Professor de Introdução ao Direito das Faculdades Santo Agostinho.


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Por Gustavo Mameluque - 11/12/2011 19:08:43
Regionalismo político norte-mineiro.


Estudo muito interessante e que merece ser divulgado para acadêmicos, estudiosos, historiadores e para o público em geral e para os nossos políticos é a Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História Econômica da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo pelo Professor norte-mineiro Laurindo Mékie Pereira com orientação da Profa. Dra. Raquel Glezer. Importante ressaltar que o Projeto do Prof. Mékie teve efetivo apoio da UNIMONTES em diversos aspectos.
Prof. Mékie trabalha o regionalismo político norte-mineiro da segunda metade do século XX. O objetivo central é compreender a emergência e o desenvolvimento da ideologia das classes dirigentes, identificando os seus principais componentes, sua difusão e assimilação pelo conjunto da sociedade. Em especial ele analisa muito bem a participação da Sociedade Rural e da Associação Comercial e Industrial de Montes Claros na formulação do conceito de “desenvolvimento regional” e o envolvimento das mesmas com o” Poder político” local. A conclusão mais importante é a de que a burguesia regional se organizou como classe, nesse período, tendo evoluído de uma ação corporativa inicial para o exercício da hegemonia, ao final do século XX. Mas o que mais chama a atenção na sua bem elaborada Tese de Doutorado é a descoberta, durante as suas pesquisas, no Jornal Binômio , de Belo Horizonte de que em Montes Claros, no século XX ainda havia resquícios de escravidão, de escravidão branca, quando casais vindos do nordeste (retirantes) eram negociados . “Em 1959, os retirantes de Montes Claros foram assunto nacional. O jornal Binômio, de Belo Horizonte, divulga que um” mercado de escravos em Montes Claros”, pois os jornalistas, disfarçados de fazendeiros, teriam comprado uma casal de nordestinos por 4 mil cruzeiros, com recibo e garantias de saúde do mesmo.” Tal fato teve repercussão nacional e foi contestado pela imprensa montesclarense da época tendo como porta-voz o ex-colunista e Jornalista Lazinho Pimenta. Mékie destaca ainda a participação do Prof. Simeão Ribeiro Pires e dos Professores Alfredo Dolabella e Expedicto Mendonça na teorização das teses separatistas que fundamentaram o Estado de São Francisco e o Estado de Minas do Norte, ambos derrotados no Congresso Nacional.
Dr. Simeão é lembrado pelo Prof. Laurindo da seguinte maneira: “Destacamos, ainda, a atuação de Simeão Ribeiro Pires. Pertencente a uma das mais tradicionais e influentes famílias da região- os Ribeiros-, Simeão, formado em engenharia e história, era também fazendeiro, industrial e liderança política. Foi prefeito de Montes Claros entre 1959 e 1963 e vereador nas gestões 1963-1966 e 1967-1970. Entendemos que ele foi um dos principais formuladores da ideologia regionalista, desempenhando o papel de intelectual das classes dirigentes, organizando-as, contribuindo para lhes dar homogeneidade e exprimirem-se política e economicamente, conforme propõe Gramsci. (...) ele foi voz ativa no movimento de 1987-1988, fornecendo a esse movimento (Estado Minas do Norte) um dos seus argumentos mais fortes: a tese da primazia baiana na colonização do Norte de Minas e a similitude dessa região com o restante do Nordeste. Já em 1962 e 1965, ele publicou artigos defendendo suas idéias e as apresentou, de forma organizada e” completa”, em 1979, com o livro Raízes de Minas.”
O mérito maior do Prof. Mékie é sistematizar com clareza e precisão científica o processo de formação da “ideologia do regionalismo” traçando um perfil que se iniciam com as bandeiras paulistas, passando pelas disputas políticas de Camilo Prates e Honorato Alves, a criação da SUDENE, os movimentos separatistas patrocinados pela classe política local e contestada pelo centralismo do Governo mineiro. Deixa claro que neste período contemporâneo não houve espaço para significativas manifestações populares e que realmente o processo político foi ditados pelas classes empresariais e intelectuais, com poucas ou raríssimas exceções . Ressalta por fim que as poucas demandas populares de caráter regional foram capitalizadas pelo tripé: Sociedade rural, ACI e Políticios institucionalizados ( Prefeitos, vereadores e Deputados).
Referência: PEREIRA, Laurindo Mèkie. Em nome da região, a serviço do capital: o regionalismo político norte-mineiro. São Paulo: USP, 2007.

Gustavo Mameluque. Jornalista, bacharel em Direito. Crítico de Arte.


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Por Gustavo Mameluque - 14/11/2011 07:57:38
Dona Tiburtina- Tiburtina Andrade Alves

Tese de Mestrado da Prof.ª Fátima Nascimento e do Prof. Donizete Lima Nascimento lançada o ano passado comemorou os 80 anos de norte-mineira polêmica e ilustre que desafiou os costumes do seu tempo. O Casal João Alves e Tiburtina comandou a política de Montes Claros durante várias décadas. No dia 06 de fevereiro de 1930, por volta das 23 horas, Dona Tiburtina e a então pequena e pacata Montes Claros entraria para a história do Brasil, ao dar início a Revolução de 1930, que culminou com a posse de Getúlio Vargas como Presidente da Nova República. Naquela noite Montes Claros não mais seria conhecida apenas como grande entreposto de sal e gado, mas também como marco de uma “rebelião feminina” contra a sociedade patriarcal da época. Naquela noite, onde hoje temos construído o suntuoso Automóvel Clube de Montes Claros, o então Vice-presidente, Fernando Mello Viana, que visitava a cidade, foi atacado em um tiroteio, que envolveu as duas correntes políticas brasileiras da época, a concentração conservadora e a Aliança Liberal. Seis pessoas morreram, no primeiro de uma série de conflitos que culminou com o fim da República velha. Preservado no Departamento de Documentação da Universidade Estadual de Montes Claros estão a nossa espera mais de 500 páginas resgatadas em 2002 do acervo do Fórum Gonçalves Chaves de Montes Claros. Tudo foi restaurado, digitalizado e escaneado. Na pesquisa importante da Prof.ª Fátima foram encontradas duas cartas relevantes: uma escrita por Abílio Coimbra, de Carangola, em 1939, comparando Tiburtina a Marília de Dirceu, por comandar o levante contra o governo; e outra de Angelita Figueiredo, de 1950, que salientava a sua liderança política e pedia a ela apoio para eleger o marido, Mário Augusto de Figueiredo, como Deputado mineiro representando a região de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha. Dr. João Alves faleceu em 1934 e Tiburtina continuou “reinando” nos sertões de Montes Claros.
Nascida em itamarandiba, aos 30 de agosto de 1873, filha do Capitão Manoel Florentino de Andrade Câmara e Dona Henriqueta Leocádio de Mello. Querendo livrar-se da opressão paterna, furtava-lhe dinheiro para oferecer aos pobres (conta a lenda). Estudou em Capelinha e Diamantina, em regime de externato. Casou-se primeiramente com Antônio Augusto Câmara Alkmim, família de Bocaiúva, tio-avô de José Maria Alkmim, contra a vontade do pai. Como o marido era boêmio e alcoólatra, ela teve que assumir a lida da fazenda. Nessa situação resolveu mudar-se para Montes Claros em 1902. Fez uma travessia acompanhada de 25 tropeiros e arrieiros que transcorreu em seis dias de viagem. Com a “cara e a coragem” não muito peculiar às mulheres daquela época, sozinha, passou a administrar a nova fazenda adquirida. Além da beleza natural alardeada aos quatro cantos, procurava esmerar-se com boas vestimentas e penteados.Muito cedo Alkmim faleceu e Tiburtina ficou viúva. Nova, bela e muito rica, aos trinta e quatro anos de idade, casou-se em 1907 com o médico, João José Alves, filho do Coronel Marciano Alves, potentado regional. Logo depois do nascimento do primeiro filho do casal, o sogro foi assassinado. Tiburtina tudo fez para descobrir e punir o grupo responsável. A partir daí ela e o marido tomaram a frente da política de Montes Claros. Filiou-se à Aliança Liberal e fez oposição aos coronéis conservadores da região . Participa da Revolução de 30, em luta contra as oligarquias locais. Das suas memórias, relatadas em “Bugres” pela escritora Milene Maurício, fica o registro da mãe adotiva de” fifi”, filho de João Alves e Tiburtina morto no tiroteio de 06 de fevereiro junto com mais cinco pessoas.
Até 1950, aproximadamente, no Brasil, a mulher burguesa constituía-se em simples objeto complementar de afirmação existencial do homem. É curioso notar que todas as mulheres históricas do século XIX foram viúvas de potentados coronéis. O que se mostra como um paradoxo. Tiburtina foi uma figura de transição: filha e nora de coronéis, que se transformou em instrumento de luta contra eles.
Por tudo isto Dona Tiburtina merece ser estuda, pesquisada, relembrada e quem sabe, reverenciada e recolocada no seu devido lugar histórico. Isto, efetivamente, depende do trabalho de todos nós. “A verdade não é filha do Império. A verdade é filha do tempo” Galileu Galilei.
Gustavo Mameluque. Jornalista, bacharel em Direito e Crítico de Artes.
Referências: Alencar, Girleno. Jornal Hoje em dia.07.02.2010.Minas. pg.29.
Moura, Antônio de Paiva. Revista Libertas. Mulheres mineiras: história e mito.2005. Belo Horizonte.MG.


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Por Gustavo Mameluque - 4/11/2011 12:54:54
Lembranças de uma infância...

Observando, num dias desses a violenta guerra do trânsito que vivemos em Montes Claros, lembrei-me de um fato pitoresco e singelo que me ocorreu nos idos de 1973, aqui em nossa cidade. Havíamos acabado de chegar a Montes Claros, vindos com saudades de São Francisco. Morávamos em uma casa modesta na Av. Ovídio de Abreu, 351, próximo ao antigo “Cine Lafetá”, vez que chegávamos para recomeçar a vida na promissora cidade dos Montes Claros. Como conta o romance, éramos seis: meu pai, mãe, e os três outros irmãos. Em 1974 fui matriculado na pioneira Escola Polivalente Professor Alcides Carvalho, no nascente bairro Jardim São Luiz. Quem conhece Montes Claros sabe muito bem que a ponta da Avenida Ovídio de Abreu, já quase no Santa Rita, e o Polivalente estavam e estão ainda hoje completamente opostos. Logo no primeiro dia de aula questionei meus pais: - Para chegarmos às sete horas da manhã, a que horas deverei sair de casa para não encontrar o portão fechado?. Lembro-me bem, como se fosse hoje, da resposta da minha mãe Glorinha: - Se você for à pé, deverá sair às seis e quinze da manhã. Segue toda a Avenida, passa com muito cuidado pela rodoviária, desce a Rua Barão do Rio Branco até a Avenida Mestra Fininha. Chegando à Mestra Fininha, você sobe até a Escola Normal, vira à direita, desce quatro quarteirões, vira novamente, só que à esquerda, e, exatamente às sete horas, você estará na porta da Escola.
Nunca fui anjo, nem pretendo ser, mas o certo é que, salvo dois ou três dias de garganta inflamada e febre,neste ano de 1974 nunca cheguei atrasado ao Polivalente. E minha mãe prosseguiu na resposta: - Se você for de bicicleta (tínhamos uma antiga MonarK, barra circular verde), poderá sair às seis e meia. Por fim concluiu: - Se o seu pai não estiver viajando para São Francisco, ele poderá te levar de carro e, nesse caso, vocês podem sair às seis e cinqüenta. Nessa época meu pai ainda mantinha seu escritório de advocacia em São Francisco e sempre ia para lá na terça-feira, retornando na sexta. O certo é que, nesse primeiro ano me acostumei a ir à escola a pé ou de bicicleta. No ano seguinte, meu irmão, Leopoldo, também passou a estudar no Polivalente e coube a mim a responsabilidade de transportá-lo na garupa da prestimosa barra circular verde. Quando chegamos em 1976, minhas responsabilidades aumentaram: já teria também que transportar a minha irmã Cristina. Íamos na bicicleta barra circular verde eu, Leopoldo e Cristina.
Retorno à minha infância com o intuito de fazer um contraponto com os dias de hoje. Já não se pode deixar que nossos filhos se dirijam à escola de bicicleta. Pelo menos até à quinta série, ou eles têm de ir de carro (os pais levando) ou de ônibus escolar. Não é só o trânsito agitado que preocupa. A violência do dia-a-dia, o estresse, as balas perdidas. Fico a meditar, com a tamanha devoção que meus pais tinham e têm por seus filhos, como seria aquela resposta a mim dada nos dias de hoje. Com certeza eles teriam que nos acompanhar até a escola todos os dias: de carro, de ônibus, ou a pé.
Recentemente foi proferida uma palestra pelo filósofo e professor Paulo Volker, em que ele relata a importância do vínculo familiar e do diálogo no processo de proteção dos filhos. Ele relata que os filhos são como plantinhas que não podem se expor muito ao sol e à luz, pois acabam morrendo. A criança precisa de sua privacidade, do seu aconchego e também do abraço afetuoso de seus pais. Conclui a palestra afirmando que, se abraçássemos mais nossos filhos, conheceríamos mais seu cheiro próprio. E poderíamos distinguir outros cheiros, como o do cigarro e outras coisitas mas, por exemplo. Da narrativa acima, retira-se também outra lição. Os pais devem repassar aos filhos o senso de responsabilidade. Minha cota, por exemplo, era transportar meus irmãos, o que procurei realizar da melhor maneira possível. Isso tudo nos mostra também como são importantes as dificuldades que enfrentamos em nossa vida. E entender que, com paciência, tudo se resolve. Hoje eu agradeço a Deus pelas limitações que me foram impostas pelas circunstâncias e pela decisão de meus pais. Não somos uma família perfeita, se é que existe alguma. Mas acreditamos que a vida sempre vence a morte. Que a luz sempre vence as trevas, que a paz é o veneno da guerra e que o amor será uma dia a única língua dos homens. Paz... Paz...Paz...
Gustavo Mameluque- Jornalista, Bacharel em Direito e Crítico de Artes.


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Por Gustavo Mameluque - 30/10/2011 07:44:56
Antônio Dó. O grande sertanejo injustiçado.

Da mesma forma que Napoleão Valadares se entusiasmou ao prefaciar a obra-prima “Serrano de Pilão Arcado- A saga de Antônio Dó” eu também me entusiasmei e vibrei com tão completo, profundo e marcante romance histórico. Merecidamente selecionado pelos Professores de Letras e pela COTEC para o Vestibular UNIMONTES. Fez-me lembrar Juan Rulfo no clássico mexicano Planalto em Chamas e Pedro Páramo, Cem anos de Solidão de Gabriel Garcia Marquez e Grande Sertão Veredas do sertanejo Guimarães Rosa. Antônio Dó- Severo bandido; nos dizeres de Rosa. Perfeição na escrita e na imaginação. Riqueza de detalhes. Riqueza de fatos. Português perfeito. Misto de realidade e fantasia, com predominância do resgate histórico do herói-bandido Antônio Dó. Mas, segundo o Prefaciador Valadares: “o livro não é só história de Antônio Dó, que foi um menino da fazenda Salitre, em Pilão Arcado; um fazendeiro em São Francisco; um garimpeiro no Rio Claro, um jagunço com fama desde o Carinhanha até os Gerais de São Felipe; um bandoleiro que as forças do governo acabaram por desistir de querer matar”. Antônio Dó queria apenas Justiça. Receber o preço justo referente às terras que lhe tomaram com a aquiescência do Poder de Plantão em São Francisco. Somente queria o Justo. Foi empurrado para ser “bandido”. Serrano de Pilão Arcado mostra com muita clareza as arrelias políticas da cidade de São Francisco, cidade que tive a alegria de viver durante minha infância, com os líderes locais tramando conspirações para se agarrar ao poder, com assassinatos, deportações, fugas de canoa, incêndios, cárcere privado, canalhice, nobreza de caráter, grandeza de espírito, tudo o que há na vida e, por conseguinte, há no romance. É uma produção literária nascida de um extremado esforço de pesquisa que, ao lado de outras obras consagrou a presença de Petrônio nas letras brasileiras. Segundo Luiz de Paula Ferreira: “é obra consagrada”.
Ler Serrano de Pilão Arcado é voltar ao tempo e relembrar conhecendo todos os segredos e costumes do sertanejo, de maneira especial o sertanejo das barrancas do São Francisco. A narrativa passa por Januária, São Francisco (núcleo central), São Romão, Serra das Araras, Brasília de Minas e Pirapora. O livro que mais se assemelha a um belo roteiro de cinema mostra a chegada de Antônio Dó e sua família na antiga Pedras de Cima (São Francisco) na época do Império. Mostra com riqueza de detalhe os costumes dos Coronéis da época e também do homem comum. Homem comum muito bem representado por Antônio Dó. Antônio Dó foi escorraçado de suas terras pelo desafeto Chico Peba com a complacência e o apoio das lideranças municipais da época, inclusive o vigário de São Francisco. Foi-se embora para Serra das Araras apenas com o desejo de ser indenizado, pela Câmara Municipal pelo prejuízos sofridos. Nesta tentativa de reparo destacamos a forma como Petrônio delineou e explicitou o caráter do Cel. João Maynart. Maynart era amigo de Antônio Dó e intermediou com as autoridades locais o pagamento da indenização pelas perdas. Mas o Juiz Municipal e os Coronéis da Velha República inviabilizaram o Processo e lançaram Antônio Dó de vez no mundo do “Crime”. Antônio Dó era percebido pela população ribeirinha como um verdadeiro Hobin Hood que protegia e lutava pelos mais pobres. A população torcia para que as volantes do Governo não prendessem ou matassem Antônio Dó.
Mas para viver e sentir tudo isto que estou falando é preciso ler cada uma das 597 folhas desta Obra-Prima. Morto à traição por um jagunço infiltrado das Cotendas iniciou-se a sua lenda. Foi morto em baixo de um pé de Baru centenário que ainda hoje vive frondoso na Serra das Araras; bem ao lado do córrego da Aldeia; onde ele escolheu para viver seus últimos dias ao lado de Francilha. O Centenário Pé de Barú parece resistir como a gritar que o sertanejo Antônio Dó foi um grande injustiçado. Como João Batista o foi. Ninguém da Corte Herodes se pronunciou quando Salomé recebeu a cabeça de João como prêmio. Da mesma forma ninguém foi solidário com a injustiça cometida ao retirante Antônio Dó de Benedito. Petrônio resgata esta história. Mesmo tardio. Oitenta e dois anos depois da sua morte a memória de Antônio Dó foi restabelecida e uma outra face foi contada.
Termino esta resenha crítica com as lindas palavras do ilustre pai de Petrônio Braz, Brasiliano Braz , que também tive a honra e a alegria de conhecer quando meu pai Pedro Mameluque Mota era Prefeito de São Francisco, nestes termos:
“Antônio Dó nunca foi vencido. Numa sepultura rasa, nos rincões da serra das araras, dorme agora o sono da eternidade. Os seus feitos são, ainda hoje, o entretenimento, um dos temas dos serões ao pé do fogo, nos lares humildes do sertão mineiro.”


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Por Gustavo Mameluque - 19/10/2011 08:32:38
Relendo “ O mulo.”... Encontrei Darcy. Filhos dos Montes Claros.

Gustavo Mameluque. Jornalista e Crítico de Arte.

O antropólogo Darcy se mostra completamente inteiro em " O Mulo". Também considerado por muitos literatos brasileiros como um romance regional ele retrata o cotidiano do Sertão das Gerais , de Montes Claros a Cristalina de Goiás. Passa pela construção de Brasília-DF em um tempo de Coronéis, herança próxima dos Coronéis de Brasília de Minas, São Francisco, São Romão e Januária tão bem retratado na obra de Saul Martins e Petrônio Braz ( Antônio Dó e Serrano de Pilão Arcado-respectivamente). Segundo Wanderlino Arruda, escritor montesclarense, Darcy, sem demorar muito será reconhecido, como um dos grandes romancistas brasileiros do Século XX. Será, talvez, lembrado muito mais como romancista do que como o grande sociólogo, político, antropólogo e político questionador que foi. Somente para relembrar: “Assim cheguei a esse poço sem fundo de lembrança, que despejo em cima do senhor. Sou, hoje, um mulo cheio de reminiscências. Eu nem supunha que coubesse em mim, nem em ninguém, tanta lembrança como as aqui recordadas. Com surpresa vi quanta estava em guardada, soterrada, querendo sair, sopitar, sangrar."(1)
Sobre esta obra, Darcy Ribeiro escreveu em seu livro Testemunho (2) “Ao contrário do chamado romance social que exalta humildes mas heróicos lutadores populares, em O Mulo eu retrato o nosso povo roceiro, sobretudo os mais sofridos deles que são os negros, tal como os vi, sempre mais resignados que revoltados. Além da espoliação de sua força de trabalho e de toda sorte de opressões a que são submetidos, nossos caipiras sofrem um roubo maior que é o de sua consciência. O patronato rural se mete em suas mentes para fazê-los ver a si mesmos como a coisa mais reles que há.
Guardo em mim recordações indeléveis das brutalidades que presenciei em fazendas de minha gente mineira e por todos estes brasis, contra vaqueiros e lavradores que não esboçavam a menor reação. Para eles a doença de um touro é infinitamente mais relevante que qualquer peste que achaque sua mulher e seus filhos. Esta alienação induzida de nossa gente, levada a crer que a ordem social é sagrada e corresponde à vontade de Deus, é que eu tomei como tema, mostrando negros e caboclos de uma humildade dolorosa diante de patrões que os brutalizavam das formas mais perversas. Tanto me esmerei na figuração destes contrastes que um pequeno bandido político em luta eleitoral contra mim fez publicar alguns daqueles meus textos de denúncia como se expressassem minha postura frente aos negros. “
“Quem pegará meus papéis de confissão e sairá depois da minha morte em busca do senhor, seu padre (...) não conto com ninguém.”(1). Darcy retoma o tema da velhice, da desilusão do fim de vida, dos nossos raros momentos de reflexão. ““ O mulo” é uma obra de questionamentos, vividas pelo narrador e pelos seus diversos conhecidos de Montes Claros, como muito bem relata Wanderlino Arruda em suas crônicas e pela ocasião do lançamento de” O mulo” em nossa cidade. Inicialmente incompreendido pelos críticos literários e pela quase maioria dos leitores este romance regional vai se mostrando cada vez mais universal à semelhança de” Grande Sertão: Veredas”. Philogônio é a antítese do herói Riobaldo de Rosa. É a antítese de Antônio Dó, na construção de Petrônio Braz e não na construção de Saul Martins.
Darcy, através das falas de Philogônio de Castro Maya e outros nomes se perguntam e perguntam aos leitores mais interessados e analíticos: Se haverá o “perdão” no limiar dos meus dias posso então viver uma vida de maldades e ao final arrepender-me e, passando pela purga, habitar um dia na Casa do Pai? Se não, para que serviria o Cristianismo? E as mortes que pratiquei e que foram “merecidas”? A morte do Lopinho? E a da devassa Emilinha que se dava aos cães em noite de orgia bestial? E quando matei por legítima defesa antecipada? E quando acabei com Dominguinhos-Temido por todas e todos? Estaria fazendo a Justiça com as próprias mãos? Não mais haveria necessidade do Perdão de Deus? E continua provocando, instigando o montesclarense inquieto Darcy. O gênio Darcy. O filho de Mestra fininha e irmão de Mário. O tio de Ucho e Paulinho.O insaciável Darcy. Parece até que antevia os conselhos de Steve Jobs da Apple: “Permaneçam Sedento”. Existem padres santos? A santidade ainda existe nesta terra dos homens? Darcy nos traz um Cel. Maya asqueroso e bruto no seu dia-a-dia. Para ele negro e índio não têm alma. Não é gente. É projeto de Gente. É moinha. De uma certa forma mostra no romance que alguns resquícios deste pensamento conservador e anti-humano criaram raízes no coronelato brasileiro que Gilberto Freyre, tentou escamotear na “democracia racial” de Casa Grande e Senzalas. Havia uma certa harmonia, um certo respeito do Senhor de Engenho para com o negro e especialmente a negra das Senzalas. Negra que se deitava com o Senhor. Negra ama de leite. E viviam em harmonia. Em “o mulo” Darcy quebra, arrebenta está lógica da” Democracia Racial”. E nos traz ainda uma personagem mutante. Como mutante somos. Permeando entre o bem e o mal. Um personagem múltiplo na fala de Wanderlino. Um personagem indefinido para vários resenhistas de “O mulo".
Phylogônio de Castro Maya (Maia com Y) é o seu último nome. Inventado. Criado. Forjado. Engendrado pelo recadastramento da Justiça eleitoral goiana, porém, este nome teve diversos outros nomes: Já foi chamado de ninguém, de coisa, de estrupício, de nada, fuso, qualquer um, Filó, Terêncio Bórgia (que se julgava seu pai) e Terezo. Por fim: mulo.
“Uma madrugada que acordei estremunhado e saí porta a fora, bati com o pé no moleque que vivia enrodilhado ali; Acordando assustado ele me perguntou gritando: Que é seu mulo? Quem é quem? Perguntei eu. Aprendi ali, naquela hora, meu apelido.”(1)
Maya nunca amou verdadeiramente qualquer pessoa. Talvez um amor carnal por Emilinha; mas nem tanto porque a lançou aos negros sedentos. Terminou sem a quem deixar tantas conquistas iniciadas com arrieiro e depois tropeiro em Paracatu, sempre em direção às águas limpas e livres de Goiás. Tornou-se rico de posses, mas pobre de sentimentos nobres. Fazia sua própria justiça, do seu jeito. E narra tudo na fazenda laranjos. Amigos? Talvez um único; Militão. Tão amigo que coube a ele comprar o seu luxuoso caixão em Brasília-DF. Fim de vida amargurado? Arrependido? De alguns pecados. Quais de nós não temos pecados? Quais de nós somos santos? Darcy com toda a sua inquietude e força nas palavras nos impressiona. Romance para ler. E reler. E depois ler de novo. Caliente, quente, para alguns até pornográfico. Existe pornografia em Literatura? Melhor dizendo: Erótico. Sensual. Excitante. Leitura agradável aos olhos.
Darcy na sua integridade ética e revolucionária de sociólogo e antropólogo, de educador, de visionário, de gênio falante, de político, de irmão, de lucidez própria dos grandes homens e dos grandes pensadores define a nação brasileira como” a nova Roma.”(3). Mais forte e criativa do que Roma. Porém também eterna. Nação nova. Livre. Da mistura linda de índios, negros e europeus.
Darcy, no conjunto da sua obra literária (Maira, Mulo, Povo brasileiro) renova a cada dia a sua convicção antropológica e revolucionária de que aqui na “terra brazilis” formou-se realmente um novo gênero humano. Uma nova civilização; mais produtiva, mais generosa, porque aberta à convivência, com todas as raças e todas as culturas. Talvez o mundo e em especial o Oriente Médio devesse ler mais Darcy. Não só isto. Entender Darcy.
“ Ao contrário do que alega a historografia oficial, nunca falhou aqui, até excedeu, o apelo à violência pela classe dominante , como arma fundamental da construção da história”. ( Ribeiro,2006,pg.23)
Darcy que tanto admirava a fé de Mestra fininha talvez tenha convivido muito com Deus sem o saber. E poderia muito bem colocar em suas “confissões” uma máxima do Poeta maior Fernando Pessoa:” Cheio de Deus não temo o que virá, pois venha o que vier, nunca será maior do que minh’alma”. Viva o povo brasileiro. Viva Wanderlino. Viva Dona Yvone. Viva Constantin. Viva João Valle Maurício. Viva Ciro dos Anjos. Viva Cândido Canela.Viva Darcy!!!
Gustavo Mameluque. Resenha – “ O Mulo”
1).Ribeiro, Darcy. O mulo.Belo Horizonte: Leitura, 2007.
2). Ribeiro, Darcy. Testemunho. São Paulo. Ed. Siciliano, 1991, p.10.
3). Ribeiro, Darcy. O povo brasileiro. São Paulo. Companhia das Letras,2006.




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