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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: A disputa que não chegou a acontecer

Carlos Lindenberg - Jornal ´Hoje em Dia´

Quem esteve em Montes Claros na última segunda-feira certamente não viu, com os olhos de quem acompanha política há muitos anos, a tão comentada disputa entre o governador Aécio Neves e a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, competição essa em torno de quê, ninguém sabe. Ora, o que se sabe é que a disputa do governador Aécio Neves é com o governador de São Paulo, José Serra - e Serra não esteve em Montes Claros, ao que consta. De forma que a propalada disputa está menos na realidade dos fatos do que na sempre fértil imaginação das pessoas, daí porque há muita gente que vê fantasma ao meio-dia.
Da mesma forma, quem também esteve em Montes Claros e conhece a cidade, com os olhos de quem lá viveu por muitos anos, certamente se surpreendeu com a magnitude do evento. Há muitos anos não se via coisa igual na antiga capital mineira da Sudene e nem sempre se vê em outras cidades. A um só tempo, estavam em Montes Claros o presidente da República, o vice-presidente, o governador e o seu vice, nada menos de 12 outros governadores e 11 ministros, além de boa parte da bancada de deputados federais e estaduais, e presidentes de empresas e instituições públicas. É evidente que acontecimento de tal vulto não deixa de quebrar a rotina da cidade e de trazer algum tipo de transtorno à sua população.
Mas como o presidente e os demais visitantes não estavam lá para tomar um “golo” num dos diversos bares da cidade nem para comer uma carne de sol de “dois pelos”, é de ver que Montes Claros pode ao final contabilizar ganhos que raramente são escriturados em outros municípios de igual porte. Não basta citar a inauguração da fábrica de biodiesel Darcy Ribeiro, de resto já em funcionamento, nem a ordem de serviço para a reconstrução da BR-135. Montes Claros, nos últimos dias, está nos principais jornais e telejornais do país, como palco de decisões importantes e até mesmo de um embate que está mais para a Batalha de Itararé do que para a realidade política dos dias que correm. Ou alguém imagina que é todo santo dia que alguma cidade, à exceção de Brasília, está no foco do noticiário e pode hospedar, mesmo que por um só dia, tanta gente com tamanho poder de decisão?
De sorte que Montes Claros voltou a brilhar nessa última segunda-feira. O evento patrocinado pela Prefeitura da cidade, pelo Governo estadual e pelo Governo federal fez Montes Claros viver um momento de grande intensidade, coisa que não acontecia, de fato, há muito tempo. E como em outros momentos, os visitantes puderam ser contemplados com a dança e a musicalidade do grupo Banzé e com a voz genuinamente sertaneja do eterno vaqueiro Nivaldo Maciel no seu inconfundível toque do aboio.
O fato de a ministra Dilma e o governador Aécio estarem juntos, a um só tempo, num evento de tamanhas proporções pode estimular especulações, mas não sustenta formulações do tipo quem ganhou ou quem perdeu. Ninguém ganhou ou perdeu nada. Até porque ninguém estava ali para ganhar ou perder qualquer coisa. No máximo, a cidade ganhou projeção e alguns benefícios, mas em troca perdeu, por algumas horas, a sua madorna de uma segunda-feira de outono com temperatura de verão. Nada mais, nada menos.
A ministra Dilma Rousseff e o governador Aécio Neves, para não falar no ministro Patrus Ananias e no vice-governador Antônio Anastasia, ambos presentes e bastante desenvoltos, não perderam nem ganharam nada além do que normalmente ganha quem anfitriona espetáculo de tamanha grandeza ou quem dele participa com destaque, caso de Aécio e Dilma. É verdade, como soe acontecer, que havia claques de ambos os lados, tanto para vaiar como para aplaudir. Assim como Dilma e Aécio cumpriram o seu papel, cada um à sua maneira. Aécio mais desenvolto, mais à vontade, digamos, o que lhe é característico. Dilma esforçando-se para manter sua imagem colada à do presidente Lula. Ambos, no entanto, tiveram dois momentos abaixo do que deles se pode esperar, considerando-os postulantes ao cargo maior da nação. Aécio lendo discurso, num palco político. Dilma também lendo anotações, mas com visível falta de emoção, carente de comunicabilidade. É de se esperar mais dos dois, mesmo que não se queira ver no encontro de ambos, em Montes Claros, uma disputa por espaço e muito menos por votos. A disputa de Aécio, por enquanto, é com José Serra em busca de espaço no PSDB. Já a da ministra Dilma Rousseff, novamente mineirizada, é com ela mesma, na sua ainda falta de jeito para se dirigir à população, coisa, no entanto, que se corrige com alguns treinos. A destacar, o empenho dela para fazer o dever de casa.

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