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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Em defesa do biodiesel de mamona Adriano Souto (*)- Jornal ´Hoje em Dia´ Não tenho procuração para defender o Governo federal, mas é uma completa sandice afirmar que a construção, pela Petrobras, da usina de biodiesel em Montes Claros seria eleitoral, como se viu publicado na Imprensa. A usina, que leva o nome de Darcy Ribeiro, um dos filhos mais ilustres desta cidade do Norte de Minas, imortal da Academia Brasileira de Letras, ao lado de Ciro dos Anjos, é apenas a terceira construída pela Petrobras - as outras duas estão em Candeias, na Bahia, município da Grande Salvador, perto do polo petroquímico de Camaçari; e em Quixadá, no sertão central do Ceará, a aproximadamente 160 quilômetros de Fortaleza. As três usinas, conforme publicou o HOJE EM DIA, vão produzir 170 milhões de litros de biodiesel por ano. Portanto, ao se fazer pouco caso da usina de Montes Claros estaria se criticando também as da Bahia e do Ceará. Além disso, afirmar que “Montes Claros é uma localização logística claramente desastrosa” é subestimar o leitor. Montes Claros é o segundo entroncamento rodoviário do país, perdendo apenas para Feira de Santana, na Bahia. De lá se vai a qualquer lugar do Brasil. E é um atalho para quem vem do Nordeste em direção ao Triângulo Mineiro, Oeste de São Paulo, Goiás, Brasília e Mato Grosso. Concordo que a decisão de produzir biodiesel foi política, mas não eleitoreira, como alguns querem sustentar. Como também foi política, no Governo militar, a decisão de produzir álcool combustível, hoje chamado de etanol. O biodiesel deve custar caro para a Petrobras, mas o mesmo aconteceu com o álcool décadas atrás. Lembro até da experiência de se produzir álcool de mandioca, realizada aqui do lado, em Curvelo. Porém, já no final da década de 1980, 95% dos carros fabricados no Brasil tinham motores a álcool. Depois, a própria Petrobras se recusou a continuar arcando com o subsídio ao álcool e o programa quase acabou. Até que voltou com força total após o início da fabricação de veículos com motores flex. Estes que hoje criticam o biodiesel de mamona são os mesmos que aplicam montanhas de dinheiro para produzir álcool, embora o combustível não esteja, com a crise, vivendo sua melhor fase. As usinas gastam pelo menos 65 centavos para produzir um litro de álcool, mas só conseguem comercializá-lo a menos de 50 centavos. As que podem dão prioridade para o açúcar, que está com preço melhor. E nem por isso ninguém chama os usineiros de malucos. Hoje, o biodiesel precisa de ser subsidiado, como o álcool necessitou no Governo militar. Porém, se lá trás o país não começasse a desenvolver aquela tecnologia, hoje não seria uma autoridade na matéria, reconhecido mundialmente. A ideia de produzir biodiesel, seja da mamona, do pinhão manso, do coquinho de babaçu ou até do pequi, representa muito para Montes Claros, Candeias e Quixadá, três municípios do Polígono das Secas. Por quê? Porque vai dar emprego para o homem do campo. Aposto com quem quiser que o subsídio para criar emprego no Norte de Minas custa muito menos do que para manter o retirante da seca na grande favela do Jardim Terezópolis, vizinha da Fiat, em Betim. Mamona, realmente, cresce em qualquer lote de Montes Claros. É uma praga como a seca, o desemprego e a falta de perspectiva de vida. Só mesmo o flagelado da seca sabe o valor que uma usina como esta, da Petrobras. Se a Petrobras não está fazendo o dever de casa, isso é apenas um detalhe. Com o tempo, tendo preço, o sertanejo vai produzir o que a Petrobras quiser. Se for para comprar prensas para extrair o óleo, ele vai fazer como com o leite, hoje resfriado em milhares de tanques comunitários. O mesmo pode valer para o óleo de mamona ou outro fruto que seja praga em todo o Polígono das Secas. A frase de Lula - “vamos fazer biodiesel da mamona e resgatar a pobreza do semiárido” - tem tudo para dar certo, apesar dos que por ventura tenham investimentos energéticos na região e que estejam interessados em detonar a maior conquista do norte-mineiro nos últimos anos. (*) Adriano Souto é editor-adjunto de Política

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