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Mensagem: No rol da suspeiçãoManoel Hygino - Transcrito do jornal ´Hoje em Dia´, de 12/04/09Leio principais manchetes dos jornais em março findo. Procuro boas notícias. Leio “desemprego no Brasil sobe em fevereiro e atinge 8,5%, a maior taxa desde abril do ano passado”; “em sua quarta queda consecutiva, o emprego na indústria brasileira caiu 1,3% em janeiro”; “inadimplência dos consumidores aumentou 8,6% nos dois primeiros meses do ano”.“Crise já atingiu o consumo das famílias no Brasil, queda de 2% no último trimestre de 2008 é a pior desde 2003”; “Grupo Rima para fabricas em Capitão Enéias e Várzea da Palma e deixa 3.200 sem trabalho”; “estudo aponta classe média brasileira como a segunda mais tributada entre cinco países da América do Sul”.O homem que trabalha por aqui é um sofredor, pagando os mais altos tributos entre todos os países e não recebendo os benefícios correspondentes. E os que não precisariam mais trabalhar, os aposentados, são obrigados ao labor diário, se não quiserem passar fome.O Brasil é um país que paga mal aos seus trabalhadores. Daí o soldado de polícia ser coagido a fazer bico como vigilante noturno e os de outras profissões se desdobrarem como reparador hidráulico, elétrico, desentupidor de redes de esgoto, mecânico, tudo enfim que se pensar.Manter a sobrevivência e a família é um esforço de todos os dias. E haja meio para pagar luz, água, telefone, artigos escolares, coisas assim. E o gás de cozinha? E os medicamentos? E o transporte coletivo?Os que tapeiam, que surrupiam, que desviam, que embolsam dinheiros alheios, os malfeitores, os narcotraficantes, os corruptos, os de mau caráter e os sem caráter, os ladrões de pequeno, médio ou grande porte, de colarinho branco ou sem ele, os apadrinhados, os protegidos, os beneficiários do nepotismo histórico instalado no país, são os que levam vantagens e aproveitam.Há uma crise imensurada ainda, internacional, que a todos afeta e inquieta. Mas há também a outra – da falta de lisura, de descompromisso com o bem comum, de desonestidade, que envolve o homem incorrupto, atirado no balaio de gatos em que se misturam os fora-da-lei, de toda procedência, nível e natureza.Os recursos se perdem no ralo da insensatez, da irresponsabilidade, da incompetência, das fraudes, da delinquência e do crime, resultando perniciosamente para o cidadão e para o país. Em consequência, padecem os homens de bem, confirmando o pensamento de que os justos pagam pelos pecadores.Mais do que nunca, há necessidade de uma tomada nacional de consciência. A crise passará, mas a omissão diante dos desacertos e descaminhos não se solucionará senão mediante uma verdadeira cruzada, que envolva os cidadãos que querem uma nação próspera e feliz.A baixa credibilidade no sistema político que praticamos é responsável pelo pessimismo que habita entre nós. A velha escola do “rouba mas faz” ainda conta com inúmeros prosélitos em nosso meio. A sucessão de escândalos envolvendo autoridades de vários escalões e grupos cuidadosamente montados para enricar, em detrimento do interesse nacional, se demonstra em todas as edições dos jornais e noticiários das tevês e rádios.Lamentavelmente a não punição dos culpados por formidáveis golpes, praticados contra os cofres públicos e os cidadãos continua, estimulando os desonestos, os dilapidadores de dinheiros alheios e os aproveitadores de oportunidades.Encoraja o homem de bem saber que se identificam agora delinquentes, presos diariamente, mas diariamente libertados, por força do dispositivos legais que parecem estabelecidos para servir ao crime e ao criminoso. A autoridade policial de hoje ou o severo juiz que conquista a simpatia e o apoio dos brasileiros, de uma hora para outra surge no rol da suspeição. A quê e a quem interessa a política de desnorteamento da consciência nacional?No tempo de Hamlet, dir-se-ia: há algo de podre no reino da Dinamarca. Entre nós, o que dizer da degradação e da putrefação?
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