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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Coisas do Sertão “Já é-vem à chuva”
Seu Pedro (*)

Depois que homem inventou que rezar a Deus depende de ladainhas, como se não bastasse dizer ao Pai a palavra mais sintética de todos os agradecimentos; obrigado, são horas debulhando rosários pelas rezadeiras que cismam em ter pecados, com diz um poeta, mas que bom que fazem! O obrigado cabe em tudo. No agradecimento pelo perdão concedido, pelo momento feliz que estamos vivendo, e pelo agradecimento antecipado ao que de bom acontecerá.
No sertão, onde há uma tradição de seca, haja quem faça, por imitação da “dança da chuva” dos índios, a “reza da chuva”, onde as mãos subindo e descendo, o corpo se ajoelhando e levantando, e as vezes até ensaiando alguns movimentos ao redor de si, só querem água, vinda do céu. Ai as rezas se alongam da nave das igrejas, ao alto dos campanários, são rezas pedindo para chover no Sertão.
Ate ateu reza com medo de passar sede. Há casos de velhas senhoras, e alguns senhores também, que entram na igreja com o terço na mão e ao fim da missa continuam rezando no caminho de por vezes se abrigam embaixo de árvores para fugir do sol escaldante, mas sempre pedindo chuva torrencial. (É engraçado o que escalda é a chuva e o que torra é o sol!) Ali não estão pedindo somente para eles. A chuva é de interesse difuso, seja de todos!
Bem, mas agora vem o mais interessante, é que Deus de ouvidos abertos fecha o céu com nuvens, cinzas em prenuncio de chuvas. O camelô nas esquinas e as lojas de R$ 1,99 começam a vender guarda-chuvas de R$ 10,00s, e os vendem em cachoeira antes mesmo do primeiro pingo. E quando a chuva é-vem todos correm e se escondem dela, os que têm abrem seus guarda-chuvas, e os demais se protegem com capas, dentro de lojas ou embaixo das marquises. O que me leva a perguntar por que rezaram tanto? Até parece que não querem receber o presente de Deus!

(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda Bahia, impresso e virtual, nascido no Rio de Janeiro, mas se considera um sertanejo pelos seus quase vinte anos convivendo com secas, rezas e chuvas!

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