Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.
Clique aqui para exibir os comentários
Os dados aqui preenchidos serão exibidos. Todos os campos são obrigatórios
Mensagem: Viagem pelas Ruas de Montes Claros em noite de Coroação.Raquel Souto Chaves“ Maio chegou, mãe querida, mês de santa devoção...”Chegou o mês de maio e, com ele, chegaram as coroações de Maria, o frio e o dia das mães... Mães de leite, mães de sangue, mães negras, mães do coração, mãe Bá, mães de criação, mães avós.Retomo a minha viagem pelas ruas de Montes Claros, saindo do jardim da casa da minha vó, Nininha, na Avenida Coronel Prates, onde acabo de colher as últimas rosas para ofertar a Nossa Senhora, na primeira coroação da noite. Vestida de anjo da cor azul, tecido de cetim, casa de abelha, nas costas asas de penas alvinhas, nas mãos a cestinha de pétalas de rosas, na cabeça coroa de miçangas; sob os olhares atentos da minha vó, minha mãe e de Regina, descemos a Rua Gonçalves Figueira. A primeira parada é na casa de Padre Dudu, que nos aguarda na varanda. – Ninha de Deus! olha o avançado da hora. Vamos logo que os fiéis me aguardam para a celebração. Descendo a rua de paralelepípedos, seguimos pelo beco Dona Eva, onde mora Renée Caldeira e Ailce, que nos acompanham para assistir a coroação. Defronte a sua casa, fica a Rua Hermenegildo Chaves. Aqui, na esquina, a de Geralda Freire, um pouquinho adiante do lado direito de quem desce, a casa de tia Joaninha Souto, que já se encontra na Matriz tocando o sino, convidando o povo para a coroação que vai começar ás 18 horas. Especialmente nessa noite, estou em estado de graça. Em pé, na parte mais alta do altar, fico na ponta dos pés sobre um banquinho de madeira para conseguir coroar Nossa Senhora. – Filha faz bonito. Não se mexa, senão vai cair daí. Solta a voz. Fica atenta que irmã Rosita (minha professora de educação artística no Colégio Imaculada Conceição) te observa daquele banco ali - recomenda minha mãe. Abro o peito e: “Mãezinha do céu eu não sei rezar, só sei repetir, eu quero te amar. Azul é teu manto, branco é teu véu. Mãezinha eu quero te ver lá no céu...” A matriz repleta de anjos exala paz. O cheiro de incenso inebria a parte velha da cidade, em festa. Do lado de fora da igreja nos despedimos de dona Duduca, Grayce Quintino, Diná, Geninha, Diomar, Maria Durães, Naninha, Ditinha, Nair Machado, Umbelina e Aidee Caldeira, Zezé Queiroz, Mariazinha, Raimunda Santana e tantas outras da Arquiconfraria das Mães Cristãs e do Apostolado da Oração. Descendo a rua, somos cumprimentados por Landes e Netinha Tolentino, que estão sentados na varanda de sua casa. No princípio da rua Filomeno Ribeiro, numa roda de conversa, estão: Dr. Ubaldino Assis com a esposa Nilcea Veloso, Letícia sua irmã e Neide Veloso. No principio da Rua Belo Horizonte esquina com Coronel Joaquim Costa, os feirantes montados em carroças chegam para entregar mercadorias vindas da roça para exposição e venda, amanhã, no Mercado Central. Na galeria foi inaugurada a Super Loja 23. Em frente, um eletricista testa as luzes para a inauguração do Jóia Supermercados. Apressados para a segunda coroação da noite, chegamos à Catedral. – Corre Quela que a coração vai começar. Sussurra minha avó ao pé do ouvido. Desta vez estou acomodada no segundo degrau da escada para depositar, aos pés de Nossa Senhora, as palmas. “Pelas horas matutinas, fomos colher estas flores, mimosas cheias de odores, pelos bosques e campinas...”.De volta para casa com a sola dos pés doendo, em conseqüência do sapato novo de verniz, tomo um bom banho e um copo de leite gelado. Desejo boa noite a todos, deito-me, e o filme torna a passar na minha cabecinha. Mais uma vez me vejo coroando: “ Nunca, mudassem nunca estes caminhos. Que quando maio vem, vestem-se de flores. Nesta alegria idílica dos ninhos. Neste milagre de perfume e flores...”.
Trocar letrasDigite as letras que aparecem na imagem acima