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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 1 de novembro de 2024
 

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Mensagem: GÔDA PORRETA
Como a crônica é um gênero polimorfo e tem como matéria prima o tempo em que se busca o significado do efêmero e do fragmentário, como nos relata Antonio Maria, diante da tragédia da vida, o humor é a solução, vamos falar do notável Gôda Porreta.
Biótipo Mignone, branco caucasiano, cabelos fartos, nariz adunco, gestos calmos e andar compassado, um olhar entre contemplativo e levemente observador, às vezes chega a parecer um sensitivo em transe. Faz lembrar um tipo turco desses urbanizados das ruas e vielas de Ankara, na Turquia.
1961, prestes a inaugurar e iniciar as atividades do Hotel Nacional na Novacap, para fazer os testes de seleção como garçom do comentado cinco estrelas, partiram cinco candidatos de Montes Claros. Chegaram a recém-inaugurada Brasília, a Capital Federal: Gôda, Tone Gaiato, Belém, Bené e Vicente.
O teste exigia além da prática de salão o conhecimento de forno e fogão. Muito embora o único da turma que falava inglês fosse o Tone Gaiato, o Gôda foi o escolhido pelo seu conhecimento e prática de forno e fogão. É um mestre cuca de mão cheia!
Voltando à terra de Figueira, Gôda exerceu além da atividade de garçom, a de cupier, bookmaker e abriu o seu indefectível e famoso Velório´s Bar, localizado à rua Irmã Beata, centro, nos fundos da Santa Casa e estrategicamente em frente à à área de velórios da funerária do hospital, ao lado do Pronto Socorro.
Mestre do trocadilho e do raciocínio rápido, Gôda, mordido pela mosca do amor, uma tarde, encontrava-se bebendo uma vodka na mesa do seu próprio bar, para aplacar o estresse, quando entrou o ministro Walfrido dos Mares Guia que, vindo de um velório naquela tarde quente de agosto, solicitou um copo com água.
Gôda, embora solícito e agradecido pela presença da autoridade, continuou sentado à sua mesa e convidou o visitante ilustre para tomar uma vodka com ele. Walfrido, agradecido, informou ao Gôda que não bebia destilado. Gôda, na sua verve curraleira, respondeu na bucha: então passa para o lado de dentro do balcão!
Doutas feitas, menores bebiam cerveja na mesa do seu bar, quando Nonato Pampa chega e o chamando à parte adverte: Gôda, vender bebida para menores é crime! Dá cadeia!Eram adolescentes entre 16 e 18 anos de idade. Após um sorriso amarelo e já fazendo boca de muxoxo, detona: se eles podem votar e eleger o Presidente da República, podem também encher a cara!
Como bem relata Zezinha Cambista: Gôda é rasgado! Ele não manda para o bispo, nem para a lua ou a Ursa Maior Um dia, chega ao estabelecimento um cabo eleitoral e pergunta em quem o Gôda votaria na eleição da urbe. O mestre do trocadilho responde: Voto no Humberto. Prefiro Jairo preso e Humberto Solto...
Outra boa história do Gôda já contada na imprensa local, dá conta de que estando fechado o seu bar com uma placa por motivo luto, na porta, o seu irmão Tuca Porreta o procura para saber o motivo. Após encontrá-lo, indaga e o Gôda responde: Gente importante quando morre o comércio fecha as portas de luto. Estou de luto pelo aniversário da morte de papai.
Gôda conversa com um amigo quando o mesmo indaga: Gôda, quantos irmãos vivos você tem? Ele responde em cima do pedido: só Tuca Porreta! O amigo retruca: e os outros irmãos seus? Ele responde: são pobres. O único vivo é Tuca, pois está milionário...
Ildeu chega ao Velórios Bar e da conta para Gôda de um acidente ocorrido, no qual um menino, seu vizinho, quando brincava em cima de um muro, que arriou e caiu em cima do garoto e conforme relata Ildeu, não pediu nem água!
Gôda, na hora, responde: Talvez ele não estivesse com sede!

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