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Mensagem: O nó do ensinoManoel Hygino- Jornal ´Hoje em Dia´Foi em 28 de maio. Os jornais deste país advertiram para o problema do ensino. A “Folha de São Paulo” titulou matéria: “Censo aponta formação deficiente de professores”; “O Globo”, do Rio: “MEC - 382 mil professores não poderiam dar aulas; “Zero Hora”, de Porto Alegre: “Censo revela deficiente formação de professores”.Os dados são mais minuciosos: dos 685.025 professores de 1ª a 4ª série do ensino fundamental no Brasil, somente 50,1% têm formação adequada, ou seja, graduação em pedagogia. Os dados são de estudo baseado no Censo Escolar da Educação Básica de 2007. Fora da formação mínima, estão 12,7% dos docentes que cursaram apenas o ensino fundamental, o ensino médio ou uma formação superior sem licenciatura. Considerando a formação da educação básica, os docentes com formação superior com licenciatura são 61,7%.Novidade?Nem tanto. Num país que paga tão mal os salários de seus cidadãos, não é exceção o que acontece com o magistério, a quem compete a delicada missão de orientar os primeiros passos de nossas crianças e ensinar-lhes o básico.No interior, para levar ensinamentos a escolas geralmente em condições precárias, a mestra se vê obrigada a deslocar-se, às vezes, quilômetros, ao estabelecimento, a que ocorrem meninos e meninas que também a pé se deslocam de seus lares. Os números e as estatísticas não retratam o sacrifício dessas mulheres que recebem tão baixos salários. Nem se poderia exigir delas que se formassem em pedagogia, deixassem as cidades maiores e as capitais, para dar lições em recônditas regiões às crianças por um pouco de mel coado.Não estou só nesta posição. Um outro dia, a conterrânea Ruth Tupinambá Graça confessava revolta pelo descaso, pela maneira como os governos tratam as professoras, principalmente as de primeiro grau. Entristece-lhe sentir as humilhações a que são submetidas, mal remuneradas, sem esperança de melhora.Incontestável quanto trabalham numa sala com 45, ou mais, alunos de todas as idades, tipos, raças e cores, procurando incutir-lhes o amor ao próximo, a lealdade, a dignidade e o bom caráter da pessoa humana, enfim a cidadania em sua plenitude.Antigamente, havia greves, nas capitais, pelo atraso no pagamento do salário dessas sacrificadas criaturas. A minguada remuneração demorava meses para chegar ao longínquo rincão. Antigamente, não existia a Delegacia de Ensino e o pagamento demorava, porque os atestados de frequência tinham de ir à Secretaria de Educação. O salário só era efetivamente liberado depois de publicação do respectivo ato no “Minas Gerais”.Demorava até um ano, registra Ruth Tupinambá, também professora. Para sobreviver, as mestras trocavam os atestados de frequência com comerciantes ou procuradores, recebendo com desconto. Era uma espécie de cheque ao portador.Não houve mais atraso a partir do Governo Magalhães Pinto, embora se tivesse de enfrentar filas enormes. Houve, então, um repúdio aos governadores, agredido por uma professora na Rua da Bahia, armada de sombrinha.Com Aécio, o pagamento está em dia, nas datas agendadas, mas o problema do magistério não está resolvido. Falta muito ainda para amparar essas criaturas, que tanto se empenham para, em anonimato, ajudar a construir um país saudável e digno.Elas merecem especial atenção, porque atuam num meio presentemente influenciado pela violência, pela corrupção, pelas drogas. A professora diz mais: “Graças a elas, muitas crianças se salvam e chegam a adolescentes equilibrados conseguindo alcançar a faculdade, seguindo melhores destinos, porque sabemos que o curso primário é a base para a instrução, o primeiro degrau da escada para se chegar e galgar o topo vitorioso”.
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