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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 1 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O gás de Minas

Manuel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´

Com aproximadamente 354.800 km2, a Bacia do São Francisco abrange partes dos estados de Minas, Bahia, Goiás, Tocantins e Distrito Federal. Em Minas, são quase 89 mil km2, compreendendo o polígono Buritis, Paracatu, Pirapora e Januária.
Quanto a hidrocarbonatos, a Bacia era praticamente inexplorada, mas alguns estudos geológicos foram realizados nas quatro décadas mais recentes. Poços exploratórios foram locados, em 1989 e 1990, dois dos quais em Minas – em Remanso do Fogo e Montalvânia, que, perfurados – mostravam indícios significativos de gás.
O gás emana naturalmente, servindo para moradores da região aquecerem suas comidas com o calor que flui das profundezas da terra. Todo mundo sabia, mas ninguém, nos altos escalões da República, parecia querer acreditar e explorar riqueza.
Décadas se passaram, sempre na esperança, enquanto a população aguardava melhorias em sua condição de viver. Nada. Vozes autorizadas e técnicos indicavam a necessidade de perfurar para explorar o bem natural e pô-lo a serviço das populações menos afortunadas de extensas regiões mineiras.
Enquanto não se aproveitava o gás, o Brasil suportava as pressões e desafios da Bolívia, de onde provinha a maior quantidade de produto. La Paz impunha condições inaceitáveis, repercutindo politicamente, quando Brasília não precisava sofrer descabidas propostas bolivianas. A invasão e apropriação de instalações da Petrobras demonstraram suficientemente que o Governo da Bolívia queria fugir a normas contratuais vigentes e apelar para medidas de força. E o gás brasileiro permanecia inútil nas entranhas da terra mineira, em detrimento do Brasil.
Daqui, algumas vezes, insistimos na necessidade de despertar a consciência das autoridades à mobilização para extrair aquilo com que a natureza brindou o território e fazê-lo benéfico a expressivo segmentos do interior brasileiro, antes que partam para as grandes cidades, nelas avolumando os problemas locais.
Jornal de São Paulo publicou, recentemente, que o presidente da República prepara o anúncio da descoberta de duas grandes reservas no Brasil. A do Norte de Minas, de gás, e a segunda, de gás e petróleo, no Acre. Do ponto de vista econômico, as novas reservas serão divulgadas como uma espécie de meio para o Brasil se livrar de dependência do gás boliviano.
Já escrevi muito a respeito, defendo esta posição do Governo brasileiro e da Petrobras. O gás do Norte-mineiro serve até ao populário regional. Há décadas, a região sabe de existência de abundantes manifestações de gás na margem esquerda do São Francisco, no Noroeste de Minas, sobretudo na área de Buritizeiro, extenso município cuja sede fica de frente a Pirapora, tradicional ponto de início de navegação do rio de unidade nacional.
Tudo é sabido e consabido, mas somente agora o interesse foi despertado. Se fora antes, não teria o país mandado tantos dólares para a Bolívia e evitado essas arestas com a nação vizinha, que pouco se preocupa com a solidariedade brasileira em muitas oportunidades.
A descoberta servirá para tentar impedir ou pelo menos adiar o início das atividades da CPI da Petrobras, que presentemente assombra a base aliada no Senado. Esta preparou a documentação sobre a exploração de petróleo na camada pré-sal e a divulgação sobre as reservas para arrefecer o ímpeto das iniciativas visando a CPI. Só se confia em que a questão política não retarde mais a programação das pesquisas em Minas. Há muitos e muitos milhares de mineira na expectativa.
A intenção é mandar em agosto ao Congresso a proposta de mudanças nas regras para exploração de hidrocarbonetos. Seria o caso de perguntar, como Cícero, no Senado Romano: “Até quando abusarás de nossa paciência?”

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