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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: AS FESTAS JUNINAS

José Prates

Estamos no período das festas juninas que na maioria dos lugares, não acontecem como antigamente porque hoje não é possível acontecerem daquele jeito. Muitos lugares que eram vilas tornaram-se cidades; onde já era cidade tomou foros de metrópole; o lampião a querosene virou lâmpada elétrica e os Zezinhos com suas escadas para acenderem os velhos lampiões, desapareceram na aposentadoria, substituídos pelo pessoal das centrais elétricas. Automóveis, ônibus e caminhões tomaram conta das ruas, sem dar lugar para mais nada. Com tudo isto, onde vão armar fogueira? No tempo antigo, na véspera do dia de São João, em frente a cada casa de ruas enfeitadas, havia uma fogueira acesa e o povo sentado em cadeiras nas calçadas, comia canjica ou assava batata doce, guloseima da garotada inocente que corria de um lado pro outro, soltando bombinhas. O céu ficava cheio de balões que ninguém proibia. Era dia de fazer compadre e batizar menino, saltando fogueira: um “tição” era tirado e colocado na rua para o ritual de “batizados” e “fazer compadres” que era feito pulando de um lado para o outro, esse pau em brasa. Enquanto isto, sob os olhares dos pais, as moças casadoiras passeavam de mãos dadas com os namorados, pretensos maridos. De mãos dadas, o máximo de liberdade que era permitido. Enquanto isto, na Praça da Igreja empenhava-se a guerra de espadas, fazendo todo mundo correr pra livrar-se da ameaça dos rojões lançados pelos contendores. Essas brincadeiras iam até o amanhecer.
As festividades juninas com fogueiras é uma tradição européia, trazida para o Brasil pelos colonizadores portugueses. A origem dessa festa que ainda hoje é comum em parte da Europa como Portugal, Finlândia e França, não tem uma origem perfeitamente definida. Uma das versões consta como parte de uma antiga tradição pagã de celebrar o inicio do verão. Outra versão é apresentada na forma de cristianização do evento, como tendo sido um acordo entre Isabel e Maria para avisar sobre o nascimento de João Batista, Isabel acenderia uma fogueira sobre um monte. Esses festejos trazidos pelos portugueses, aos poucos foram se misturando aos hábitos e costumes dos brasileiros, tomando características próprias de cada região, passando a ser chamada de festas juninas.
Essas tradições sobreviveram ao tempo e se consolidaram fortemente nas pequenas e médias cidades do norte e nordeste do Brasil. Não são mantidos integralmente os mesmos costumes e as mesmas disposições das festas antigas, pelas dificuldades e exigências de nossos dias integrados ao desenvolvimento tecnológico. Entretanto, como uma contribuição valiosa na construção dos costumes regionais, os símbolos como as fogueiras e as quadrilhas, as comidas de milho e coco e a queima de fogos, continuam na região nordestina.
Ainda hoje, nos lugares onde ha festa junina, a fogueira é o traço comum que une todas as festas de São João. Ninguém entende uma festa junina sem fogueira. É um hábito que vem de longe. No nordeste do país, sobretudo no interior e nas cidades de médio porte, nas noites de Santo Antônio, São João e São Pedro as famílias ainda se juntam ao redor do fogo para criar motivos de convivência e confraternização. É o momento de assar o milho, soltar fogos, dançar quadrilha, fazer simpatias e brincadeiras. É o costume, é a tradição.


(José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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