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Mensagem: Pergunta sem respostas Roberto Elísio Profissão polêmica pela própria natureza da atividade, o jornalismo é hoje assunto em pauta para muitas discussões, com a decisão do Supremo Tribunal Federal de extinguir a exigência do diploma para o seu exercício. Como é inevitável em análises desse tipo, a divergência de pontos de vista predomina. Muitos - ou a grande maioria - são contra o fim da exigência. Outros o aplaudem com firmeza, sob o argumento de que todo e qualquer cidadão - desde que razoavelmente alfabetizado - tem direito à liberdade de expressão, tanto oral como por escrito. Entendem que o jornalismo, antes de ser meramente uma profissão, representa uma vocação, um dom natural. Na edição da última terça-feira deste HOJE EM DIA, o professor de Direito Antônio Álvares da Silva - que é também um mestre do bom-senso - fez formal condenação à inexigência do diploma, alinhando uma série de razões que, segundo seu juízo, tornam indispensável a obrigatoriedade daquele documento legal. Destaca que os conhecimentos fundamentais para a prática do bom jornalismo “só se colhem nas Faculdades, que são o manancial do saber puro, independente, descompromissado, holístico e completo”. E acrescenta que o fim da exigência “banalizou a profissão”. Há controvérsias. Basta lembrar que os profissionais mais famosos da história da imprensa brasileira não possuíam diplomas, até porque em um passado não tão distante, simplesmente não existiam cursos do ramo. Eram diplomados figuras como Assis Chateaubriand, Irineu Marinho, Júlio de Mesquita, David Nasser, Joel Silveira, José Leal, Carlos Castelo Branco, Geraldo Teixeira da Costa e tantos outros que alcançaram renome inclusive internacional como jornalistas? Ainda assim, os jornais - como demonstram estatísticas baseada no tamanho da população - eram comprovadamente bem mais lidos do que atualmente. Em termos proporcionais, é claro. Jornalista completo não era aquele que detinha um diploma, mas quem sabia efetivamente escrever, dotado do senso da notícia e de cultura geral, esta sim, indispensável a este tipo de atividade profissional. É esta cultura geral que tornou célebre a conversa entre o diretor de jornal paulista e um talentosíssimo editorialista em meados do século passado. Às vésperas do Natal, recebendo do seu superior a incumbência de redigir um editorial sobre Jesus Cristo, ele fez uma única pergunta: “Contra ou a favor”? Contou-me há dias um recém-formado jornalista que os cursos da profissão não incluem história, nem literatura. Pode? O saudoso Hermegildo Chaves, considerado um dos melhores textos da imprensa mineira de todos os tempos, ficou estarrecido quando se tornaram obrigatórios os diplomas: “Jornalismo é como poesia. Alguém ensina alguém a ser poeta?” A indagação continua sem resposta.
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