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Mensagem: CENÁRIO DE INCERTEZAS * Marcelo Eduardo Freitas Na história recente de nossa república, creio, o Brasil jamais passou por fase de tamanha desconfiança e incerteza quanto ao que pode nos acontecer enquanto nação, termo este que possui um forte conteúdo emocional e que teve origem no momento em que os povos europeus almejavam a formação de unidades políticas dotadas de solidez e estabilidade, possibilitando a cessação do constante estado de guerra que vigorava na época. O artifício de se empregar referida terminologia, que deveria deflagrar reações emocionais no povo, objetivava afastar do poder os monarcas, responsáveis diretos pelas guerras intermináveis e, por outro lado, possibilitava à burguesia a tomada do poder político. Em um dado momento histórico, deu certo! Na combalida nação brasileira, são sucessivas as descobertas de desvios de todas as nuances, encrustadas nas mais altas esferas de poder. Chega a desanimar até mesmo o mais entusiasta dos mortais. É crise que não se acaba mais! Há, por outro lado, registro, um ponto positivo em todo o infortúnio que nos importuna: as instituições, ainda que de forma compulsória, como em um parto a fórceps, estão atuando no mais elevado limite de suas forças, já que não há espaço para omissões de quaisquer ordens. Ocorre que chegará o tempo em que não se poderá fazer mais, sob pena de se comprometer os limites de desempenho de cada órgão. O povo, elemento humano do Estado que mantêm um vínculo jurídico-político com o país, pelo qual se tornam parte integrante deste, é quem deve assumir as rédeas de toda a situação periclitante que a todos nós tem assombrado. É bíblico: Felizes são aqueles que não viram nem ouviram. Os brasileiros estamos, assim, a ver e ouvir, em alto e bom som, que as coisas andam mal. E parece que perceberam a gravidade dos acontecimentos: em meio aos recentes desdobramentos da Operação Lava Jato, imediatamente após a prisão do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, e simultaneamente às prisões do senador Delcídio do Amaral, do PT/MS, e do banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual, o instituto Datafolha realizou pesquisa a fim de ouvir a opinião dos brasileiros sobre o principal problema do país. A pesquisa mostrou, pela primeira vez na história, a corrupção como o principal problema da nação, na opinião dos brasileiros. O assunto aparece com mais do que o dobro de apontamentos que o segundo colocado nas pesquisas: a saúde. Consigna-se, aqui, que os levantamentos começaram a ser realizados no ano de 1996, período em que o emprego, ou sua falta, era considerado o principal fator de preocupação de nossa sociedade. A corrupção é o maior mal que uma nação pode ter. Dela advém todos os problemas de desigualdade social, má prestação de serviços de saúde, educação e segurança para a população, o não investimento em pesquisas visando o desenvolvimento da nação, o não investimento empresarial com vistas ao crescimento econômico do país, a manutenção de um sistema político de autobeneficiamento dos parlamentares, entre outros. Um país corrupto não tem futuro! Para quem acreditou que a conjuntura não iria piorar, mormente no período pós-pesquisa, acima referida, registro que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal cumpriram na manhã do último dia 15 de dezembro mandado de busca e apreensão na residência oficial do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em Brasília. A PF também cumpriu mandados na casa e no escritório do peemedebista no Rio de Janeiro e na Diretoria Geral da Câmara dos Deputados. A ação, batizada de Catilinárias, em referência ao discurso de Marco Tulio Cícero, em Roma, 63 a.C, como forma de reação às pretensões de Lúcio Sérgio Catilina, acusado de planejar um golpe para derrubar a República, teve uma estrondosa repercussão nos corredores de ambas as casas do Congresso Nacional. Vê-se, deste modo, que muito ainda há por ser feito. O cenário é de incertezas. Mas acredito que o povo está percebendo a gravidade da situação. Estamos quase conseguindo! Mas o problema talvez resida no quase... Como diria Sarah Westphal, ´ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono... Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência. Porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu´. E que venha 2016! (*) Delegado de Polícia Federal e Professor da Academia Nacional de Polícia
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